Desde que se percebeu que a pandemia de Covid-19 nos acompanharia por um longo período de nossas vidas, muitas vezes ouvimos dizer: “Esperamos que tudo volte a ser como era, o mais rápido possível”. O que significa tudo voltar a ser como era?
A pandemia nos deixa nostálgicos por um mundo que atualmente está entre parênteses. Mas que mundo deixamos para trás? É a nossa nostalgia de uma experiência passada ou é apenas cegueira para o novo? Pessoalmente, acredito que a pandemia é a maior oportunidade que poderíamos ter tido como uma comunidade de crentes.
A atual crise de saúde parou os ponteiros do relógio da história, pedindo-nos uma revisão de nossa lógica. É inegável que para muitos, até um ano atrás, as escolhas econômicas, e talvez as escolhas relacionais, eram guiadas pela lógica da oportunidade, onde Deus e o outro eram funcionais às suas próprias necessidades.
Esta dolorosa experiência desafiou o modelo de vida que construímos para nós mesmos, porque se refere à essencialidade relacional e às necessidades básicas. Quase pode parecer que não há novas possibilidades diante de nós, apenas limites. Isto leva a uma nova questão de sentido que se torna quase uma oração leiga: “Ó Deus, faze-nos voltar à normalidade”. Mas que tipo de normalidade invocamos? A pandemia revelou nosso modo de vida.
Diante da perplexidade, somos tentados a nos esconder atrás de uma prece dirigida a um demiurgo indeterminado: faça-nos voltar à normalidade. Uma oração que cheira a ateísmo religioso.
:: O ateísmo em nosso tempo: 4 chaves de leitura
Esta nova forma de ateísmo, acompanhada pelo pedido para voltar no tempo da história, também é compartilhada por muitos crentes. Esta oração vê o próprio mundo como um paraíso perdido, o Jardim do Éden que não existe mais.
Muitas escolhas feitas nesta época negam a esperança para o futuro porque mais uma vez rejeitam o rosto do outro. O ateísmo religioso tem sua própria liturgia e sua própria oração onde não há lugar para os outros, mas apenas para o próprio bem: “Voltemos à normalidade”. É realmente um ateísmo prático porque o horizonte é o eu e não nós.
E, no entanto, diante da Covid-19, o verdadeiro crente está em pior situação do que o ateu porque o Deus da vida nos pede para enfrentarmos os limites, o medo, a doença e a morte com “fé”. Pede que nos abramos com confiança para o outro.
Leia MaisUm ano para aprofundar a Amoris laetitia Vacinar-se: uma escolha moralViolência: a anormalidade está se tornando normal?Neste contexto, como comunidade de crentes empenhada na construção de uma sociedade baseada na fraternidade (cf. Fratelli tutti, n. 285), somos chamados a ir ao cerne da oração, que é a busca do bem comum que se traduz em o mais alto Bem.
Rezar é um ato complexo e radical porque revela toda a nossa vulnerabilidade. Orar é pensar sobre o sentido da vida. É para agradecer ao bom Deus que nos permitiu viver aqui e agora, e então alcançar a vida eterna. A própria etimologia da palavra “oração”, “orare” tem sua raiz em “os, oris” com que o latim indica a boca. A boca como órgão não serve apenas para comer e falar, mas também para respirar.
Portanto, a oração é o sopro da alma, que reconhece sua limitação criaturística e invoca o ar de transcendência. Santo Afonso de Ligório espirituosamente escreveu que “o tempo é tão bom quanto Deus”. A verdadeira oração é súplica, canto, louvor, contemplação, um sussurro de amor, clama e se transforma em um tempo de eternidade em Deus a serviço de nossos irmãos e irmãs.
A oração do cristão nunca se fecha, não pede retrocesso, mas invoca a coragem de enfrentar o novum, de uma sociedade mais justa (cf. Fratelli tutti, n. 203 e 208), porque é compartilhar e assumir a responsabilidade pelo bem de toda a humanidade.
Fonte: Blog da Academia Alfonsiana
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