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Irene, Quiônia e Ágape, irmãs, nasceram no final do século III, aparentemente em Tessalônica da Grécia, mas residiam próximo a Aquiléia, cidade do norte da Itália. De família pagã, haviam se convertido ao Cristianismo; órfãs muito cedo, permaneceram juntas, dedicando-se, sem se casarem, a uma vida piedosa. Mantinham em casa vários livros da Sagrada Escritura, e pregavam o Evangelho.
Nesta época, o imperador romano Dioclesiano, feroz perseguidor da Igreja, proibiu, além da pregação, a guarda de escritos cristãos. Estes deveriam ser entregues às autoridades para serem queimados, e seus donos teriam que sacrificar aos deuses pagãos ou morrer, em geral queimados junto com os escritos. Tendo sido denunciadas, as três irmãs foram perseguidas, Ágape e Quiônia sendo capturadas primeiro. Interrogadas, testemunharam sua Fé, afirmando que na literatura cristã haviam encontrado o caminho para a vida eterna; recusando as riquezas oferecidas para incensarem os falsos deuses, foram condenadas e queimadas vivas.
Irene conseguira fugir para as montanhas, mas, presa no dia do martírio das irmãs, foi interrogada pelo governador da Macedônia, Dulcério. Inicialmente, ele a condenou à humilhação de ser desnuda e levada para ser violada num prostíbulo, mas milagrosamente ninguém ousou tocá-la. De novo interrogada, desta vez pelo imperador, Irene não abjurou sua Fé e foi também queimada viva. As três irmãs sofreram o martírio por volta do ano 304, tendo sido registrado que não temeram as torturas ou a morte. Santa Ágape é padroeira da cidade de Milão, na Itália.
Reflexão:
É melhor ter a alma ardendo no fogo eterno do Espírito do que queimar a oportunidade que Deus nos dá, com a nossa vida, de evitarmos as chamas do inferno, mesmo que ao custo de transformamos em cinzas os desejos de bem-estar, refrigério, da carne. Estas três santas irmãs são prova cabal desta livre e sensata escolha, traduzida, providencial e não coincidentemente, nos seus nomes de origem grega: Irene significa “paz”, que só pode ser obtida na obediência e fidelidade à Fé; Ágape é o amor puro, desinteressado e genuíno, típico e exclusivo de Deus e dos Seus filhos (daí o nome ser usado também, na igreja primitiva, para mencionar o rito eucarístico. O termo indica algo mais do que o amor “Philia”, amizade profunda, e amor “Eros”, relativo somente ao aspecto de carinhos físicos); Quiônia, de Koinonia, é “comunhão”, no catolicismo uma referência evidente do amor verdadeiro que une Deus com os Homens e estes entre si, particularmente na Eucaristia. As três irmãs preservaram as almas e “a literatura cristã [onde] haviam encontrado o caminho para a vida eterna”: atualíssimo alerta de como o que buscamos na cultura, incluindo o lazer, pode ser uma via para a salvação, ou uma forma de idolatria aos deuses deste mundo, promovedores da morte. O que nós, católicos, buscamos para ler, ver e ouvir, nossas preferências e curiosidades de leituras, filmes, séries, músicas, vídeos…?
Oração:
Senhor Deus, que concedestes às Santas Irene, Ágape e Quiônia a plena fraternidade com Vosso Filho, na vivência coerente com o significado dos seus nomes, dai-nos pelo intermédio delas a mesma coragem de antes morrer que adorarmos as coisas mundanas, de modo a preservarmos o registro dos nossos nomes que, em Vossa infinita bondade, desde sempre escrevestes no Livro da Vida, o Paraíso Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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