Tema da 54ª Semana Vocacional destaca a Graça e a Missão

O mês de agosto tradicionalmente é marcado pela Igreja no Brasil como o Mês Vocacional. E essa tradição teve seu início nos anos 1980, quando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sua 19ª edição, a instituiu (1981). Partindo de que Deus escolhe, chama e capacita (cf. Ex 31,1-18), o Mês Vocacional tem um forte apelo para que as comunidades em suas paróquias impulsionem as ações evangelizadoras em prol das vocações.

“Pedi ao Senhor da messe que envie operários” (Mt 9,38); confiantes nestas palavras queremos rezar e refletir sobre esse mandato do próprio Jesus, “pois a messe é grande e os operários são poucos” (Mt 9,37). Vocação é, consequentemente, chamado e resposta, e tem origem divina, pois a iniciativa é de Deus. É Ele quem chama na gratuidade, e espera uma resposta livre e concreta: “Vem e segue-me” (Mt 19,21).

Assim, o Secretariado Vocacional Redentorista da Província de São Paulo há 54 anos trabalha para uma consciência vocacional, fortalecendo a Cultura Vocacional, pois “há um só corpo e um só Espírito, como também há uma só esperança à qual fostes chamados, a de vossa vocação” (Ef 4,4). Cultura essa que se espera enraizar para uma vivência fecunda, principalmente no coração de nossos jovens para abraçarem seu chamado, sua vocação: cristã, leiga, matrimonial, religiosa e sacerdotal no seio de nossa sociedade.

O Sínodo dos Bispos sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional” diz que os jovens estão orientados para o futuro e enfrentam a vida com energia e dinamismo, mas sentem-se tentados a concentrar-se na fruição do presente, tendo por vez prestar pouca atenção à memória do passado donde provêm e, de modo particular, dos numerosos dons que lhes foram transmitidos. E ajudar os jovens a descobrirem a riqueza viva do passado, conservando-a na memória e servindo-se dela para as suas decisões e possibilidades, constitui um gesto de amor autêntico para com eles, visando o seu crescimento e as opções que são chamados a realizar (Documento final nº 35).

Leia MaisConheça a página da 54ª Semana VocacionalE dando continuidade aos seus objetivos, entre eles, o de fortalecer a Cultura Vocacional, o Secretariado Vocacional Redentorista, em sua 54ª edição da Semana Vocacional, se une à proposta do 3º Ano Vocacional no Brasil, que tem por objetivo promover a Cultura Vocacional em nossas comunidades, na família e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações, como graça e missão, serviço do Reino de Deus (Texto-base nº 03).

O 3º Ano Vocacional convida-nos a refletir e aprofundar o tema “Vocação: Graça e Missão”. E o lema “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33) nos faz recordar os discípulos de Emaús. Enquanto a Graça faz o coração arder, a Missão faz os pés estarem a caminho (Texto-base nº 01).

Se Lucas nos recorda os discípulos de Emaús, Marcos vai nos dizer que “Jesus chamou e enviou os que Ele mesmo quis” (cf. Mc 3,13-19), recordando que a origem, o centro e a meta de toda vocação e missão é a pessoa de Jesus Cristo. Aquele que chama, também envia. A iniciativa é do próprio Deus, mistério, graça, experiência de encontro, serviço e entrega, coragem e determinação. À luz do mistério de Cristo, cada pessoa compreende a sua identidade e missão (Texto-base nº 02).

Com isso, o discernimento vocacional não se completa com um único ato, não obstante na narração de cada vocação seja possível identificar momentos ou encontros decisivos. Como todas as realidades importantes da vida, também o discernimento vocacional é um processo que se desenvolve ao longo do tempo, durante o qual é preciso continuar a velar sobre as indicações com as quais o Senhor determina e especifica uma vocação, que é primorosamente pessoal e irrepetível. O tempo é fundamental para verificar a orientação efetiva da decisão tomada. Como nos ensina cada página do texto bíblico, não existe vocação que não seja ordenada para uma missão acolhida com temor ou com entusiasmo (Sínodo dos Bispos “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, D.P. Cap. II, nº 03).

E neste itinerário de ajudar os jovens a tomarem o norte de sua vocação, a 54ª Semana Vocacional, seguindo a proposta do 3º Ano Vocacional no Brasil, retoma a segunda parte do Texto-base, que tem como tema “Vocação é Graça” para continuar refletindo sobre a luz do Evangelho escrito por Marcos (3,13-19): “O Discípulo Missionário”.

