Toda vocação é um dom de Deus. Frente ao chamamento que o Senhor nos faz, cabe-nos uma resposta. Somos livres para eleger o que responder. Há, porém, uma verdade: escutando o chamado e respondendo afirmativamente a ele, a pessoa é feliz.
“A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão de toda sua pessoa ao saber que Cristo o chama por seu nome (cf. Jo 10,3)”. (Doc. Aparecida, 136).
O vocacionado ao sacerdócio é, portanto, uma pessoa chamada. Ninguém se atribui essa missão, mas tem a consciência de ser um eleito pela misericórdia de Deus. Não por seus próprios méritos, mas por pura expressão do amor do Senhor, é tirado do meio do povo e constituído pastor para que, retornando ao povo, fale das coisas de Deus. Ter essa consciência é fundamental para que o sacerdote não se julgue superior aos demais, mas faça-se deles um servidor, testemunha da misericórdia e anunciador – com palavras e vida – da palavra da salvação.
O bom pastor procura, busca e
guia suas ovelhas.(Cf. Ez 34, 11-16)
O sacerdote é pastor. Talvez essa comparação fale pouco aos nossos jovens e à nossa realidade, majoritariamente urbana. Mas a imagem permanece válida: ser pastor significa viver para cuidar e, até mesmo, dar a vida por aqueles que são cuidados. Ser pastor significa fazer o que fez Jesus, o Bom Pastor: abaixou-se, fez-se servo, lavou os pés, curou as feridas, tocou na necessidade do povo, humilhou-se a si mesmo, despojou-se de tudo, tomou a cruz, deu a vida para dar-nos a vida.
O simples fato de ser sacerdote faz com que o eleito torne-se alguém que experimenta a misericórdia. Mas não é chamado a somente experimentar em sua vida, mas a tornar-se servidor dessa mesma misericórdia, para que todos os que dele se aproximarem possam se sentir envolvidos por esse mesmo amor de Deus.
O sacerdote é servidor da misericórdia quando pratica as obras de misericórdia corporal e espiritual, mas o é por excelência quando se coloca como ministro do perdão de Deus. “Neste sacramento todos os homens podem experimentar de modo singular a misericórdia, isto é, aquele amor que é mais forte que o pecado”. (Dives in Misericordia, 81).
Como ministros da misericórdia, o sacerdote deve condenar o pecado, dizer a verdade e denunciar o mal. Mas ao mesmo tempo deve abraçar o pecador que se reconhece como tal, aproximar-se dele e falar com ele sobre a misericórdia infinita de Deus. E Deus faz festa para acolher um filho que retorna!
Pe. Renan Rangel
Arquidiocese de Aparecida (SP)
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