Redentoristas em comunhão com o povo, apesar da distância

Com uma vocação missionária centrada na proximidade com o povo de Deus e inspirada pelo desejo de seu fundador de ir ao encontro dos mais abandonados, a Congregação Redentorista na Província de São Paulo vem experimentando um tempo inédito com a pandemia do novo coronavírus, assim como toda a Igreja.

Esse tempo trouxe a oportunidade de construir novas formas de proximidade com o povo de Deus apesar da distância, isso para que os missionários pudessem manter a comunhão tão necessária à vida da Igreja.

É o que disse o superior dos Redentoristas no Estado de São Paulo, padre Marlos Aurélio da Silva, em entrevista onde apresenta como estão os diversos âmbitos da missão redentorista na unidade. Para o superior, após a pandemia, a Igreja viverá um novo tempo.

"Estamos em comunhão apesar da distância e acreditamos que é preciso alimentar a esperança de que nós vamos vencer e superar este momento que não está sendo fácil para ninguém, na certeza de que sairemos mais amadurecidos e humanizados depois desta experiência", disse.

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Padre Marlos Aurélio, superior dos Redentoristas em entrevista ao Central da Esperança.

Com esse afastamento, padre Marlos lembra que as diversas comunidades religiosas estão vivendo as recomendações estaduais e vivendo a vida fraterna assumindo os afazeres do dia a dia.

"Estamos vivendo as recomendações evitando aglomerações, mantendo a nossa vida interna nas nossas comunidades, até mesmo ao ponto de tomar a decisão de dispensar os nossos colaboradores para ficar em sua família e nós mesmos estamos cuidando da nossa casa, precavendo a todos do contágio", assinala.

SANTAS MISSÕES

Com relação ao trabalho das Santas Missões Redentoristas, o superior enfatizou o fato de que na história da unidade esta foi a primeira vez que as equipes missionárias tiveram que parar seu trabalho evangelizador.

"Atualmente as duas equipes missionárias estão sem pregar as Santas Missões mas aproveita-se este tempo para estudo. Temos que considerar que antes de tudo, os missionários redentoristas são religiosos, então a convivência comunitária, a vida fraterna e a oração em comunidade tem acontecido de forma muito intensa já que os missionários não podem estar fora numa atividade. Eles estão mantendo a comunicação com as paróquias e párocos em vista de uma retomada do trabalho assim que a normalidade voltar, mas isso é algo inédito! Nunca havíamos interrompido o trabalho das Santas Missões aqui na Província de São Paulo, mas precisamos ser criativos e se reinventar. Tenho acompanhado as equipes e vejo que os missionários estão aproveitando as lives como uma forma de continuar alimentando esse ideal missionário mesmo a distância".

Padre Marlos acredita que esta frente de atuação redentorista vai ter que se readaptar mesmo após o fim da quarentena.

"A Igreja será muito diferente depois dessa pandemia. Aquela normalidade não será mais vivida nos mesmos moldes. Vamos ter que buscar os pequenos grupos, talvez seja esse um dos desafios das equipes das Santas Missões para repensar o seu próprio trabalho, porque vamos ter que dificuldade a curto e médio prazo para retomar o que se fazia com grandes concentrações. Mas isso não deve diminuir em nada aquele ardor, o desejo de fortalecer o trabalho evangelizador e de valorizar a vivência comunitária da fé", reforça.

SANTUÁRIO NACIONAL E PARÓQUIAS  

A vida comunitária atingiu de forma particular os santuários, paróquias e igrejas não-paroquiais administradas pela província. Sem as missas e celebrações com a presença do povo, o Santuário Nacional de Aparecida buscou na transmissão das missas aproximar o devoto e romeiro, o que levou a TV Aparecida a um expressivo crescimento.

"Durante a nossa presença de 125 anos aqui no Santuário pela primeira vez nós enfrentamos uma situação de santuário esvaziado e sem a presença física das pessoas. Por outro lado, vemos como a TV Aparecida cresceu chegando à casa dos católicos, alimentando a esperança e ajudando a superar a dor desse momento que estamos passando. Então foi algo que nos proporcionou uma experiência positiva", avalia.

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Matheus Andrade/Santuário Nacional

Missas no Santuário Nacional continuam sendo realizadas sem a presença dos fiéis.

Das paróquias, o superior citou a forte atuação nas redes sociais que fez chegar ao coração dos fiéis a presença de uma "Igreja viva ainda que a ausência seja sentida".

"É neste momento que a Igreja deve estar presente na vida das pessoas para alimentar a esperança. A própria crise ela cria oportunidades para sermos criativos e saber inovar", acrescenta.

ACOMPANHAMENTO VOCACIONAL

Do trabalho de acompanhamento vocacional na província, padre Marlos destaca o trabalho realizado pela equipe do Secretariado Vocacional Redentorista que já contava com uma interação nas redes sociais e ferramentas digitais para se aproximar dos jovens interessados na vocação redentorista.

"Com os vocacionados nós já temos uma interação pelos meios de comunicação e por meio do Curso Vocacional que é feito numa plataforma on-line que à distância ajuda a alimentar o ideal vocacional dos jovens. Esperamos que no segundo semestre possamos voltar aos encontros e as visitas às famílias do vocacionados, que é uma forma dos redentoristas conhecerem a origem daquele jovem para que possamos com ele acreditar num caminho formativo. Nós estamos acompanhando ainda que a distância muitos jovens interessados e pra isso não existe limite de número porque quanto mais melhor e precisamos e queremos que venham muitos jovens para se tornarem redentoristas abraçando essa causa", celebra.

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CASAS DE FORMAÇÃO

Quanto às casas de formação, padre Marlos explica como está a rotina de cada uma, considerando que a Província de São Paulo tem um número significativo de seminaristas e formandos, aproximadamente 80, em todas as fases da formação.

"Os seminaristas do Seminário Santo Afonso estavam estudando a distância, mas agora vão entrar em férias e depois do dia 30 de maio retornam os estudos. É uma forma de continuar acompanhando esses jovens junto com suas famílias. O Seminário Propedêutico em Santa Bárbara do Oeste também estão em férias. Os estudantes de Filosofia, em Campinas, que reúne 30 jovens, eles continuam o estudo a distância na casa de formação. O Noviciado em Tietê, que é uma vida um pouco mais interna e recolhida e estudo da história da congregação é uma realidade diversificada porque lá temos além de noviços brasileiros, outros provenientes da Colômbia, Argentina, Venezuela, a nível de Conferência da América Latina que nós dizemos. Lá estão 16 jovens que vão permanecer sem muitas interferências no planejamento que já havia sido feito. Por fim, a Teologia, em São Paulo, eles estão estudando também à distância. Mesmo que abalados pela pandemia a vida formativa continuam no seu ritmo quase que normal. É um grupo que caminha com esperança buscando se preparar cada vez mais com qualidade para o trabalho evangelizador do anúncio do Evangelho", detalha.

Veja a entrevista Concedida ao programa Central da Esperança, com o jornalista Ronaldo Souza.