No campo da Teologia Moral, dedico minhas forças há muitos anos e me pergunto sobre as repercussões que a experiência dessa pandemia global pode - ou deveria - trazer para nós.
Faço essas repercussões, a partir de uma reflexão guiada pela soma de desejos e a visão de um futuro próximo, talvez por preferências inatas às tabelas morais, sintetizei a soma de desejos e prognósticos em dez pontos.
:: Os Redentoristas e a Teologia Moral
1. Consciência da vulnerabilidade
Ao longo dos últimos 50 anos, trabalhamos para incorporar na Teologia Moral o princípio da autonomia do sujeito. Sem abandonar essa orientação básica, é necessário enriquecê-la com uma consciência explícita da condição vulnerável do sujeito autônomo. Sei que essa orientação vem ganhando espaço no campo da bioética. É necessário estendê-la a toda a Teologia Moral.
2. Pensar e agir com uma responsabilidade compartilhada com todos os seres humanos
Foi um avanço humano tornar-se consciente da responsabilidade individual. Mas precisamos fazer mais progressos: a responsabilidade deve ser compartilhada por todos os seres humanos, porque a mesma coisa diz respeito a todos.
3. Governança em escala global
Da responsabilidade compartilhada globalmente, estruturas e instituições devem aparecer em escala global. É necessário construir uma governança mundial justa e eficiente, como a doutrina social da Igreja Católica nos pede.
4. Princípio da precaução
Não inicie nada se você não tiver conhecimento nem controle de seus possíveis efeitos. Esse princípio postula políticas de vigilância e controle em escala global. Crescimento por crescimento (ciência por ciência) é uma inclinação escorregadia em direção ao abismo da aniquilação.
5. A emergência já é um horizonte inevitável para a responsabilidade humana
Isso implica a obrigação de estar preparado coletivamente para responder adequadamente a emergências específicas. Até agora, a única emergência que costumava ter uma resposta preparada é a guerra. Seria melhor terminar esse tipo de prontidão, preparando-se para outras emergências em potencial.
6. Ciência e tecnologia devem ser valorizadas pela perspectiva dos serviços
Tendo superado os mitos do cientificismo e do tecnicismo, a ciência e a tecnologia reais devem recuperar sua função salvadora: em vez de "forjar espadas", devem sustentar e promover o bem-estar da humanidade no sentido pleno de "saúde".
7. Nova matemática ética dos bens humanos
Sem eliminar a propriedade privada, devemos construir bens públicos fortes e eficazes (saúde, educação, cultura, etc.). Além disso, ao tomar decisões políticas, o valor de cada pessoa (qualquer que seja seu status e idade) deve prevalecer sobre outras considerações, incluindo as de natureza econômica.
8. Nova parceria com a natureza
A alegação de que a próxima crise, se realmente acontecer, provavelmente será uma emergência ecológica, não carece de credibilidade. A conversão ecológica, seguindo os ensinamentos do Papa Francisco, é um imperativo ético de primeira ordem.
:: Uma compreensão sobre o “pecado ecológico”
9. Um socioambiente humanista e a opção preferencial pelos pobres
Sem essas duas opções, um mundo habitável não pode ser construído. Precisamos sempre lembrar que a etimologia da palavra ética vem de êthos, termo da língua Grega que se refere a um lugar habitável.
10. Fraqueza e até ineficiência de prescrições religiosas
A pandemia nos fez ver a ineficiência da religião quando ela tenta supor uma explicação científica e fazer dali uma prescrição moral. Há algum tempo, venho sugerindo que as ações religiosas não devem ser entendidas simplesmente como prescrições morais, mas antes de tudo como atitudes que inspirem as práticas.
:: Série especial traz ensinamentos de Santo Afonso a partir da Teologia Moral
Fonte: CSSR News com tradução adaptada, contribuição do padre Márcio Fabri, C.Ss.R.
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