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Padre Vítor Coelho e seu discurso pelos direitos humanos

Apóstolo de Aparecida não hesitou, em plena ditadura militar, em lembrar os direitos que estavam sendo desrespeitados

Escrito por Elisangela Cavalheiro

10 DEZ 2024 - 11H51 (Atualizada em 11 DEZ 2024 - 08H29)

Comissão para o Patrimônio Histórico - CSSR

Padre Vítor Coelho de Almeida tinha um grande amor para com os pobres, sentimento que nutriu com a espiritualidade e o carisma de sua congregação e seu fundador Santo Afonso. Leia MaisPadre Vítor Coelho: Missionário de Nossa SenhoraPadre Vítor Coelho e a memória redentorista em Sacramento (MG)Relembre canção em homenagem ao Padre Vítor Coelho de Almeida

Seu ministério foi marcado fortemente pela conscientização dos fiéis diante das questões sociais e pela promoção da pessoa humana. Tanta foi a preocupação do Padre Vítor com os “mais abandonados” que sua luta ganhou um registro histórico em plena ditadura brasileira.

Padre Vítor era um religioso destemido e animado por seu ardor missionário, herdado dos primeiros redentoristas alemães. Padre Júlio Brustolonitambém redentorista, falecido em 2017, escreveu grande parte da documentação do processo de beatificação do Padre Vítor e cita em seu livro “Vida de Padre Vítor Coelho”, esse modo de evangelizar principalmente através da Rádio Aparecida.

“Seu empenho maior na promoção humana e justiça social, se deu na Rádio Aparecida. Ele comentou todos os documentos sociais da Igreja e procurou conscientizar os radiouvintes sobre o assunto. Embora moderado, nem por isso deixou de combater violentamente as injustiças sociais. Ele costumava traduzir em linguagem popular todos os documentos”, escreveu o missionário.

Essa forma de falar para o povo foi outra marca de seu ministério, e junto com seu desejo de tornar a população consciente de seus direitos, o fez um grande portador de uma palavra necessária para o seu tempo. E por isso, Padre Vítor não hesitou, em plena ditadura militar no Brasil, de lembrar os direitos que estavam sendo desrespeitados com o autoritarismo durante o regime militar. 

Esse fato ocorreu no ano de 1969, quando Padre Vítor fazia a leitura objetiva e clara da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A simples ação do missionário causou a indignação de certo coronel da revolução, que mandou fechar e lacrar a Rádio Aparecida por 24 horas.

Confira o áudio do programa onde padre Vítor lê um trecho da Declaração:

Em sua pregação, Padre Vítor tocava diretamente os direitos trabalhistas, denunciando “salários de fome”. E não só isso: ele orientava os trabalhadores a se unirem em cooperativas e executar seu trabalho com responsabilidade.

“Caríssimos, os ponteiros apontam para o infinito! Boas festas! Hoje o Papa quer que pensemos na paz. Ele nos lembra de que os direitos do homem, solenemente proclamados pela humanidade, são a base da paz. Assim, se não observarmos os direitos do homem, não haverá paz no mundo. Cheguei até o artigo dezoito e hoje eu quero continuar essa leitura. Se os direitos dos homens forem observados, respeitados, haverá paz”, diz outro trecho do programa apresentado pelo padre Vítor.

Declaração — A proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos foi feita no dia 10 de dezembro de 1948, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, para ser amplamente divulgada e explicada, nas escolas e em outras instituições educacionais, sem distinção nenhuma que fosse baseada na situação política ou econômica dos Países ou Estados.

Ir. José Mauro Maciel, C.Ss.R.
Historiador da Província

Rádio em Décadas 

Em 2021, a Rádio Aparecida preparou uma entrevista especial sobre a censura imposta à Rádio Aparecida, com o discurso do Padre Vítor Coelho de Almeida.

No especial, Padre Inácio Medeiros entrevista Irmão Maciel, que tem grande conhecimento sobre a vida de Padre Vítor, Frei Betto, que viveu intensamente a ditadura e o jornalista e escritor, Mário Magalhães, autor do livro “Marighella: O Guerrilheiro que incendiou o mundo”

fast_forward  Conheça toda a história de vida do Padre Vítor Coelho de Almeida


Fonte: Informações históricas retiradas do livro "Vida de Padre Vítor Coelho", de padre Júlio Brustoloni.

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