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Padre redentorista fala sobre a missão do Beato Donders no Suriname

Escrito por Elisangela Cavalheiro

14 JAN 2021 - 12H46 (Atualizada em 15 JAN 2021 - 08H24)

Arquivo pessoal

A espiritualidade do Beato Pedro Donders é de profunda fé, grande simplicidade e um incondicional amor pelos pobres e doentes. A frase de São Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20), resume muito bem a vida deste missionário redentorista. Cristo viveu por meio deste modesto apóstolo missionário que passava quase despercebido, mas que, por esta mesma simplicidade, pode nos desafiar, seduzir e inspirar ainda hoje.

Pedro Donders se comprometeu tão fortemente com o Senhor e seu reino, o que podemos ver no depoimento de um de seus companheiros em 30 de outubro de 1884:

“Nenhuma tarefa é grande demais para ele, nenhuma privação penosa demais, quando existe a possibilidade de fazer algo para a glória de Deus e para a salvação das almas. Assim, não passa um dia sem que ele vá visitar os enfermos e inválidos do bairro”.

Pedro Donders foi um missionário redentorista holandês que partiu para o Suriname, na América do Sul, ainda como padre diocesano. Ele professou os votos na Congregação do Santíssimo Redentor somente 26 anos depois, tanto por vocação como para continuar sua missão junto daquele povo. Por quarenta e quatro anos ele pregou o Evangelho nessas regiões tropicais para alcançar os distantes, especialmente os índios e os escravos negros, entre eles, muitos que sofreram com a hanseníase. Por cerca de trinta anos ele foi um apóstolo incansável dos leprosos. Ele morreu uma morte sagrada, em Batávia, no Suriname, no dia 14 de janeiro de 1887.

Atualmente no Suriname, a memória do beato Pedro Donders continua alcançando muitas pessoas e sendo perpetuada através também da presença de inúmeros missionários redentoristas que ali permanecem até hoje junto desse povo.

Entre esses missionários, o padre Ricardo de Carvalho, C.Ss.R., que pertence à Província de São Paulo, vive há alguns anos no país. Ele conversou com o A12 por telefone e contou um pouco mais sobre como o beato é modelo de defensor da dignidade da pessoa humana, do cuidado que ele sempre teve com os doentes e seu incansável ardor evangelizador.

fast_forward Ouça o depoimento na íntegra ou leia abaixo:

“Pedro Donders tem uma história muito significativa. Perdeu a mãe muito cedo e teve que ajudar o seu pai, mas em seu coração sempre ardia o desejo de ser padre e de ser um missionário. Houve uma possibilidade deste grande homem vir trabalhar no Suriname, antiga Guiana Holandesa. E chegando aqui, ele se dedicou zelosamente, ardorosamente. Como padre diocesano, foi trabalhar no lugar onde ficavam as pessoas doentes e contaminadas com a hanseníase em um vilarejo chamado Batávia”, assinala padre Ricardo.

Veja algumas fotos do padre Ricardo no Suriname:


A presença do beato entre essas pessoas foi como um bálsamo em suas vidas já feridas pela exclusão. Pedro Donders chegou ao país quando já existia o que ficou conhecido como o “grande confinamento”, que de 1812 a 1946, separou as pessoas portadoras de hanseníase em colônias distantes das cidades.

“Lá ele foi cuidando dessas pessoas abandonadas, pessoas normalmente provenientes das lavouras, negros, índios que adoeciam e também ficavam naquele lugar, ou seja, pessoas que a sociedade e o tempo do beato Pedro Donders não queriam ver e ele ia cuidando dessas pessoas e amando”, conta o missionário.

Quando o padre Pedro Donders conheceu os Missionários Redentoristas ele compartilhou sua experiência na causa dos mais abandonados. “Quando ele olhava para aqueles rostos doentes, para aqueles rostos sofridos pela discriminação ele também reconhecia o rosto do Redentor”, reflete padre Ricardo.

Após a sua morte em 1887, a sua fama de santidade continua e “esse homem que tinha o seu nome gravado no coração dos homens e das mulheres mais simples, começou a dar frutos. As pessoas começaram a comentar e compartilhar as experiências que haviam feito com ele e sobre a maneira como ele as acolhia, respeitava e cuidava de suas feridas, tanto feridas corporais como feridas espirituais e psíquicas”.

Leia MaisBeato redentorista ficou “confinado” com leprosos durante 27 anosCom o Beato Pedro Donders no Suriname6 curiosidades do beato redentorista que viveu entre leprososDescubra quem são os santos e beatos redentoristas Beato Pedro Donders: solidariedade e compaixão em favor dos irmãosO exemplo do beato, segundo padre Ricardo, também deve nos inspirar nos dias atuais. “A relevância da missão do Apóstolo do Suriname, do beato Pedro Donders para os nossos dias ela é muito grande. A nossa sociedade vive em face de grandes sofrimentos dos quais o olhar de Jesus vai curando, cicatrizando e este olhar é dado mediante o respeito, o cuidado e a amorosidade que nós encontramos na vida do beato Pedro Donders”, indica.

Na atualidade, no Suriname, ele é carinhosamente lembrado pelo povo e é festejado pela Igreja daquele país como Apóstolo, tanto que os seus restos mortais estão enterrados na Catedral de Paramaribo e lá é sempre venerado e respeitado. “Muitas pessoas passam diante do seu túmulo dia a dia e pedem a sua proteção e o seu cuidado, pois sentem naquele homem simples que se preocupava com essencial que era amar o outro, respeitar o outro, que era continuar o Redentor”, completa o padre.

Na vida deste santo homem também teve lugar a capacidade de ser próximo de várias culturas e religiões. “Seu testemunho se destaca porque ele soube conviver com o diferente, com esta pluralidade religiosa e também cultural. Capacidade esta que nós devemos ter em nosso tempo para romper com as polarizações”, ressalta o religioso.

Ao finalizar, padre Ricardo enfatiza que da vida do beato Pedro Donders devemos seguir sua humildade, compaixão e cuidado. “Desta forma nós iremos verdadeiramente instaurar o reino de Deus em nosso meio, podendo amar mais e transformar o mundo ferido em um mundo de paz, esperança e amor”.


Fonte: Com informações do site CSSR News.

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