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João Batista nasceu em 1651 na cidade de Reims, França, de uma nobre família de magistrados, profundamente cristã. Primogênito de 11 irmãos, dos quais quatro se tornaram religiosos, desde cedo sentiu inclinação para o sacerdócio, e na infância brincava de repetir as celebrações litúrgicas das quais participava com a mãe, num altarzinho montado por ele. Aos dez anos entrou para o colégio dos Bons Meninos.
Seu pai despertou nele o gosto pelas artes, especialmente a música, clássica e sacra. Entrou assim no Coral dos Cônegos da Catedral de Reims, atuando também como coroinha nas Missas. Aos 15 anos, foi nomeado cônego (ou seja, religioso que participa do colegiado de uma igreja e trabalha na administração da mesma) da catedral, posição muito avançada para um menino de sua idade. Sempre dedicado aos estudos, com 18 anos recebeu o título de Mestre das Artes Livres. Pouco tempo depois, ingressou na Universidade de Sorbonne.
Como universitário, morou no Seminário São Sulpício em Paris, e dedicava-se aos estudos, à oração, à caridade e ao trabalho de catequista – chegou a ensinar 4.000 crianças, descobrindo assim sua vocação de educador. Mas aos 21 anos, tendo falecido os pais, teve que assumir o cuidado dos irmãos. Só foi ordenado sacerdote aos 27 anos, em 1678, após terminar os cursos de Filosofia e Teologia. É encarregado da administração da própria universidade, e conhece Adriano Nyel, um leigo com a proposta de criação de escolas populares e gratuitas para os jovens pobres, com quem passa a trabalhar. Mas logo percebe que os professores não eram bem preparados, e pouco estimulados. Iniciou assim uma escola para a formação de mestres leigos, alugando uma casa onde foi morar com seus professores, de modo a instrui-los pessoalmente. Preocupava-se também com a sua formação moral, e não apenas cultural.
Suas modificações pedagógicas incluíam a introdução de aulas coletivas, e não mais individuais, dividindo as lições em classes no ensino fundamental. Pela primeira vez, as aulas de leitura deram prioridade à língua materna, o Francês, ao invés do Latim. Organizou cursos noturnos e dominicais para jovens trabalhadores. Ofereceu, ineditamente, cursos de formação técnica, comercial e profissional para jovens (bem como havia criado a formação normalista dos professores).
A primeira escola lassalista, gratuita, surgiu em 1679. Em 1681 João termina o doutorado, após o que fundou a Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, com o carisma da formação humana e espiritual de crianças e adolescentes pobres. Esta nova Congregação era composta não só por sacerdotes mas também homens leigos consagrados (ideia seguida posteriormente pelos maristas), que renunciavam ao matrimônio para se dedicar totalmente aos alunos.
Rapidamente novas escolas foram sendo abertas, e em 1700 a Congregação abriu um Seminário, onde era ensinado pedagogia, gramática, leitura, matemática, física, catecismo da Igreja Católica e música litúrgica. João renunciou ao cargo de cônego e seus privilégios (em favor de um sacerdote muito pobre) e distribuiu os bens de família aos necessitados. Assim os Irmãos e as escolas passaram a viver confiando apenas na providência de Deus – multiplicaram-se logo por toda a França.
Como é normal no caso de santas obras, seu crescimento foi acompanhado de injustiças: os chamados "professores de rua" acusaram João de receber dinheiro dos alunos, gozar de privilégios reservados às associações profissionais e manter um grupo de professores sem a devida autorização. Ele foi atacado pelo alto Clero de Paris, por alguns párocos, por autoridades civis, a ponto de ser obrigado a transferir tudo para a cidadezinha de Saint-Yon, perto de Rouen. Reagiu retirando-se em oração, isolamento penitencial, meditação e estudo. Por fim, em 1702, após uma visita canônica, João foi deposto do cargo de superior. “Se o nosso Instituto for obra humana, vai desaparecer; mas, se for obra de Deus, todo esforço para destruí-lo será inútil”, foi sua resposta.
Na sexta-feira da Paixão, sete de abril de 1719, idoso, João, que sempre dedicara muitas horas diárias à oração e duras penitências, faleceu em Rouen. Sua Congregação contava então com 700 Irmãos, mais de 100 Casas e 20 mil alunos. Atualmente está espalhada por todo o mundo, incluindo o Brasil. São João Batista de la Salle é considerado o precursor do ensino popular generalizado, e declarado padroeiro principal e universal de todos os educadores.
Reflexão:
“Ora, se um cego guia outro cego, ambos cairão num buraco” (Mt 15,14). São João de la Salle “logo percebe que os professores não eram bem preparados, e pouco estimulados”, e “Preocupava-se também com a sua formação moral, e não apenas cultural.” Retrato discente no século XVII, época do rei Luís IV de França, com esplendor político e decadência moral; e no século XXI, época do reinado da mediocridade cultural no mundo, com destaque para a política distorcida e para a decadência moral e espiritual… a importância dos mestres, daqueles que formam os demais, é fundamental, e não por outro motivo Deus Se nos ofereceu a Si mesmo, na Encarnação de Cristo, como Mestre dos mestres, e os Apóstolos e seus sucessores como continuadores desta missão; rezemos muito pelo clero atual, especialmente o Papa e os bispos, para que sejam fiéis à sua obrigação; pois é a partir deles que se formam as outras lideranças na sociedade. Se tudo o que é humano, como a cultura, a política, os meios de comunicação, não estiverem impregnados do Evangelho, as ideologias mundanas, cujo inspirador é, em última análise, o diabo, transformam esta vida numa escravidão ao pecado, onde Deus é perseguido e os povos são tiranizados sob a mentira e a violência – espiritual, moral, intelectual, física.
Oração:
Senhor Deus, supremo Mestre, que nos ensinais sempre os caminhos do Bem, concedei-nos pela intercessão de São João Batista de La Salle a graça de termos santos mestres, espirituais e em todas as outras áreas da vida, para que aprendamos e coloquemos em prática coerentemente os Vossos ensinamentos, que devem iluminar tudo, absolutamente tudo o que fazemos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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