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São Cirilo de Jerusalém

Cirilo nasceu por volta do ano 315 em Jerusalém ou em seus arredores. Teve um lar cristão, com uma vida financeira confortável, e recebeu uma sólida formação nas Sagradas Escrituras e em matérias humanísticas. Em 348 foi eleito bispo, patriarca de Jerusalém. Enormes foram suas contribuições para o ensinamento da sã Doutrina.

Deixou diversos escritos, como a descoberta da Cruz e da rocha que fechava o Santo Sepulcro, mas os mais famosos deles, sua obra-prima, foram as "Catequeses", que estão entre os mais preciosos tesouros da antiguidade cristã; duas importantes constituições dogmáticas do Concílio Vaticano II, a Lumen Gentium sobre a Igreja, e a Dei Verbum sobre a Revelação Divina, foram inspiradas em seus escritos.

Suas catequeses foram redigidas como parte da preparação dos catecúmenos para o batismo, à qual se dedicou por muitos anos e com muito cuidado. Elas tratam com rigor doutrinal e profundidade, mas de forma simples e direta, temas como o pecado, os Sacramentos, o Credo e outros pontos essenciais da Fé. Constituem-se de uma Introdução, 23 “Aulas Catequéticas”, “Orações Catequéticas” ou “Homilias Catequéticas”, e cinco “Catequeses Mistagógicas”.

As "Aulas Catequéticas", ministradas na Quaresma, instruem sobre os principais tópicos da fé e da prática cristã. Cada aula baseia-se num texto das Escrituras e inclui admoestações contra concepções pagãs, judias e erros heréticos. Elas são de grande importância para o entendimento do método de ensino e das práticas litúrgicas geralmente utilizados na época, provavelmente o seu mais completo registro sobrevivente. As "Catequeses Mistagógicas", ministradas durante a semana de Páscoa para os que haviam recebido o batismo (neófitos), têm este nome por tratarem dos "mistérios" , ou seja, os Sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia.

O episcopado de Cirilo, entre 350 e 386, sofreu interrupções por conta das perseguições arianas, num total de 16 anos. A heresia ariana negava a divindade de Jesus. Foi exilado pela primeira vez em 357, pelo bispo ariano Acácio de Cesareia da Palestina, que pretendia que a sede de Jerusalém fosse submetida à sua: convocou um concílio, sem a presença de Cirilo, acusando-o formalmente de vender propriedades da Igreja para ajudar os pobres, e lhe impôs um retiro forçado na cidade de Tarso, na Cilícia. Mas em 359 o concílio episcopal de Selêucia reinstalou Cirilo e depôs Acácio. Foi expulso pela segunda vez em 360, por causa das pressões de Acácio sobre o imperador filo-ariano, Constâncio. Retornou com a morte do soberano. Em 367 o imperador ariano Valente o condenou ao mais longo – 11 anos – e cruel exílio, encerrado definitivamente quando Graciano assumiu o trono em 378. Assim, em 381, Cirilo pôde participar do II Concílio Ecumênico de Constantinopla, que o confirmou na sede de Jerusalém, e quando foi proclamado o Credo Niceno-Constantinopolitano, que explicitava e corrigia em definitivo o erro ariano.

 São Cirilo morreu em 386, provavelmente no dia 18 de março, com 71 anos. Foi proclamado Doutor da Igreja.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho



Reflexão:

“Ide ao mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas (Mc 16,15).” Esta é uma ordem explícita de Jesus, Ressuscitado, aos Apóstolos. A catequese é uma obrigação e a maior caridade que se pode fazer, pois muitas almas não chegam a Deus simplesmente porque não há quem lhes transmita a Verdade (cf. Rm 10,14-17). É preciso difundir a Fé pelo exemplo e pela palavra, em harmonia e coerência, mas se a nossa imperfeição muitas vezes atrapalha os bons exemplos, a palavra de Deus está sempre certa (incluindo a advertência sobre estas falhas no exemplo). Não se pode pretender – o que seria imemso pecado! – levar os outros a Deus sem nos esforçarmos ao máximo para sermos os primeiros a viver o que vamos pregar, mas mesmo Cristo (cf. Mt 23,3) orientou a que se seguisse a lei de Deus, mesmo que os fariseus, que a ensinavam, não a cumprisse. Essencial é sempre pregar, quando conveniente ou não – cf. 2Tm 4,1-7 –, pois, como admoesta São Paulo, virão tempos em que os homens não suportarão a Boa Nova da Verdade e buscarão mestres que ensinem segundo as paixões das suas próprias fantasias, a tarefa pastoral mais importante no tempo de São Cirilo era catequizar os pagãos; mas as palavras de São Paulo parecem escritas especialmente para os nossos dias, e, infelizmente, não apenas para outros, mas primeiramente para os católicos, dentre os quais há quem pensa poder “escolher” só alguns pontos da Doutrina e não seguir o resto. Agir de acordo com a própria consciência é um direito, mas é questão de simples honestidade, intelectual e espiritual, assumir que não se é católico, quando não se quer seguir – ou mesmo conhecer de verdade – o ensinamento de Deus e da Igreja. Conhecer a Fé não exige uma titulação acadêmica em Teologia, mas interesse e empenho sinceros de saber o Catecismo e nele sempre mais se aprofundar, dentro das possibilidades de cada um. Não se pode amar o que não se conhece; e não conhecer corretamente a Deus e o que Ele ensina, talvez por desinteresse ou comodismo, é já um caminho de escolher não amá-Lo.

Oração:

Senhor Deus, que Vos fizestes Verbo, Encarnado para escrever a salvação em nossos corações, concedei-nos por intercessão de São Cirilo ouvir com amor e atenção a Vossa Palavra, guardá-La na alma e proclamá-La por nossas vozes e ações, sendo como dizia este santo “portadores de Cristo”, de modo a termos nossos nomes grafados no Livro da Vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

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