Os primeiros redentoristas que formaram comunidade no Estado de São Paulo vieram da Baviera, na Alemanha. O grupo era formado por 13 membros e tinha duplo destino: parte iria para Aparecida e parte para Goiás. Leia Mais5 fatos marianos que marcaram a vinda dos pioneiros redentoristasMemória: 130 anos da chegada dos Missionários Redentoristas em AparecidaRedentoristas se reúnem em Aparecida (SP) para a 1ª Assembleia Provincial
Os pioneiros alemães aportaram no Rio de Janeiro no dia 21 de outubro de 1894. Ficaram até o dia 24 na cidade, e depois tomaram o trem rumo a São Paulo.
Vieram a pedido do bispo de Goiás, Dom Eduardo Duarte da Silva, e do bispo coadjutor de São Paulo, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti. Entretanto, não se aventuravam em terras brasileiras apenas por intrepidez missionária mas também, respondendo criativamente às dificuldades vividas em sua terra natal, como nos narra o primeiro cronista de Aparecida, Pe. Lourenço Gahr em outubro de 1894:
“Como nossa volta para a Baviera se prolongasse de ano para ano, nasceu o desejo de um campo de trabalho mais apropriado de uma missão no estrangeiro. Esta aspiração foi levada para o novo Superior Geral, Pe. Matias Raus, durante o Capítulo Geral de 1894, que aprovou com muita alegria” (cf. BRUSTOLONI, J. J. Vol. 1. 1997, p. 69).
Os missionários bávaros iniciaram seus trabalhos em Aparecida no dia 28 de outubro de 1894 e em 12 de dezembro de 1894, em Campininhas, Goiás.
Entretanto, como era a vida e a atividade apostólica dos Missionários Redentoristas na Baviera? É justamente isto que iremos contar daqui para a frente! Uma reflexão bastante interessante sobre a chegada dos pioneiros alemães a Aparecida.
Até meados do século XIX a Congregação Redentorista, por questões políticas, estava organizada em apenas três departamentos, as casas do Reino de Nápoles (sul da Itália), a casa nos Estados Pontifícios (norte da Itália) e as casas fora da Itália na Europa Central (parcela da Congregação conhecida como transalpina), decorrentes da tenaz insistência de São Clemente de implantar a Congregação para além dos Alpes.
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A situação mudou em 02 de julho de 1841, quando o Papa Gregório XVI dividiu a Congregação em províncias. Àquela época, em seis:
1) Romana: com as casas dos Estados Pontifícios;
2) Napolitana: casas do Reino de Nápoles até o Farol de Messina;
3) Siciliana: abrangendo as casas além do Farol de Messina;
4) Austríaca: casas da Áustria inferior, da Estíria, do Tirol, da Baviera, dos Estados Unidos e do ducado de Módena;
5) Belga: casas da Bélgica e da Holanda;
6) Helvética: casas da Suíça, da Alsácia e da Lorena (cf. MICHELOTTO, J. B. 1982, p. 77).
A organização da Congregação em províncias é de suma importância para a compreensão do seu rápido desenvolvimento mundial no século XIX. A Província da Áustria foi a responsável pela missão na Baviera, chamado à época como coração católico da Alemanha. Todavia, este não foi o primeiro contato dos austríacos com Altötting, pois, em 1826, um grupo de missionários redentoristas austríacos passou por lá a caminho de Lisboa, a fim de iniciarem a nova fundação de Portugal (cf. BRUSTOLONI, J. J. Vol. 1. 1997, p. 50).
O santuário mariano de Altötting foi o início da presença redentorista na Baviera. O grupo inicial enviado de Viena era composto por sete padres e quatro irmãos, sendo que o Pe. Francisco Ritter von Bruckmann fora nomeado como superior da missão. A nova fundação teve início canônico em 18 de abril de 1841.
