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Santa Matilde nasceu por volta de 890, na região de Westfália, Saxônia (no norte da Alemanha). Filha do conde Teodorico de Ringelheim (também conhecido como Dietrich da Vestfália ou Dietrich de Saxe) e Reinilda da Frísia (ou Reinhild da Dinamarca), ambos de nobre estirpe. Foi primorosamente educada pela avó, a abadessa Matilde do mosteiro beneditino de Herford na Westfália.
Aos 14 anos, em 909, casou-se com Henrique I, duque da Saxônia e depois rei da Germânia (Alemanha), com o qual teve cinco filhos: Edwiges da Saxônia, depois esposa do duque Hugo, o Grande; Oto, mais tarde rei e imperador; Gergerba da Saxônia, casada com Gilberto de Lotaríngia e, em segundas núpcias, com o rei Luís IV da França; Henrique I da Baviera; e Bruno, o mais moço, que veio a ser arcebispo de Colônia na Alemanha e se tornou um grande santo.
Matilde dedicava-se à oração e à meditação, inclusive durante a noite. Seu patrimônio era usado em favor dos necessitados, e frequentemente visitava os doentes, servia os pobres e obtinha a liberdade para os presos; a estes procurava também que sinceramente se arrependessem e penitenciassem. O rei estava de acordo com ela nestas atividades, e sob sua influência, também em questões políticas, ele fez um reinado bom para o povo e em geral pacífico. Ele favoreceu as artes, a construção de igrejas e proporcionou grandes obras caritativas. Restabeleceu a ordem interna do reino, e venceu os eslavos, húngaros e dinamarqueses, readquirindo o reino da Lotaríngia (parte da Europa central). A estes povos, Matilde procurava conquistar também para a Fé.
Em 936 morreu Henrique I, quase repentinamente, e sérios problemas perturbaram a rainha e o reino. Houve uma disputa sucessória pelo trono entre Oto, o primeiro filho homem e indicado ao trono, e o irmão Henrique, que Matilde apoiava, porque Oto havia nascido quando Henrique I era ainda duque, e não rei; logo, o primeiro filho homem do rei Henrique era o seu filho homônimo. A disputa tomou as proporções de uma guerra civil, gerando desgosto e tristeza para Matilde, e foi vencida por Oto, coroado como imperador Oto I, em Roma.
Oto e Henrique se uniram, porém para uma repugnante decisão: entenderam, injustamente, que a sua mãe e rainha gastava muito do erário real com obras de caridade, e de comum acordo a exilaram e confiscaram seus bens. Matilde foi para o convento de Quedlimburgo em Engern, na Baixa Saxônia.
Depois disso, o reino começou a sofrer invasões, rebeliões e desastres naturais. Oto e Henrique compreenderam que sua injustiça estava sendo punida, e, procurando Matilde, pediram-lhe, de joelhos, perdão pelos seus atos.
Desde antes da viuvez, Matilde rezava muito, além do ofício de toda noite, e jamais deixou de ofertar algo nas Missas. Todos os dias apresentava ao padre sua oferenda de pão e de vinho para a salvação de toda a Igreja. Como viúva, oferecia o Santo Sacrifício pelos pecados do esposo falecido, colocando intenções para ele, pelo resto da vida, no oitavo e no trigésimo dia da sua morte, e no dia do seu aniversário. E, de volta à corte, Santa Matilde dedicou-se ainda mais às obras de caridade.
Agora, com o apoio de Oto, fundou muitas Igrejas e mosteiros, e também hospitais. Nas suas viagens, levava círios para distribuir nas igrejas, e alimentos para os pobres. Nas cidades onde passava o inverno, providenciava uma fogueira para os pobres e viajantes, que eventualmente ela mesma servia. Dava a eles roupa ou alimento conforme a necessidade. Não passava um dia sem, pessoalmente, praticar alguma obra de caridade.
No mesmo ano da fundação de um grande mosteiro, 955, faleceu o filho Henrique, duque da Baviera.
Em 967, em Northause, onde fundara um mosteiro de três mil religiosas, teve o último encontro com os filhos e os netos. Ali, intuindo a própria morte, despediu-se deles. Voltou então ao mosteiro de Quedlimburgo, onde adoeceu. Doou seus últimos bens aos bispos e sacerdotes, confessou-se com o neto, arcebispo de Maiença, e faleceu a 14 de março de 968, sendo sepultada ao lado do marido.
É desta Santa Matilde que descenderam os reis de Portugal e, portanto, também a Família Imperial do Brasil.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Amor a Deus, à família e ao próximo, especialmente os mais necessitados, resultando numa imensa caridade: este poderia ser um resumo do perfil de Santa Matilde. E deveria ser também o perfil essencial de todo católico. A sua maior riqueza, o seu coração, ela o compartilhou com todos, em perfeita escala hierárquica. E sua maior caridade foi abrigar Deus no coração, para isto um coração tem que ser imenso. Foi assim muito mais rainha de si própria dos que dos súditos, isto é, reinou mais sobre si mesma ao escolher servir com fidelidade a Deus, do que ordenando a vida dos súditos: com estes, seguindo o exemplo de Cristo, colocou em prática a máxima de que reinar é servir, e servir é reinar. Sua caridade imensa se refletiu na imensa fidelidade a Deus, nos imensos auxílios ao Seu Corpo Místico, a Igreja; no imenso cuidado ao esposo, a quem sempre ajudou, e aos filhos, particularmente num imenso gesto de perdão; nas imensas esmolas que distribuiu aos mais necessitados. Imensidade, grandeza – nobreza – de coração. Que o Brasil possa desfrutar da imensidade espiritual desta linhagem.
Oração:
Senhor, Deus de suma majestade, concedei-nos por intercessão de Santa Matilde um coração imenso de espaço para Vós, e portanto esvaziado de egoísmos, para que assim, repletos de Vossa real presença, possamos reger a alma com os decretos da Vossa caridade, e assim ganhar a coroa imperecível do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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