Leia MaisFrases sobre a importância da Adoração Eucarística de Santo AfonsoComo Santo Afonso foi elevado à glória dos altaresA reflexão sobre a terceira pessoa da Santíssima Trindade aparece de modo transversal no pensamento e na espiritualidade de Santo Afonso.
Homem de profunda oração, ardor missionário e zelo pastoral, ele foi um ‘profeta’ fervoroso do amor de Deus, criativo e dinâmico, em tempos de legalismos e rigorismo moral.
Advogado da consciência e incansável defensor da dignidade humana, ele compreende que o amor é um dos atributos primordiais do Espírito Santo e princípio fundamental para o desenvolvimento pessoal e comunitário.
O Espírito Santo é o amor entre o Pai e o Filho; é amor gerador de vida em abundância. Nas Sagradas Escrituras, em todas as passagens referentes à vida, Ele está presente: na criação (cf. Gn 1,2b); na origem do humano (cf. Gn 2,7); na concepção de Jesus (cf. Lc 1,35); na origem da Igreja (cf. At. 2,1-11).
Em consonância com a Tradição bíblica e a doutrina da Igreja, Santo Afonso enfatiza a presença viva e atuante do Espírito Santo como o amor absoluto de Deus que reveste, de modo incondicional, todo ser humano. E sob esse fundamento trinitário está a Teologia Moral afonsiana, uma proposta para o crescimento pleno da comunidade Humana.
De seus escritos, na obra “Meditações para todos os dias do ano”, Santo Afonso apresenta uma novena ao Espírito Santo. Nela, ele desenvolve, de forma evolutiva, a eficácia do amor de Deus na transformação pessoal e comunitária. Para isso, ele associa, pedagogicamente, o amor de Deus a alguns símbolos:
1 - o amor é fogo – o fogo tem o potencial de queimar as inutilidades e purificar o terreno para o plantio;
2 - o amor é luz – a luz dissipa as trevas e é fundamental para a geração de vida;
3 - o amor é água – a água é substância incondicional a todo ser vivente;
4 - o amor é orvalho – o orvalho exerce a função de fertilizar e germinar a semente;
5 - o amor é repouso – toda vida carece de repouso para desabrochar e florescer;
6 - o amor é virtude – a virtude é fruto do exercício constante para gerar fortaleza;
7 - o amor é morada – a morada é o lugar da segurança, condição para o desabrochar da vida;
8 - o amor é vínculo – gerar vínculos é estabelecer corresponsabilidade e fraternidade pela vida;
9 - o amor é tesouro – tesouro é símbolo da busca incansável pela plenitude.
Para Santo Afonso, uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento humano é a oração. Por meio dela, alcançamos a consciência da presença iluminadora do Espírito Santo e crescemos na compreensão e na prática do amor. Todavia, o amor a que ele se refere é dom gratuito, aquele que se ocupa, de maneira incondicional, da singularidade da pessoa em si, e não se frustra com suas características ou limitações.
É comum pessoas dizerem: “seu eu mudar de vida Deus vai me amar”. Não! Essa ideia reforça a imagem de um Deus que se condiciona. Deus, no entanto, ama sem impor condições. A mudança de vida deve ser uma atitude interior livre, que resulte no desejo em corresponder ao amor de Deus.
Nas Sagradas Escrituras, um texto impactante é aquele que se refere a um tipo de pecado que não tem perdão. E esse pecado é ‘blasfemar’ contra o Espírito Santo (cf. Mc 3,28-30).
Blasfemar contra o Espírito Santo é negar que Deus é capaz de amar. É se fechar a qualquer possibilidade ou novidade que a vida possa oferecer. A negação do amor de Deus encerra em si as possibilidades do perdão, porque Deus, em sua liberdade, não obriga ninguém a reconhecê-lo como amor. Pessoas feridas por uma história de dor e de decepções podem se fechar no âmago da própria dor e negar as possibilidades do amor. Citando Santa Teresa, Santo Afonso afirma: “a cruz é dura para quem a arrasta, não, porém, para quem a abraça”.
Abraçar a própria cruz é um gesto de maturidade e de correspondência ao amor de Deus. Trata-se de mergulhar na dinâmica do Santo Espírito, despindo-se das ‘máscaras’ que nos desfiguram e dos preconceitos que nos distanciam uns dos outros, para assumir nossa própria história enquanto caminho de redenção. Ademais, o amor de Deus é dom que se abre e se expressa em doação.
A redenção, conforme pensa Santo Afonso, é comunitária. Em tempo de crises, como o atual, é oportuno tomarmos consciência de nossa corresponsabilidade na defesa da vida, dos direitos individuais e da justiça, no âmbito social, político e econômico, fazendo do amor um gesto concreto de solidariedade universal.
Ó, Santo e Divino Espírito, não quero mais viver para mim mesmo; em Vos amar e agradar quero empregar tudo o que me resta da vida. Com este fim Vos peço que me concedais o dom da oração mental. Vinde a meu coração, ensinai-me vós mesmo a praticá-la como se deve. Dai-me a força de não deixá-la por tédio no tempo da aridez; dai-me o espírito de oração, isto é, a graça de sempre orar e de fazer aquelas orações que sejam mais agradáveis ao vosso divino Coração. — Por meus pecados me havia perdido; mas por tantos sinais de vossa ternura, reconheço que quereis a minha salvação e santificação. Quero santificar-me para Vos agradar e amar mais a vossa infinita bondade. Amo-vos, ó, meu soberano Bem, meu amor, meu tudo, e, porque Vos amo, dou-me todo a Vós. — Ó, Maria, minha esperança, protegei-me.
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