Murillo de Yerri, minúsculo vilarejo distante 6 km da progressiva e histórica cidade de Estrela, na província de Navarra, foi onde nasceu Gregório. Com as apenas treze casas que tinha, era possível guardar de memória o nome de toda a população de Murillo de Yerri.
Em Murillo vive-se bem em todos os sentidos. Povo muito religioso e próspero, que colhe grande quantidade de uvas viníferas e de cereais, cujas vendas estão bem organizadas pelas cooperativas ali existentes.
Gregório nasceu em 12 de março de1884. Seus pais, Patrício Zugasti e Petra Fernández de Esquide, eram, como toda a população do vilarejo, profundamente religiosos, e desde muito cedo incutiram no menino sólidos fundamentos de religião, que haveriam de ser para sempre normas de sua vida.
Fisicamente, Gregório foi se desenvolvendo de tal forma que, desde pequeno, já deixava ver a compleição hercúlea que ostentaria quando homem feito. Isso, aliás, era de família. Seu irmão Julián, que também entrará para a Congregação com o nome de irmão Filipe, era ainda mais forte que ele. A par disso, Gregório era verdadeiro exemplo de seriedade e vida sadia.
Numa linguagem tão sincera quanto pura e cheia de frescor, nos conta sua irmã Leandra: “Ia a Ugarte num domingo para comungar e, no seguinte, a Rocamador de Estela, de onde trouxe, uma vez, de uma tia, o Ano Santo, ou seja: uma coleção de doze livros, cada um para um mês, e passava muito tempo lendo-os. Tínhamos um professor que não servia para nada, então Gregório nos ensinava tudo da escola, nos dava prêmios nos domingos por sabermos as lições, e tinha jogos e baralho para os dias de festa.
Ele estava sempre em casa. ...No dia de Quinta-feira Santa, desde que morria o Senhor* até a ressurreição, ficava a pão e água, e as sextas-feiras dizia que eram dias de penitência. Quando foi para ser irmão, dizia que sua maior glória seria morrer mártir. Tenho dois retratos dele, e sempre que os vejo mais alegria sinto, porque nos espera no outro mundo com algum lugar para nós”.
*Na liturgia pré-Concílio Vaticano II, celebrava-se a lembrança da morte de Jesus na Quinta-feira Santa. (N. do T.)
Segundo a crônica da casa, Gregório chegou a Astorga, em 28 de dezembro de 1906. Como postulante, aí esteve durante dois anos, findos os quais transferiu-se para o El Espino para fazer o noviciado sob a direção do santo homem de Deus, padre José Chavatte. Em 25 de dezembro de 1912, emitiu os votos como religioso.
Todos os que com ele conviveram afirmam que era um irmão piedoso, caritativo, trabalhador, obediente e mortificado. Por sua grande prudência e competência em negócios, ganhou a estima de todos e a confiança de seus Superiores. Durante uns dez anos, trabalhou com abnegação na Administração e no Editorial da revista El Perpetuo Socorro. Nesse posto surpreendeu-o a revolução em 1936.
Era atencioso com todos e muito prestativo nas múltiplas tarefas que envolvem um editorial e sua administração. Devido a esse cargo, eram incontáveis as pessoas que conhecia em Madri, o que, naqueles dias perigosos, podia ser uma vantagem ou um perigo: ou salvar-se, pelos muitos amigos que lhe ofereciam abrigo, ou perder-se exatamente por ser por demais conhecido.
Ele optou por correr perigo, não por vã temeridade, mas porque, desde que teve de abandonar o convento, encarregou-se de cuidar do irmão Nicesio, já meio cego. Isso, é claro, limitou ao extremo sua liberdade de ir e vir. Aceitou resignadamente o fato de, precisamente quando mais lhe poderiam valer seus conhecimentos de toda a cidade, ter de a isso renunciar para estar ao lado do irmão que necessitava de sua ajuda. A partir de então, irmão Gregório e irmão Nicesio estarão unidos até a morte.
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