Durante o mês de agosto a Igreja se propõe refletir sobre as vocações. Esse tema toca nossa existência, pois se refere ao modo pelo qual sonhamos com os sonhos de Deus orientar e conduzir nossa vida. Olhar a questão da vocação e o anúncio da Copiosa Redenção é necessário para que possamos compreender melhor a origem, o processo e a finalidade do chamado de Deus a cada um de nós. Requer-se, para isso, uma reflexão crítica a partir dos contextos sociais e eclesiais, que tome por base o conceito de Redenção e suas implicações para nossa vida pessoal e comunitária.
O anúncio da Redenção não é um ato estático e teórico de alguém que leva ou diz algo a alguém. Ele é, antes de tudo, uma experiência. Redenção é o ato último, supremo e absoluto da iniciativa amorosa de Deus junto aos homens (cf. RH, 64). Seu ponto de partida e de realização é a história pessoal e comunitária de cada um de nós, com suas conquistas e dramas, dores e alegrias, sonhos e decepções. São Gregório Nanzianzeno nos recorda: “o que não é assumido não pode ser redimido”. Conhecer, aceitar e assumir a história pessoal e comunitária é redimir-se, isto é, permitir-se ao abraço amoroso de Deus, que acolhe sem preconceitos, ama sem julgar e percorre junto, nem à frente, nem atrás, mas ao lado, ‘o caminho que nós mesmos escolhemos’.
A iniciativa do chamado vocacional é de Deus e seu objetivo é o de que sejamos discípulos e missionários. Contudo, a resposta a ser dada provém de homens e mulheres situados em distintos contextos. Além das questões sociais como secularismo, laicismo, pobreza, corrupção, Fake News, educação funcionalista, drogas e violência, enfrentamos a dura realidade antropológica do indiferentismo e do individualismo, que produzem cristãos sem Igreja e espiritualidades desencarnadas.
Nesse contexto, o vocacionado, para tornar-se um discípulo e missionário, necessita passar por uma profunda experiência de Redenção capaz de integrá-lo em uma comunidade e favorecer a formação de sua consciência para a participação na comunhão trinitária. Requer-se, para isso, desnudar-se diante de Deus para mostrar-lhe todas as feridas e misérias produzidas pelo pecado, permitindo que ele possa nos redimir. A Redenção em si, é um ato processual doloroso, que consiste em tocar as próprias feridas com o dedo de Deus. Na tenda das relações, perfumado com o bálsamo curativo do diálogo fraterno, o vocacionado prepara seu ser para tornar-se discípulo.
Por sua vez, na experiência da Redenção, o discípulo torna-se missionário. O anúncio missionário não traz teorias ou ideias abstratas sobre Deus, mas a experiência do encontro (cf. DAp. 145). O missionário, imbuído do Espírito Santo, é capaz de se reconhecer filho da Igreja e a ela ser fiel, mas profundamente mergulhado e consciente das experiências sociais e culturais do seu tempo. Ele não vive extra mundi. Sua espiritualidade, princípio configurador do seu ser, nasce do encontro com Deus e se fortifica na oração cotidiana, pessoal e comunitária, e se torna eficiente em atos concretos de Redenção. O missionário é aquele que, depois de seu encontro com o Senhor, torna-se ele mesmo Alter Christi, e desce ao fundo do poço, permitindo-se enlamear-se para resgatar a vida que ali está. E esse é o sonho que Deus deseja sonhar conosco.
Pe. Rimar César Diniz, C.Ss.R.
Formador do Seminário Santíssimo Redentor
Santa Bárbara d’Oeste/SP
PARA REFLETIR:
1 - O que entendo por “Redenção”?
2 - De que forma tenho experimentado a Redenção em minha vida pessoal?
3 - Qual a minha vocação e quais são os passos fundamentais para me tornar um missionário?
4 - Como posso me tornar Alter Christe junto dos mais pobres e abandonados?
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