Todos nós, em algum momento da vida, já devemos ter nos perguntado: Qual é a vontade de Deus para mim? Qual é o meu chamado? Estas inquietações fazem parte do chamado, mas temos que vencê-las com um passo a mais, professando que o Cristo sabe o que é melhor para nós. Ele próprio nos alerta a estarmos atentos ao seu chamado e à sua voz, “pois muitos são chamados, mas poucos são escolhidos” (cf. Mt 22, 14).
Cabe a nós percebermos que Deus é sempre bom e cria a partir do seu chamado uma relação conosco. Assim, passamos a entender com clareza que ao existir um chamado, existe alguém que nos chama. Para que isso faça sentido, precisamos e somos convidados a sairmos de nós mesmos, assim como fizeram os discípulos, como nos mostra São Mateus: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me!” (Mt 19,21).
“VEM E SEGUE-ME” foram as palavras ditas por Jesus e que devemos usar como chave principal para refletirmos sobre o convite que Jesus fez aos discípulos e que hoje faz a cada um de nós, para tornarmo-nos Seus discípulos. O convite de Jesus aos homens e mulheres é o centro de Sua mensagem, pois Ele buscar levar as pessoas ao arrependimento e ao sincero seguimento. Jesus quer que todos nós sejamos bons e santos discípulos.
Mas, talvez, essa seja a nossa grande dúvida: por que Jesus chamou os pescadores e cobradores de impostos para o discipulado? Por que não chamou um doutor da lei ou um religioso da época? O que Jesus viu nessas pessoas?
Ao olharmos para todos esses chamados, observamos que para ser um discípulo de Jesus, abraçando esse convite para valer, temos que possuir algumas qualidades, que certamente os discípulos as tinham, como por exemplo:
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A nossa disposição para Deus é proporcional ao quanto o conhecemos e compreendemos seus planos de ação, ou seja, à medida que o conhecemos pela nossa disposição em servi-lo, nos comprometemos com a Sua causa. A disponibilidade representa a ação, o compromisso sendo executado.
Pelo conhecimento de Deus e impulsionados pelo Seu amor, dispomo-nos a fazer muitas coisas, a ponto de sentirmos que “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (cf. Gl 2,20). Eis a grande afirmação de Paulo e certamente o lema de vida assumido por cada discípulo de Jesus.
Colocando o Senhor no centro do nosso coração, dando prioridade às coisas de Deus, à sua Palavra e ao Reino de Dele, todo o restante assume um sentido novo, na qual a dignidade da vida se faz presente. Quando a nossa existência, as nossas relações fraternas, o nosso viver e sofrer têm Jesus no centro, quando assumimos o Evangelho como critério no agir e no pensar, tudo se torna “meio para caminhar seguindo os passos do Senhor”.
Tudo se torna claro para discernirmos nossa vocação. O VEM E SEGUE-ME deve ser o ponta pé inicial para assumirmos o sim definitivo em nossa casa interior. Deus fala com amor e ternura ao nosso coração, conforta a nossa vida e dá um sentido permanente ao nosso existir.
Reconhecendo as boas disposições em nosso íntimo, Cristo nos dirá: “Quem quiser pôr-se ao meu serviço, siga-me!” (cf. Jo 12, 26). E nós diremos a Ele: Senhor, eu quero Te servir! Senhor, eu quero Te seguir! Envia-me, Senhor, às messes que anseiam pela Tua Palavra! Coloca em meu caminho, Senhor, as pessoas que eu preciso ajudar nesta minha caminhada até o céu! Que eu seja fiel, Senhor, em todas as coisas e que eu consiga passar pelo mundo fazendo o bem!
Pelo belo exemplo de perseverança dos discípulos, somos chamados a ter coragem para responder ao convite de Jesus. Cada discípulo tinha a sua vida, seu trabalho e seus compromissos particulares. O grande diferencial é que diante de tudo o que viviam, das realidades que enfrentavam, ao ouvirem o Senhor que disse-lhes: “Coragem, eu estou na direção, eu te conduzo e tomo-te pelas mãos. Estou no controle de tudo”, deixaram suas vidas para abraçar o Tudo de suas vidas.
O Deus que nos convida tem pressa em receber uma resposta total e incondicional, que deve nos levar a colocar todo o resto em segundo plano para podermos segui-Lo e para integrar a Sua comunidade. É bonito olhar a reação dos discípulos a nós descrita em Mateus: “E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram Jesus” (cf. Mt 4,20). A grande preciosidade nesse chamado de Pedro, Tiago e André está justamente no fato de não terem pedido tempo para pensar, de não avaliar se aquilo valeria a pena ou não.
Eles simplesmente sentiram que ali estava o sentido de suas vidas. Sem dúvidas era no ouvir aquela voz, no experimentar aquele doce olhar, no sentir o toque diferente e carinhoso que eles experimentavam o valer a pena do seguimento ao Mestre. Por isso abrir o coração para o encontro com Deus é uma atitude que vale a pena. Pode parecer difícil, mas quando vemos a transformação acontecer em nossa vida segundo a vontade de Deus, notamos que vale a pena.
Deus tem um plano para cada ser humano, é pessoal o Seu soar convidativo em nosso ouvido. Mesmo quando não recebemos um chamado muito claro, sabemos que Deus está no controle e está nos guiando, por isso precisamos ter fé. Jesus mesmo mostra que o chamado é pessoal. Cada discípulo veio de realidades e formações de vida diferentes. O evangelista Lucas faz questão de mencionar claramente o nome de cada um deles, sendo de grande significação.
Ele sabia quem chamava com precisão de escolha (cf. Lc 6,12-16). Outro fato curioso e não menos importante nessa passagem é que “Jesus foi à montanha para orar. Passou a noite toda em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou os discípulos e escolheu doze entre eles…” (Lc 6, 12 -13).
Nesse sentido torna-se evidente que a vocação é consequência de um grande Amor. É o chamado a um grande encontro que marca para sempre. Por isso, o vocacionado deve ser um homem de fé que se transforma em discípulo de amor para ser apóstolo da esperança, para anunciar um Amor que não ilude nem decepciona.
O vocacionado é um profeta do amor, que deve entender que para cultivar a amizade com o Redentor é preciso ter uma atitude de escuta, de oração pessoal e de atenção. Todo esse processo de fé, quando bem vivido, faz com que a chama do desejo de atuar como ele no hoje da história permaneça sempre acesa. Todo vocacionado deve sentir-se um eterno aprendiz de Jesus Cristo, desejando aprender tanto a ponto de se tornar outro Ele no mundo.
:: Figuras bíblicas que responderam ao chamado de Deus
Busquemos visitar sempre o nosso interior e compreender o que Deus tem a nós, à nossa vocação. Demos o primeiro passo, disponhamos, pois é na busca a Deus que os nossos corações se encherão de fé e de amor. Que Jesus Redentor nos ajude a cada mais a sermos vocacionados dele.
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Fonte: Emanuel Firmino
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