Notícias

IA: nem inteligente, nem artificial

Inteligência artificial pode tornar-se uma oportunidade para a comunicação dos valores humanos e cristãos, mas exige um uso seguro e responsável

Escrito por Ir. Diego Joaquim, C.Ss.R.

30 AGO 2024 - 15H34 (Atualizada em 30 AGO 2024 - 17H01)

Shutterstock

Um avanço tecnológico que torna realidade aquilo que só víamos em filmes de ficção científica. A inteligência artificial (IA) já faz parte do cotidiano das pessoas: seja no aplicativo que calcula a rota de sua viagem, ou mesmo aquele que organiza a fila de atendimento no banco. Ou ainda aquele que auxilia o pedido de um lanche, ou mesmo quando mostra ofertas de um produto que você gosta em sua rede social, mesmo sem você pedir. Leia MaisApelo da Igreja para ética da inteligência artificial recebe novos aliadosInteligência artificial e analfabetismo funcional

O que é IA?

Ela surgiu por volta de 1943, quando Warren McCulloch e Walter Pitts criaram o primeiro modelo computacional para redes neurais. A expressão “inteligência artificial”, no entanto, só surgiu em 1956. Seu desenvolvimento está ligado, portanto, ao desenvolvimento da computação, e essa tecnologia avançou muito nos últimos dois anos. A tendência é que ela se torne cada vez mais eficiente, visto os altos investimentos nesse sentido.

E a questão que se faz agora é: as capacidades humanas poderão ser alcançadas por essa tecnologia? De acordo com o professor Marcelo Alves, do departamento de comunicação da PUC-Rio, ao menos até agora, essa expectativa não foi alcançada. Em uma palestra durante o Mutirão de Comunicação da Arquidiocese de Goiânia, em 4 de maio passado, ele procurou responder às perguntas fundamentais que existem a respeito dessa tecnologia.

Shutterstock
Shutterstock
No meio acadêmico, entende-se que a expressão "Inteligência Artificial" é equivocada


“É preciso entender o que é a IA e o que se pode fazer com ela. Muita gente se pergunta: ela vai tomar o emprego das pessoas? Qual sua relação com o mundo do trabalho? O que é possível afirmar é que não podemos ser tão otimistas nem tão pessimistas quanto à IA, declarou o professor.

Mas uma coisa é certa: ao menos até agora, as capacidades humanas não foram alcançadas pela tecnologia. E é provável que nem possam. Por isso, no meio acadêmico se entende que estamos usando conceitos errados, já que a IA não é inteligente nem artificial.

“Os modelos matemáticos não estão desenvolvendo cognição ou processando, compreendendo informações. Eles não estão aprendendo. Eles estão acumulando informações. Ela não é afetiva ou empática. É, portanto, um paralelo inadequado e limitado. E ela não é também artificial: ela é “treinada”, programada por pessoas, com seus interesses e suas necessidades. Ela não é, portanto, autônoma, explicou Marcelo.

Assim, conhecendo seus limites, é preciso ter responsabilidade no uso da ferramenta. Há vários softwares que possibilitam o uso de ferramentas de IA para encontrar informações, produzir textos, imagens. No entanto, o ser humano precisa “corrigir” o que ela apresenta.

A reflexão do Papa

O avanço da IA fez com que o Papa Francisco propusesse o tema para a reflexão no ambiente eclesial. Na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2024, lembrou que “os avanços tecnológicos que não conduzem a uma melhoria da qualidade de vida da humanidade inteira nunca poderão ser considerados um verdadeiro progresso.

E apresentou um apelo à comunidade internacional para que se adote “um tratado internacional vinculativo, que regule o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial em suas variadas formas”

Shutterstock
Shutterstock
Expressão "Inteligência artificial foi utilizada pela primeira vez em 1956


Na última mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, Francisco refletiu sobre a influência que o avanço da tecnologia tem sobre as novas gerações em sua vida, sua lógica de tempo, suas relações com as pessoas.

O pontífice lembrou que é preciso olhar a realidade com o coração, para que façamos o uso da tecnologia a serviço da vida, da solidariedade e da comunhão. Dessa forma, a IA pode tornar-se uma oportunidade para a comunicação dos valores humanos e cristãos, e exige, portanto, o uso seguro e responsável.

IA e meio ambiente

A informação que mais impressiona sobre a IA são as consequências ambientais de seu uso. Segundo o professor Marcelo Alves, o uso de energia para manter a tecnologia funcionando consome muitos recursos naturais.

“As informações não estão nas nuvens. Existem verdadeiras ‘fazendas’ em diferentes lugares do planeta que hospedam supercomputadores que estão funcionando com consumo energético altíssimo”. E para resfriar o calor gerado por essas supermáquinas, milhões de litros de água, na proporção de uma garrafa d’água para cada pergunta ao ChatGPT. Sendo assim, pense bem quando for fazer uso dessa tecnologia.

.:: Confira os destaques da última edição da revista “Focus Provincialis” ::.

Fonte: Texto escrito originalmente para a revista "Focus Provincialis"

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Ir. Diego Joaquim, C.Ss.R., em Notícias

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...