Primeiro dia – “Subiu a montanha e chamou a si”

Jesus chama quem Ele quer, fazendo do chamado um mandato para instituir a nova comunidade que estará na sua presença, trazendo do Pai o seu coração de amor. Assim como no Antigo Testamento, a montanha é o lugar, por excelência, para as grandes manifestações de Deus aos seus escolhidos. O Mestre vai à montanha para conversar com o Pai, e é ali que escolhe para si aqueles que o seu coração lhe pede.

Segundo dia – “Ser apóstolo”

No Antigo Testamento, Deus faz uso de mensageiros para deixar clara a sua vontade. Jesus também vai fazer de seus novos seguidores, os guardiões e mensageiros da Boa Nova. Eles assumem a missão do profeta: exortar, anunciar e consolar, tendo como principal diferença o anúncio de que o Messias já chegou e o Reino foi inaugurado. Esses apóstolos são munidos da autoridade de Jesus para expulsar demônios (estruturas que aprisionam e oprimem os seres humanos) e para ser uma extensão de seu coração misericordioso. No entanto, ninguém é obrigado a seguir ao Senhor. É preciso querer responder ao convite de Jesus; o amor livre se faz necessário.

Terceiro dia – “Vocação: voz, chamado”

Das tantas vozes que ouvimos, Jesus faz ouvir a sua. Ele chama e os discípulos atendem. Quais vozes nos chamam hoje e para quê? Jesus chamava para falar de um tempo novo e da concretização do Reino de Deus. Era uma voz que trazia esperança de libertação a tantas pessoas que estavam esmagadas pelo sistema opressor e que acreditaram, imediatamente, nessa nova mensagem divina. A voz do Senhor é inconfundível, pois Ele chama com amor e para o amor.

Quarto dia – “A vocação é graça que une chamado e resposta”

O chamado de Jesus é uma ação amorosa de Deus na vida da pessoa. Ele chama todos aqueles que quer, sem fazer acepção de ninguém. Não chama os mais inteligentes ou mais abastados, mas sim, aqueles que Ele deseja. No entanto, é exatamente na escuta do chamado, com o coração disposto e aberto do vocacionado, que poderá acontecer o milagre da resposta. Sem a resposta, o milagre não acontecerá. Jesus procura a gratuidade do coração; respondamos, portanto, “Eis-me, aqui, Senhor!”

Quinto dia – “Jesus chama pelo nome, refaz nossa história”

O Mestre direciona sua voz de uma forma bem pessoal a cada um de nós. Chama todos pelo nome porque ama incondicionalmente a vida e a história do vocacionado. Assim como Ele chamou os doze pelo próprio nome, continua chamando para si àqueles que quer, de uma forma bem íntima, pela característica mais profunda da personalidade: o nome.

Sexto dia – “Como ouvir a voz de Jesus se vivemos centrados em nós mesmos?”

Se nós nos fecharmos ao sofrimento dos pobres, às crises existenciais dos jovens e ao grito das vidas ameaçadas pelos poderes opressores de diversos matizes, viveremos somente centrados em nós mesmos e nos tornaremos surdos à voz do Senhor, que nos chama. Todas as formas de autorreferencialidade inibem a verdadeira escuta do Espírito de Jesus. É urgente que nos libertemos do egoísmo e do egocentrismo que nos aprisionam e nos ensurdecem ante a voz do Senhor.

Sétimo dia – “A oração que abre o ouvido e aquece o coração”

Precisamos encontrar um espaço adequado de diálogo constante com Deus para não perdermos nossa capacidade de escuta. Faz-se necessária uma abertura de coração a Deus na oração. Em um mundo de ruídos imensos, com tantas vozes sedutoras nos bombardeando a todo instante, muitas vezes se torna difícil ouvir o Senhor nos chamando. Quem reza tem o coração sempre atento ao chamado.

Oitavo dia – “Permanecer com Ele: segredo da vocação”

Sendo chamados por Jesus e tendo aceitado esse convite, somos instados a permanecer sempre na sua presença. Com os pés na missão, precisamos levar no coração os ensinamentos e as palavras daquele que nos chamou. Libertar o oprimido, consolar os aflitos, anunciar a esperança e a paz, eis a missão daqueles vocacionados que estão sempre na presença de Jesus. Estejamos sempre com Ele na montanha (na espiritualidade), mas também jamais deixemos de acompanhá-lo na planície, onde acontece a ação missionária na vida encarnada. Com corações ardentes, coloquemos nossos pés a caminho na missão para expulsar demônios, anunciar o Reino e fazer o bem.

Viva o chamado de Deus!

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