“A 21 de abril os missionários iniciaram suas atividades recebendo a primeira grande romaria, e a 25 do mesmo mês, Padre Bruckmann fazia o primeiro grande sermão aos peregrinos. O trabalho no confessionário era intenso: pela manhã, das 5 às 12 horas; e à tarde, das 14:30 às 19 horas. A práxis do sacramento da penitência exercida pelos missionários austríacos era bem diferente daquela à qual os bávaros estavam acostumados. Os indiferentes e relaxados não apreciaram a pastoral mais rigorosa dos missionários austríacos”. (cf. BRUSTOLONI, J. J. Vol. 1. 1997, p. 51).
Além das atividades próprias do Santuário, os redentoristas na Baviera começaram a alcançar outros terrenos com a pregação de missões populares, embora limitadas pela política regalista, fundação de associações religiosas para leigos, promoção de encontros para casais e jovens e pregação de retiros para clérigos e leigos.
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Com a expulsão dos redentoristas da Áustria em 1848, por conta das revoluções liberais, a missão na Baviera cresceu em número de vocações e também se expandiu para outras casas além de Altötting. Assim, em 10 de janeiro de 1853 a missão bávara foi elevada a Província da Alemanha Superior, com a sede provincial em Altötting até o ano de 1862.
A situação política na Baviera não era das mais favoráveis às congregações religiosas a partir da segunda metade do século XIX. Movidos por um exagerado nacionalismo, com ideias liberais e anticlericais os políticos viam nas congregações internacionais um perigo para a soberania da nação. Os reinos independentes aos poucos foram sendo anexados ao recém-criado Império alemão, encabeçado pelo chanceler Oto von Bismarck, em 1871; foi o caso do Reino da Baviera.
A perseguição aos redentoristas alcançou o auge em 1873, com o decreto de expulsão. A 10 de julho um decreto do governo bávaro suprimia os conventos e banias os redentoristas, sendo que teria execução até o dia 01 de novembro de 1873.
Assim, dentro deste prazo, o decreto proibia aos padres toda atividade pastoral em igrejas e em escolas, não admitia a vida comunitária, mesmo que no mínimo de dois padres. Os irmãos não foram atingidos pelo decreto, fato que garantiu ao menos a posse de algumas casas no território quando o iminente exílio iniciasse aos padres (cf. BRUSTOLONI, J. J. Vol. 1. 1997, pp. 56-57).
O exílio foi terrível para a Província Bávara: alguns padres foram as províncias belga e holandesa, ou se mantiveram na Alemanha, mas, como padres seculares. No tocante ao futuro provincial, porém, parece ter sido mais acertada a decisão de permanecerem na fronteira austríaca, trabalhando em santuários; fato que gerou grande experiência no quotidiano do santuário e no trato com os romeiros.
Embora o número de confrades não tenha decrescido acentuadamente, as atividades pastorais foram drasticamente afetadas: aos poucos a missões tiveram que cessar e, mesmo com o retorno clandestino para as fundações que ainda estavam sob posse redentorista, as atividades resumiam-se, em 1892, a pregar retiros, confessar religiosas e auxiliar os párocos (seculares).
O término do exílio deu-se efetivamente em 19 de agosto de 1894, data em que foi publicado o decreto do Parlamento de Munique que removia o banimento dos redentoristas. “Dos 72 padres exilados em 1873, sobreviveram ainda 34, aos quais se juntaram mais 5 padres novos [...] a Província possuía 39 padres, 40 irmãos leigos professos, 18 irmãos leigos noviços, 12 clérigos professos, 13 noviços coristas” (cf. BRUSTOLONI, J. J. Vol. 1. 1997, p. 61).
Durante o período de reconstrução da Província Bávara, seguramente houve o desejo de retomar as atividades pastorais de Altötting, contudo, houve um imbróglio com os capuchinhos, administradores do Santuário desde a expulsão dos redentoristas em 1873, ou seja, não quiseram sair e, com isso, os redentoristas jamais voltaram para Altötting.
Todavia, a Virgem Negra de Altötting não sairia definitivamente da vida dos redentoristas, pois, chegados em Aparecida, certamente puderam reconhecer que a Santa Mãe de Deus acompanhava seus passos na nova terra de missão.
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