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Marcos Reyd nasceu na cidade de Sigmaringen, região da Suábia, Alemanha, em 1577. Era de família nobre. Jovem de inteligência brilhante e vocação acadêmica, estudou na Universidade de Friburgo, Suíça, onde formou-se em Filosofia, Direito Civil e Canônico, Advocacia e “Licenciatura” (como Professor), em 1601.
Em 1604 foi nomeado tutor de três jovens da nobreza, com os quais viajou durante seis anos pela Europa. A eles procurou passar os valores da Fé católica, também com o exemplo da frequência às Missas, auxílio aos pobres e doentes. Depois disso, trabalhou como advogado em Colmar, na região da Alsácia (atualmente no nordeste da França, na fronteira com a Suíça e a Alemanha, e historicamente disputada entre franceses e germânicos).
Ali ficou conhecido como "advogado dos pobres", pois atendia gratuitamente aos que não podiam lhe pagar. Desgostou-se com algumas injustiças que não pode impedir; e, temendo não resistir às tentações do mundo, decidiu aos 34 anos retirar-se para um convento e se tornar sacerdote.
Em 1612 entrou para a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em Friburgo, doando parte dos seus bens à biblioteca e ao seminário da diocese (para beneficiar os sacerdotes com menos recursos), e o restante aos pobres. Ao fazer os votos perpétuos, adotou o nome de Fidélis. Sua vida religiosa caracterizou-se pelo amor à austeridade, penitência e humilhações.
Não bebia vinho, usava sempre o cilício, era dócil ao seu diretor espiritual. Auxiliou corajosamente os enfermos da peste. Escreveu muito e bem, tornando-se um grande mestre da espiritualidade franciscana por sua profundidade espiritual e teológica. Excelente pregador, visitou muitas cidades alemãs e suíças, também em regiões rurais; os bons frutos surgiram e a notícia chegou a Roma. O Papa Gregório XV o enviou então para a Suíça, reduto de heréticos calvinistas, na tentativa de trazê-los de volta à Igreja.
Enfrentou muitas ameaças de morte e cansaços, e em 1622, acompanhado por outros oito dominicanos, chegou ao Cantão de Prétigout, que estava sob domínio austríaco. Tendo convertido muitos hereges, incluindo nobres, despertou a ira dos calvinistas, que planejaram matá-lo e iniciar uma revolta contra o imperador austríaco. Fidélis não temia por sua vida, e profeticamente deixou escrito que seria assassinado, mas avisou os austríacos do levante, querendo evitar batalhas e mortes. Por isso os hereges o acusaram de ser espião da Áustria.
Em 24 de abril, após celebrar uma Missa na aldeia de Grush, iniciou-se uma batalha entre grisões (suíços) e austríacos; Fidélis ainda conseguiu ir pregar na vizinha Sevis, mas na volta a Grush uma tropa suíça o reteve e tentou obrigá-lo a se tornar calvinista. Negou-se e foi atingido por um golpe de espada. De joelhos, rezou perdoando seus assassinos, e um segundo golpe o matou. Em fúria, os soldados ainda apunhalaram o corpo e cortaram uma perna. Posteriormente, o comandante da tropa arrependeu-se e abjurou a heresia.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Advogar a causa de Cristo e Sua Igreja exige que o católico seja fiel, “Fidelis”, e de fato não é por outro nome que são conhecidos os filhos de Deus. As primeiras experiências de vida de Marcos Reyd o confrontaram com as falhas da justiça humana, a ponto de, na sua consciência sensível, perceber o perigo de também ele não resistir aos apelos mundanos. Este primeiro passo, a decisão de buscar a Verdade acima de qualquer outra coisa, é sempre decisiva, e por isso, com maturidade de idade e espírito, ele humildemente foi buscar forças na vida consagrada. Pôde, então, mais seguramente chamar-se “Fidelis”, pois com o amparo da oração e da penitência preparou a alma para a missão de pregar frutuosamente. Não fugiu da certeza da morte, considerando ser mais importante para o bem daqueles para quem pregava a sua permanência (embora esta não fosse uma obrigação absoluta); como Cristo, perdoou os seus assassinos, e de fato, por causa disso, salvou mais uma alma: a salvação de um único irmão já justifica toda uma vida de apostolado, pois Deus mesmo sofreria a Paixão ainda que só um de nós aceitasse a Redenção: cada um de nós tem para o Pai um valor infinito. A nossa própria fidelidade a Ele, para ser infinita no Céu, deve ser provada e escolhida nesta vida.
Oração:
Senhor, Justo Juiz, que em nosso benefício enviastes do Céu o Espírito Santo Paráclito, isto é, Advogado e Defensor, concedei-nos por intercessão de São Fidélis de Sigmaringen a humildade de reconhecermos as nossas fraquezas diante dos apelos do mundo, para buscarmos com sinceridade o auxílio que vem somente de Vós, e assim podermos ser fortalecidos para fazer o bem aos irmãos conforme ordenais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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