A Igreja nos ensina que devemos amar e venerar Maria, isto é, tê-La como modelo de seguidora de Jesus Cristo. Ela foi a sua primeira discípula, a grande estrela da evangelização.
Maria, ao ser chamada por Deus para cooperar com o seu projeto salvífico, não hesitou em responder: “faça-se em mim segundo a Tua vontade” (Lc 1,38). Ela sem saber das consequências, porém, predestinada a ser Mãe de Deus, assumiu com alegria a maternidade. Como todos nós somos criatura, consequentemente herdamos a culpa por sermos filhos de Adão e de Eva, mas com Maria foi diferente. Apesar de ser uma criatura, ela foi concebida sem mácula, isto é, foi preservada do pecado original.
Nos evangelhos de Lucas e Mateus, Maria é descrita como a “Virgem desposada com José” (Lc 1,27 e Mt 1,18). Já em Marcos, ela só aparece quando Cristo é questionado em relação a sua origem e foi rejeitado (Mc 6,3). E João narra a participação dela junto a Cristo, desde a Bodas de Caná (Jo 2,1-5) e no final da missão de seu filho na cruz (Jo 19,25-27). Maria não passa despercebida por àqueles que primeiro seguiram e testemunharam a fé em Jesus, os discípulos e apóstolos.
Maria, Mãe de Deus e nossa, é querida desde os primórdios do cristianismo. Sim, basta lermos o livro de Atos do Apóstolos, especialmente o capítulo 1,12-14 que após o relato da crucificação, morte e ressurreição de Cristo, onde Maria encontrava-se em Jerusalém junto aos discípulos no cenáculo e ali permaneceram em oração e, em seguida, a escolha de Matias como apóstolo e a vinda do Espírito Santo em Pentecostes.
A presença de Maria nesse e em outros relatos bíblicos ajuda todos nós, batizados e batizadas, a compreender a sua importância para a história da salvação.
Um outro fato importante da presença da Mãe de Deus na vida dos nossos irmãos primeiros na fé foi a constatação de que algumas catacumbas em Roma já traziam algumas evidências da existência de Maria como devoção entre os cristãos. No caso, nas catacumbas de Priscila em Roma no século II, onde os cristãos se reuniam, uma pintura revela uma mulher com uma criança em seu peito, ou seja, a Virgem Maria com o Menino Jesus. Ainda, entre alguns relatos, o culto a Maria sofreu algumas alterações no início do cristianismo devido à forte pressão do paganismo, mas isso se resolveu quando o imperador Constantino se converteu ao cristianismo e a tornou Religião oficial de seu Império, em 313 d.C. Com a conversão de Constantino o grande culto à Deusa Mãe pelo paganismo egípcio, grego e romano, torna-se agora o culto à Mãe de Jesus, com o título de Theotokos, que significa “aquela que espera o filho de Deus”, isto é, “Mãe de Deus”.
É importante lembrar que muito do que temos e sabemos sobre Maria é fruto dos cristãos do período patrístico da nossa Igreja. Muitos leigos e padres presentearam-nos com os seus belíssimos escritos experienciais e devocionais sobre a Mãe de Jesus. O bispo Santo Inácio de Antioquia (68 a 107 d.C.) assim disse sobre Nossa Senhora: “que Cristo foi concebido em Maria e nascido em Maria, e que a sua virgindade pertence a um Mistério escondido no Silêncio de Deus.”
Por volta dos anos 167 d.C., São Justino, refletia o paralelo entre Eva e Maria. Dizia o santo: “Se por uma mulher, Eva, entrou no mundo o pecado, por uma mulher, Maria, veio ao mundo o Salvador”. Santo Irineu de Lyon, que combatia os gnósticos a respeito da maternidade de Maria e assim enfatizava a Teologia Mariana já no início do século II, dizia: “Cristo, é da natureza humana, assumida pelo Filho de Deus no ventre de Maria, que torna possível a morte redentora de Jesus de chegar a toda humanidade. Também digno de nota é sua abordagem sobre o papel maternal de Maria em relação ao novo Adão, em cooperação com o Redentor”. Vários outros patrísticos relataram algo sobre Maria: Tertuliano, em 155 d.C., dizia que Maria é a Mãe de Cristo, portanto, Mãe de Deus. Orígenes (185-254d.C.) usava o título de Maria como Theotokos (Mãe de Deus) e, no século IV, o mesmo título é usado na profissão de fé de Alexandre de Alexandria. E subsequente os demais padres da Igreja como Efrém, Atanásio, Basílio, Gregório Nazianzeno, Gregório de Nissa, Ambrósio, Agostinho, Proclo de Constantinopla, utilizavam e ensinavam o povo a respeito da devoção a Maria, Mãe de Deus passando a ser utilizado como Santíssima Virgem.
A devoção a Maria nasce do povo que se sente identificado pela Mãe de Deus, mulher de oração e ação. Porém a devoção não se finda em Maria, não, pois ela tem a missão de nos aproximar de Jesus. E, desde os primeiros séculos a gente percebe relatos do povo acorrendo à sua intercessão para fazer a experiência com o Mestre. Apesar da consciência que temos da participação de Maria para o Projeto de Deus, alguns protestantes, nos acusam de colocar Maria no lugar de Deus. A Igreja afirma que nós temos Maria como modelo de seguidora por ter feito à vontade de Deus e, estando junto Dele, tem essa missão de ser intermediadora. A intercessão de Maria encontra-se no relato das Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-11) e em outros episódios bíblicos. Ou seja, Maria participa diretamente da missão de Jesus, o qual é o único mediador.
A sua mediação é inclusivista, fazendo com que outros participem, tais como: os santos, os mártires, os beatos, os veneráveis, os anjos, enfim, os cooperadores. Lembremo-nos que veneração não é idolatria (esta entendida como o fato de colocar outros no lugar do único Deus). Venerar alguém, inclusive Maria, é reconhecer que esses irmãos(ãs) nossos passaram pelo mundo fazendo o bem, movidos pela Palavra de Deus, e receberam a coroa da glória celeste e por isso colaboram com Jesus Cristo, intermediando e ajudando a Igreja peregrina a alcançar os seus propósitos rumo à Igreja celeste.
A devoção a Maria, a partir do Concílio de Éfeso, cresceu admiravelmente, como podemos observar na liturgia. O culto a Nossa Senhora nasce de uma identificação que parte para a veneração, para o amor, para a invocação e imitação, segundo as Suas proféticas palavras no Magnificat: “Todas as gerações me proclamarão Bem-Aventurada, porque realizou em mim grandes coisas aquele que é poderoso” (Lc 1,48-49).
Os vários concílios da Igreja, desde Éfeso (431 d.C.) até o Vaticano II (1962-1965) e também as Conferências locais, sobretudo à nossa da América Latina e Caribe, procuraram resolver algumas discussões que foram aparecendo em torno da devoção à Virgem e afirmaram a importância Dela para a concretização do Reino de Deus. Maria é a estrela da evangelização, pois ela aponta o caminho, a verdade e a vida.
Que Nossa Senhora Aparecida, a Mãe do Perpétuo Socorro, ajude-nos a dizer sempre: “faça-se em mim segundo a Tua Palavra, Senhor Jesus”. Peçamos, finalmente, a intercessão de Maria, rezando a oração que o nosso irmão Orígenes (séc. III) um dia rezou:
“À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Amém”.
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