Desde a antiguidade, a música foi utilizada como instrumento que auxilia o ser humano a progredir em todas as suas dimensões. Mas foi no papado de Gregório Magno que a Igreja incluiu a utilização da música nas liturgias, introduzindo o Canto Gregoriano ou “cantochão”. Daí por diante, o canto foi assumido como elemento importante na cultura religiosa católica. Leia MaisMedite as 7 dores de Maria de Santo Afonso Entenda o sentido da Semana Santa
Já na época em que viveu Santo Afonso de Ligório, havia uma grande produção musical. O fundador da Congregação do Santíssimo Redentor compreendeu a importância e o poder da arte musical para aprimorar seu trabalho evangelizador: ele utilizou a música e o canto no seu trabalho pastoral.
Além de outras habilidades artísticas, Afonso de Ligório também foi um músico exímio. Compôs muitas músicas, entre elas “Tu Scendi Dalle Stelle”, tão conhecida música natalina europeia. Mas, entre suas composições destaca-se a “Cantata dela Passione” (Cantata da Paixão), também conhecida como o “Dueto de Santo Afonso”.
Analisando rapidamente a poesia da obra, vemos que a Introdução apresenta um encontro entre Jesus que carrega a Cruz para o Calvário e a alma (o ser humano), indignada com a injusta condenação do seu Mestre que caminha para a morte na cruz após sua condenação. Em seguida vem o Recitativo, uma repreensão a Pilatos, o “juiz iníquo” que, mesmo sabendo da inocência de Jesus, O condenou a morrer como um “bandido”.
Depois de um interlúdio (trecho musical que tem a função de separar uma parte da outra; intervalo), começa-se o Dueto propriamente dito. Acontece aí, o diálogo entre a Alma e Jesus: "Onde? Onde vais, Jesus?" Ao que ele responde: “Eu vou morrer por ti”.
Segue-se um diálogo inquietante em que a Alma expressa sua dor e indignação, seu desejo de seguir Jesus para morrer com Ele; Jesus devolve-lhe sempre palavras confortadoras: “Fica em paz e entende o amor com que te amo; e após a minha morte, recorda-te de mim”. Ao final, o diálogo expressa amor, ternura, intimidade e conforto intensos entre os dois personagens:
Alma: Sim, meu Senhor, meu Bem, meu coração entrego; e tudo que eu sou, tudo te dou, meu rei!
Jesus: Dá o coração inteiro.
Alma: Meu coração entrego; entrego!
Jesus: Conserva-me tua fé.
Alma: Sou toda, sou tua, sou tua, meu Rei!
Jesus: Conserva-me tua fé!
A “Cantata dela Passione” (Canto da Paixão) tem como estrutura uma Introdução, um Recitativo, um Interlúdio e um dueto de vozes, um diálogo entre a alma e Jesus Cristo. Santo Afonso compôs o “Dueto” para Coro e Orquestra.
Embora ele tenha composto muitas músicas para a catequese com os pobres de Nápoles, esta composição apresenta um estilo diferenciado por se tratar de uma peça erudita, que estava ao alcance apenas dos nobres frequentadores da sociedade. Como sabemos, a música era privilégio para poucos. Com suas obras musicais, Afonso atinge os fiéis da nobreza italiana, também merecedor da salvação.
Uma característica importante nas expressões de Santo Afonso: embora seja uma composição refinada como requer a música clássica, a linguagem é acessível a todos os públicos.
O “Dueto de Santo Afonso” foi executado pela primeira vez em 16 de março de 1760 na Confraria dos Peregrinos, em Nápoles.
Abaixo, confira o texto da obra:
RECITATIVO
cometida contra Jesus.)
Repreensão dirigida a Pilatos:
DUETO
(A alma discípula encontra-se com Jesus na saída para o Calvário. Acontece, então, o diálogo exposto neste dueto.)
(bis)
Obra consultada: Santo, Poeta e Músico, Afonso Maria de Ligório, de autoria de João José Ferreira, Editora Santuário, p. 12 e 104.
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