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Beato redentorista recebe santuário em sua memória

"Bispo da Igreja do Silêncio" ficou conhecido por sua persistência em sua trajetória missionária, mesmo diante da perseguição soviética

Escrito por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R.

12 JUL 2024 - 16H07 (Atualizada em 12 JUL 2024 - 16H58)

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A cada ano, no dia 27 de junho, a Igreja e a Congregação recordam a memória dos beatos mártires redentoristas ucranianos, que foram beatificados pelo Papa João Paulo II, em 27 de junho de 2001. Entre eles está o Beato Basílio (Vasyl Velychkovsky), cujas relíquias estão na Igreja São José, em Winnipeg.  

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Pouco antes de sua festa, os bispos da Conferência Episcopal do Canadá elevaram a igreja onde estão os seus restos mortais à condição de Santuário Nacional.

O Beato Basílio permaneceu fiel a Jesus Cristo por toda a sua vida, se transformando num grande intercessor para todos nós. Seu santuário, mais do que nunca, se transforma num lugar de bênçãos e graças, e ele leva as nossas orações até Deus.

Em nossa imaginação, quando falamos de santuário nacional, logo pensamos numa grande igreja que acolhe milhares de pessoas, como em Aparecida (SP). Mas é importante recordar que em outros países, onde os católicos não são maioria na população, como é o caso do Canadá, a concepção de Santuário pode ser diferente. Pensa-se em santuário como um lugar santo, onde as graças de Deus podem ser concedidas com maior abundância, e não tanto pela quantidade de pessoas que nele se reúnem.

Bispo e mártir redentorista

O Beato Basílio (Vasyl Velychkovskyi) nasceu em Ivano-Frrankivsk, na Ucrânia, em 1903. Depois de realizar seus estudos, no dia 29 de agosto de 1925, professou os votos de pobreza, castidade e obediência na Congregação Redentorista. Foi ordenado sacerdote imediatamente após terminar o noviciado, no dia 9 de outubro do mesmo ano.

Desde o começo de sua vida na Congregação, seus superiores notaram o seu talento missionário. Ele realizou uma intensa atividade apostólica, apesar da perseguição contra a Igreja greco-católica ucraniana. Continuou sua atividade apostólica mesmo durante a primeira ocupação soviética, entre setembro de 1939 e junho de 1941.

No dia 26 de julho de 1945, o Pe. Basílio foi preso em Ternopil acusado de “propaganda antissoviética”. Durante o interrogatório, ofereceram-lhe a opção de entrar para a Igreja Ortodoxa Russa em troca da liberdade, mas ele não aceitou.

Nos três meses que aguardou sua execução, dedicou-se ao cuidado pastoral dos companheiros de prisão. Sua pena foi então comutada para dez anos de prisão. Perto do final do outono de 1945, no entanto, um longo período de trabalhos forçados começou para ele em vários campos de concentração. Mesmo assim ele celebrava a liturgia em segredo todos os dias.

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Bispos da Conferência Episcopal do Canadá elevaram a igreja à condição de Santuário Nacional


Os dez anos de vida nos campos de concentração comprometeram seriamente a sua saúde, mas conseguiu sobreviver e, libertado em 1955, regressou a Lviv, onde continuou a exercer clandestinamente a sua atividade pastoral, porque o país estava dominado pela União Soviética.

Em 1959, recebeu da Santa Sé a nomeação como “Bispo da Igreja do Silêncio”, mas a persistência da perseguição fez com que sua consagração episcopal acontecesse apenas em 1963, num quarto de hotel, em Moscou.

Em 2 de janeiro de 1969 foi preso novamente e condenado a três anos de prisão, mas depois de alguns meses foi solto por sofrer de graves problemas cardíacos. Não podendo voltar à Lviv, viajou primeiro para Roma e depois, por pouco tempo, para a Iugoslávia.

Em 15 de junho de 1972, viajou para Winnipeg, no Canadá, onde existe uma grande colônia ucraniana, sobretudo no oeste do país. Lá ele veio a falecer em 30 de junho de 1973, aos setenta anos. Uma testemunha revelou que, após sua morte, os médicos comprovaram que o santo bispo havia recebido uma substância venenosa de ação lenta antes de sua partida, para que a morte pudesse parecer natural.

Em 6 de abril de 2001, a Comissão teológica reconheceu o fato do martírio do bispo Basílio; a 23 de abril seu martírio foi comprovado pela Assembleia dos Cardeais e a 24 de abril de 2001 o Santo Padre o Papa João Paulo II assinou o decreto de sua beatificação como bem-aventurado mártir da fé cristã.

E agora, reconhecendo sua missão e a heroicidade de suas virtudes, a Conferência Canadense eleva a igreja que acolhe seus restos mortais à condição de Santuário Nacional.

.:: Ação missionária dos Redentoristas do Canadá junto aos povos indígenas

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