O ano de 2022 tem um significado muito especial na vida do povo da cidade de Potim-SP. Celebra-se os 250 anos do início a devoção ao Senhor Bom Jesus e os 45 anos da criação da Paróquia de Potim-SP.
À beira do Rio Paraíba do Sul, sobre o solo arenoso das terras de Guaratinguetá, nasce o povoado de Potim, recebendo os mesmos ventos que perpassavam pelo alto da igreja de nossa Senhora Aparecida (basílica histórica), onde a imagem da Senhora Aparecida já era venerada pelos seus fiéis. As duas datas não estão distantes uma da outra: em Aparecida, a imagem é encontrada em 1717; no Potim, em 1772, começa o culto ao Bom Jesus através de sua imagem.
O século XVIII foi marcado por grandes acontecimentos. No Vale do Paraíba, o que mais despontou foi o encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição por três pescadores. Passados alguns anos, em1772, Miguel Correia dos Ouros e sua esposa Isabel Pereira dos Ouros possuíam em sua casa uma imagem do Senhor Bom Jesus flagelado que viera de Portugal. Essa imagem é uma representação da cena em que Jesus é apresentado por Pilatos antes da crucificação (Cf. Jo.19,5). “Ecce homo” (Eis o homem).
Esse tipo de imagem já era comum na então capitania de São Paulo no século XVIII. Existem quatro santuários que têm imagens semelhantes à de Potim, mas em tamanho natural. São eles: Senhor Bom Jesus de Iguape, Senhor Bom Jesus dos Perdões e Senhor Bom Jesus de Pirapora. A imagem do Senhor Bom Jesus de Potim, mede 56 centímetros de altura, é de madeira pintada, fixada a um pedestal de nove centímetros.
A imagem do Bom Jesus é artisticamente bem esculpida para chamar a atenção dos fiéis. De tão perfeita, dá-se a impressão de estar diante do corpo de um homem de verdade. Essa é a imagem que a tradição popular guardou de todas as cenas da paixão de Jesus. É a cena mais tocante, a que mais impressiona. Um Deus ofendido, abandonado por seus amigos e seguidores, aparentemente fracassado em sua missão, torturado e condenado, calado diante daqueles que o acusavam, sem nada dizer em sua defesa. É a imagem do “servo de Deus que carrega sobre si o peso das dores de toda humanidade”, na visão do profeta Isaías (cf. Is 53). “Servo de Deus que carrega sobre si o peso das dores de toda humanidade” Isaías, Profeta
O casal, Miguel Correia dos Ouros e Isabel Pereira dos Ouros residia em sua fazenda que ficava perto do Rio Paraíba. Pouco se sabe sobre eles, pois não se encontram certidões religiosas, nem tampouco há vestígios se tiveram filhos ou deixaram descendência. A maioria das informações que se tem deles, vem pela tradição oral. Provavelmente, Miguel Correia dos Ouros era natural de São Paulo (capital), da família Zouro. Já sobre sua esposa, nenhuma informação foi encontrada.
O lugar onde o casal tinha a fazenda, posteriormente se povoou e com o progresso se tornou cidade. Distante dois quilômetros do centro de Aparecida, separado pelas águas do Rio Paraíba do Sul. A primeira capela foi construída em parte pelo processo de taipa pilão e o restante de pau-a-pique. Acredita-se que essa pequena capela tenha durado até a construção da atual, que foi levantada sobre a primeira, a partir de 1914, tendo sido concluída em 1924.
Um fato que marcou o povoado em 1911, foi a visita do ilustre bispo D. Epaminondas Nunes de Ávila, bispo da diocese de Taubaté. Ele incentivava em todos os povoados pelos quais passava fazendo a visita apostólica, a criação de Conferências de São Vicente, inclusive em Potim.
