Como a maioria das congregações e ordens religiosas do ramo masculino, assim também a Congregação do Santíssimo Redentor conta, entre seus membros, com alguns que optam por receber o Sacramento da Ordem (padres) e com outros que doam suas vidas em favor do Evangelho como Irmãos Consagrados.
Porém, ambos se consagram a Deus através dos votos religiosos de obediência, pobreza e castidade, como nos é apresentado em nossa Constituição 55: “Por essa profissão, todos os Redentoristas são verdadeiramente missionários…”.
Embora muitos já conheçam de perto os Missionários Redentoristas, muito pouco nos é falado sobre como foi iniciada essa bonita caminhada dos “irmãos religiosos” dentro da Congregação.
São Geraldo Majella, por exemplo, é bastante conhecido por todos como um grande exemplo de santidade. Sabemos também que foi um “irmão missionário redentorista”. Todavia, quando ele ingressou na Congregação, lá já havia Irmãos. Mas, afinal, quem foi o primeiro “Irmão Redentorista”?
Para responder, iremos até a Itália, mais precisamente próximo ao Reino de Nápoles, berço de nossa Congregação.
Não se sabe o dia exato do seu nascimento, mas sabe-se que nasceu entre os anos de 1706 e 1707, na cidade de Acquaviva, na região de Bari, sul da Itália. Vindo de uma família bastante nobre e de riquezas, Vito era um homem dedicado, bacharel em direito, calígrafo e militar.
Além disso, ocupava uma posição bastante importante na hierarquia da sociedade local: era vice-marquês do Feudo dos Avalos. Santo Afonso recebera o título de barão e Vito era vice-marquês. Portanto, na hierarquia social, era mais importante que Afonso.
Como militar, tinha fama de ser bastante nervoso e esquentado, “de estopim curto”. Várias vezes quase perdeu a vida por causa desse seu temperamento. Devido à sua profissão, entendia muito bem de armas e espadas. Ele mesmo dizia a Santo Afonso, referindo-se à sua chegada na Congregação: “Nas mãos, em vez do crucifixo e do terço, eu tinha a pistola e o punhal”.
Uma pessoa bastante importante e que muito contribuiu para a história de vida e conversão de Vito foi o Padre César Sportelli, C.Ss.R. Como Vito cuidava das questões administrativas e jurídicas do Marquesado de Vasto, tinha bastante contato com César Sportelli que, na época, era o procurador-geral desse marquesado. Sendo conterrâneos, discutiam muitos assuntos sobre o trabalho, surgindo daí uma bonita e importante amizade.
Certa vez, Vito se dirige a Sportelli e diz a ele que tivera um sonho onde ele tentava a todo custo escalar um alto e áspero monte, no qual se encontravam vários padres. Porém, todas as tentativas de subir falhavam.
Eis que um daqueles padres, ao vê-lo, teve compaixão dele, e num bonito gesto, lhe dá a mão ajudando-o a subir.
:: Veja a história da Congregação em infográfico
Esse sonho realmente havia dado um novo sentido para a vida de Vito, que queria “fugir do mundo”, “entregar sua vida a Deus”. Após alguns dias, foi a Nápoles com Sportelli, mais precisamente em novembro de 1732.
Ao caminharem pela rua, eis que passa por eles o Padre Afonso de Ligório, que recentemente havia fundado uma Congregação Religiosa. Ao vê-lo, Vito diz a Sportelli: — “César, é ele! Foi este o padre que me deu a mão para subir o monte em meu sonho!”. Vito nunca tinha visto Afonso. “Coincidência ou Providência Divina?”
Ao ficar sabendo da fundação desse novo Instituto Religioso, Vito se interessou bastante e pediu que César o ajudasse a ingressar. Passados alguns dias, César passa a encontrar Vito sempre na Igreja fazendo suas orações, com bastante devoção, fé e esperança; realmente ele havia mudado de vida.
Após levar uma carta de Vito para o Pe. Afonso, César teve uma resposta positiva, dizendo que era para Vito comparecer em Scala, a fim de se encontrar com o Padre Afonso.
:: Scala: experiência fundante de Afonso
Vito chega a Scala no dia 18 de novembro de 1732, nove dias após a fundação da nova Congregação. Ao chegar, para testá-lo, Afonso pede-lhe que sirva à mesa, logo ele, um homem que em toda a vida se acostumara a ser servido. Parecia-lhe um absurdo, porém, ao ver que o próprio Padre Afonso, que era o superior, servia junto com ele, Vito absorve a lição e se põe a servir.
Na Congregação, Vito foi um excelente exemplo em tudo o que fez, principalmente em sua mudança radical de vida. Quem o conheceu antes, vendo-o agora, podia exclamar: “realmente era outro homem, um homem mudado.”
