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Liduina nasceu em Schiedam, Holanda, em 1380, numa família humilde e caridosa. Única mulher entre oito irmãos, desde cedo manifestou devoção a Nossa Senhora. Criança, já se preocupava em guardar roupas e alimentos para os abandonados, pobres e doentes.
Com 15 anos, sofreu um gravíssimo acidente ao patinar com amigos, quase morrendo. Afetada nas costelas, na coluna e com outras lesões internas, progressivamente apareceram mais complicações; ficou paralítica exceto da mão esquerda, tinha hemorragia na boca, orelhas e nariz, e jamais se recuperou, permanecendo o resto da vida na cama. Um dos médicos mais conhecidos da época disse, “não há médico no mundo que cure esta doença, porque ela é obra de Deus. Deus operará tais maravilhas nesta criatura, que eu daria o peso de ouro pela cabeça dela, para ser pai de semelhante filha."
Passando o tempo, Liduina chegou quase ao desespero. Um padre, João Pot, a ajudou, lembrando-lhe que, se Deus poda uma árvore, é para que ela possa produzir mais frutos. Ela assim entendeu que o seu sofrimento, aceito por amor, poderia ser um caminho para a sua salvação e a de outros. Realmente, muitas pessoas foram curadas ou se converteram através dela, que, mesmo com dores imensas, permanecia doce e amável.
Liduina não mais pediu a Deus a própria cura, porém amor para, com os sofrimentos, obter a conversão das almas. Recebeu o dom da profecia e da cura, e, depois de 12 anos enferma, também êxtases espirituais e visões celestiais, além de ser consolada constantemente pelo seu Anjo da Guarda. Alimentava-se apenas da Eucaristia, fato documentado em 1421 por autoridades civis.
Seus sofrimentos aumentaram nos últimos sete meses de vida, e ela faleceu em 14 de abril de 1433. Sua casa, de acordo com seu desejo ao padre e ao médico que a acompanhavam, foi transformada um hospital para pobres com doenças incuráveis. Curas aconteceram durante o seu velório em pessoas que lá estavam, e seu corpo voltou a ter a mesma beleza de antes do acidente, com o desaparecimento de todas as feridas. É padroeira dos patinadores e dos doentes incuráveis.
Reflexão:
Nossa vida está nas mãos do Senhor, sempre, ainda que pretensiosamente o ser humano queira acreditar nos seus próprios planos e autosuficiência. Num momento tudo pode mudar de modo imprevisível, simplesmente não temos controle sobre isso. Deus provê a cada um aquilo que na Sua sabedoria e bondade será nosso caminho particular de salvação. Assim, situações que mundanamente são “desgraças”, podem ser ao contrário graças imensas de Deus, que deseja a nossa felicidade infinita no Céu, e não uma ilusão passageira de conforto e prazer. Certamente Ele dá, junto com as dificuldades, as graças necessárias, pois evidentemente não temos condições de lidar com sofrimentos sem a Sua ajuda; mas é necessário que reconheçamos a Sua vontade amorosa para nós em qualquer situação, e aceitemos as graças que nos conduzirão à maior santidade, num processo que cura não apenas as nossas almas, mas abre este mesmo caminho para os demais. Aceitar – com alegria – a vontade de Deus para nós é caminho certo de salvação, felicidade e santidade, não importa o grau de dificuldade encontrado. “Liduina” significa “sofrer largamente”, e esta disposição divina para a vida desta nossa santa irmã, longe de ter qualquer inferência negativa, implicou no verdadeiro “carregar a própria cruz” (cf. Mt 10,38) e “completar na própria carne o que falta aos sofrimentos de Cristo em favor da Igreja” (cf. Col 1,24). A doença não a impediu de ser alegre, “doce e amável”. Aceitemos, portanto, as dificuldades nesta vida, com disposição de oferecê-las a Deus, estando preparados pelo intenso empenho espiritual para encontrar com o Senhor a qualquer momento, em qualquer situação.
Oração:
Senhor Deus, médico das almas e dos corpos, que conheceis as nossas fraquezas e limitações, concedei-nos pela intercessão de Santa Liduina o reconhecimento e aceitação da Sua bondade infinita para conosco em qualquer circunstância, bem como a fortaleza nos sofrimentos, para que nos leve, e ao próximo, à salvação, e a graça de não nos queixarmos ou revoltar-nos frente a dificuldades que muitas vezes nem graves são. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que por nós sofreu a Paixão, e Nossa Senhora, cuja dor foi a maior da Humanidade, depois da de Cristo. Amém.
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