Festa em Ano Jubilar motiva fiéis à celebrar padroeiro com fervor Os Missionários Redentoristas, no afã de atender melhor a população católica do bairro de “Putin”, solicitaram a Dom Epaminondas autorização para construírem uma capela maior. Obtida a autorização, delegou-se ao Padre Antônio de Lisbôa Fischhaber, C.Ss.R. a tarefa de projetar e construir a nova capela do Senhor Bom Jesus. Atualmente, deste projeto restam apenas a torre e a anexa metade menor da atual igreja.
Depois da construção da segunda capela do Senhor Bom Jesus em Potim, a participação das pessoas nas celebrações e na vida pastoral, foi aumentando. Assim, foi percebendo-se a necessidade da Comunidade do Bairro de Potim se tornar Paróquia.
Os Missionários Redentoristas tiveram grande influência sobre o povo de Potim e na criação da Paróquia. Em 1951, por iniciativa do Pe. Humberto Jorge Rafaeli Pieroni, C.Ss.R. a Congregação Redentorista comprou a Fazenda Jataí, que foi adaptada para a formação dos futuros Irmãos Redentoristas. A fazenda recebeu o nome de Escola Agrícola e Profissional São Geraldo, que pretendia dar uma profissão aos futuros Irmãos Redentoristas. Eles deveriam sair dali com um ofício, tais como: sapateiro, carpinteiro, hortelão, sacristão, alfaiate, cozinheiro e outros serviços braçais que pudessem exercer na Congregação.
Até 1976, a capela de Potim pertenceu à Paróquia da cidade de Roseira, quando foi criada a Paróquia do Senhor Bom Jesus de Potim. O padre fundador da Congregação dos Oblatos de Cristo Sacerdote, Pe. Januário Baleeiro era o responsável pela capela de Potim, até que os Redentoristas assumissem de vez os trabalhos pastorais.
A Paróquia Senhor Bom Jesus foi criada em 28 de outubro de 1976 por Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta e instalada em 21 de novembro do mesmo ano, tendo como primeiro pároco, o Pe. José Augusto da Costa, C.Ss.R.
Atualmente a Paróquia de Potim é assistida pelos padres da Arquidiocese de Aparecida. O pároco Pe. Antonio Leonel, o Pe. Léo, está muito empenhado na animação e acompanhamento das pastorais e movimentos. Dentre tantos trabalhos realizados por ele, destaca-se a reforma da matriz, que ganhou novo visual, possibilitando um lugar acolhedor para o encontro da Comunidade. Também atua na paróquia, o Pe. Lauro Gonçalves, vigário paroquial, que dentre tantos trabalhos, acompanha as pastorais e realiza o atendimento dos fies.
A História de Potim está completamente unida à história e formação da fé cristã. Observando o desenvolvimento do município, suas conquistas e desafios, pode-se perceber que está muito presente a Piedade Popular. O povo se identifica com a imagem do Servo sofredor. Contempla nele seus próprios sofrimentos. Celebram a fé de uma forma simples e piedosa. Conseguem se achegar do Bom Jesus com esperança, buscando nele auxílio e força para vencerem as provações da vida. Jesus no caminho do Calvário, sofrendo até a morte, é consolo e alívio na dor do povo.
Para marcar este ano de festividades, a imagem do padroeiro visitou todas as comunidades paroquiais, possibilitando que os fiéis tivessem um momento de preparação e celebração para vivenciar o ano jubilar. O translado da imagem de uma comunidade para outra foi feito em carreata, percorrendo as ruas da cidade, onde a população rezada com fervor.
Que este Jubileu possa despertar o ardor missionário e reavivar o espirito de pertença pela comunidade, lugar do encontro e da vivência da Palavra do Bom Jesus que acompanha o peregrinar de seus devotos ao longo da história. Em Potim, é fervorosa a expressão devocional do povo sofredor, que se identifica com seu Senhor. Em memória agradecida, celebramos a ação de Deus no presente, preparando o futuro como campo fértil para a evangelização do povo potimense.
Daniel Augusto da Silva
Graduado em Teologia
Pesquisador da história de Potim
Graduando em Jornalismo
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