Nos jejuns e penitências foi exemplo. Na maioria das vezes, contentava-se somente com o que sobrava ou com um pouco de pão amolecido no caldo de sopa. Alimentava os confrades que tinham fome, mesmo não sendo hora das refeições. Pensava mais nos outros do que em si mesmo.
Na pobreza e desapego, deixou tudo. Diversas vezes, mesmo no frio, era visto capinando o jardim com sapatos sem sola, dizendo que era uma forma de economizá-los. Ou mesmo diante de um terrível frio, permanecia somente de camisa e batina.
Na obediência, tinha sempre as Constituições e Estatutos da Congregação como que sendo a pupila dos seus olhos. Tanto que chegou a fazer um resumo que carregava sempre consigo. Procurava obedecer a tudo sempre “à risca”, sem contestar, mesmo que não concordasse.
Na vida de oração, foi um verdadeiro santo; estava sempre a meditar o santo rosário. E mesmo em suas atividades rotineiras, punha-se a rezar, além de suas práticas de mortificação.
Um fato que poucos sabem é que foi o Irmão Vito Curzio que idealizou e desenhou o escudo de nossa Congregação. Ele o fez com estilete no forno da comunidade redentorista de Scala (Casa de Anastácio), onde residiu por seis anos.
Ao criar o escudo, Vito se inspirou em sua vida, principalmente em seu processo de conversão, pois o desenho conta com a cruz plantada sobre três montes, ladeada por duas escadas, lança e esponja.
Podemos interpretar que o monte maior representa o Calvário: a doação de sua própria vida nas mortificações e penitências, em vista da santidade eterna.
Um dos outros montes representaria o monte Sinai, onde Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei, o que podemos relacionar com a santa obediência que vivia o Ir. Vito, principalmente quanto às Constituições.
O outro monte pode ser visto como sendo o monte Tabor, onde Jesus se transfigurou: representaria seu processo de conversão e de busca da santidade.
As duas escadas podem representar as pessoas de César Sportelli e de Afonso de Ligório, que para ele serviram de escadas que o ajudaram em seu processo de conversão. A cruz, lança e esponja representariam toda a sua vida: um caminho de dores, mas sempre com a esperança em Deus.
Certa vez, durante o verão, no mês de agosto, a pedido de Afonso, Ir. Vito saiu para conseguir mantimentos para a comunidade. Porém, tomado pelo cansaço, e tendo-lhe sido negada hospedagem em uma casa religiosa, Ir. Vito resolveu dormir ao relento, o que prejudicou bastante sua saúde, contraindo uma forte febre.
Dirigiu-se a Iliceto, onde foi acolhido na casa de um padre amigo, permanecendo ali até seus últimos momentos de vida.
Quando questionado se queria viver ou morrer, Ir. Vito disse: “Quero somente aquilo que Deus quer; mas o que mais desejo é morrer para libertar-me do perigo de mais o ofender e para ver se, por Sua graça, me salvo”.
Assim, depois de muitos sofrimentos, Ir. Vito chegou à glória celeste no sábado, dia 18 de setembro de 1745, aos 39 anos de idade, com exatos 12 anos e 10 meses de vida ofertada a Deus, na Congregação do Santíssimo Redentor.
A notícia de sua morte logo se espalhou por toda a região. Todos aqueles que a recebiam, exclamavam: “morreu um santo!”. Nos funerais, Afonso fez uma bela reflexão, imerso em lágrimas e soluços, precisando interromper por diversas vezes.
Pessoas disputavam para conseguir pelo menos um pedacinho de suas vestes e objetos como relíquias.
A história de vida desse primeiro Irmão Missionário Redentorista nos revela como é bonita a vida de quem entrega sua vida para seguir mais de perto o Redentor
Ir. Vito foi um religioso que se deixou plenificar pelo Espírito Santo, ouvindo no mais íntimo de seu coração o chamado de Deus.
Foi aquele que se tornou “semelhante em tudo aos seus irmãos” (Hb 2,17), principalmente na pobreza, na miséria e no desapego.
Foi um mediador por excelência que, por onde passou, “levou seu amor até o fim…” (Jo 13,1).
Por fim, Ir. Vito foi uma pessoa que conseguiu mudar a si mesmo e que se deixou modelar por Deus, para se tornar um “retrato animado do Redentor”. Foi, sobretudo, voltado ao próximo, dentro da moral alfonsiana: primeiramente aos outros; depois a si próprio.
Ir. Vito Curzio, C.Ss.R. foi e continua sendo um modelo e exemplo de vida e santidade para todos nós. Que de lá do céu, ele rogue e interceda a Deus por nós!
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