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Aniceto nasceu na Síria, talvez em Emesa (atual Homs), no ano 110. Eleito Papa entre 154 e 156, foi o primeiro pontífice a condenar uma doutrina herética, o montanismo (de Montano da Frígia, hoje Turquia, por isso conhecida também por “heresia frígia”; entre outras coisas, proclamava um falso profetismo, o iminente fim do mundo e a negação da absolvição aos pecados graves, ainda que houvesse verdadeiro arrependimento e confissão).
Também enfrentou o gnosticismo (heresia que alegava ser a matéria uma prisão do espírito, capaz de ser liberto pelo mero conhecimento intuitivo) e o marcianismo (de Marcião, que pregava ser o Deus do Antigo Testamento outro, diferentes, de Deus do Novo Testamento), além da perseguição do Império Romano.
Aniceto atraiu, influenciou e contou com a ajuda de São Justino (grande filósofo e teólogo que conheceu e abraçou a Fé cristã, morrendo mártir). Também foi a Roma ver o Papa o grego Hesegipo, importantíssimo por ser o primeiro historiador cristão, tendo vivido muito próximo do tempo dos Apóstolos; escreveu um livro defendendo Aniceto, provando que este seguia a verdadeira Doutrina de Cristo, e não hereges que vinham a Roma para difundir ideias maniqueístas, como Marcião, Marcelino, Valentino e Cordo, e destacou a autoridade e dignidade dos Romanos Pontífices.
E o já idoso São Policarpo, bispo de Esmirna e discípulo de São João Evangelista, foi consultar o Papa sobre a data da Páscoa, que no Oriente era celebrada no dia 14 da lua do mês de março, seguindo uma tradição de São João, enquanto que no Ocidente a Igreja, baseada no exemplo de São Pedro, a comemorava no domingo seguinte à lua cheia da primavera. Não chegaram a um acordo, e o Papa permitiu que São Policarpo seguisse no Oriente a sua tradição, mas com o tempo prevaleceu na Igreja, universalmente, a posição de Aniceto. A postura respeitosa de São Policarpo foi um poderoso testemunho da autoridade papal e de que a Sé de Roma representava a verdadeira Igreja de Cristo fundada em Jerusalém, o que levou a muitas conversões.
Este Papa proibiu ao clero o uso de cabelos compridos, de forma a não permitir ou favorecer atos e preocupações de pecaminosa vaidade.
Santo Aniceto faleceu em 166, sob a perseguição de Marco Aurélio Antonino e Lúcio Vero, provavelmente entre 16 e 20 de abril. Seu título de mártir indica antes o seu extremo e sofridíssimo desgaste pelo zelo da Igreja, já que não consta nenhum registro formal de sua morte violenta.
Reflexão:
O principal e mais desgastante serviço de Aniceto foi o combate às diferentes heresias, que logo no século I já tentavam desvirtuar a Fé, e que também hoje, de forma mais sutil e com outras apresentações, igualmente procuram afastar as almas de Deus. O diabo nunca descansa, e por isso a Igreja, que também somos nós, temos que estar sempre atentos na busca sincera da Verdade, pois Cristo avisou, “Cuidado com os falsos profetas” (cf. Mt 7,15-20); e São Paulo nos atualiza, “Porque vai chegar um tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas, sentindo cócegas nos ouvidos, reunirão em torno de si mestres conforme as suas paixões” (cf. 2 Tm 4,2-5). Perfeito retrato da atualidade... Quantos não se dizem, hoje, “católico não praticante”, o que não existe!, ou afirmam ser católicos “mas não concordam com algumas coisas da Igreja”, o que é simplesmente heresia. São os “católicos de supermercado”, que pretendem escolher só os “produtos” que lhes interessam da Doutrina, da Liturgia, da Teologia, para viverem, como denunciou o Papa Bento XVI, como ateus na prática, relativistas que desejam acalmar as próprias consciências sendo “oficialmente de Deus” mas vivendo sob as ideias mundanas, que provêm do diabo. Antes assumissem, se têm convicção, o estilo de vida que desejam, mas sem se declarar da Igreja Católica, que de fato não são; pois mais grave é querer levianamente, e até mesmo de forma pouco inteligente, viver com a pretensão de “enganar” a Deus, ou talvez “fazer um acordo”, unilateral, com Ele: "Conheço tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca" (Ap 3,15-16).
Oração:
Senhor, que sois imutável, concedei-nos pela intercessão de Santo Aniceto não nos deixarmos levar pelos modismos e vaidades deste mundo, mas ao contrário sermos firmes no combate aos erros que se tentam infiltrar na Igreja, dando testemunho da Verdade para o nosso bem e o dos irmãos, de modo a podermos comemorar no tempo certo a Vossa Páscoa definitiva. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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