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Santa Anísia
Localização: Tessalônica, Grécia

Anísia nasceu no ano de 284 na Tessalônica, em Macedônia da Grécia. Era filha de um casal muito religioso, que a educou na Fé católica. O falecimento prematuro dos pais a deixou herdeira de grande fortuna, incluindo terras, escravos e joias.

Dedicou-se ela então, ainda jovem, a uma vida muito discreta, de oração, jejum e vigílias, seguindo os Mandamentos. Em relação a estas coisas, dizia: "Ó, quão falsa é a vida da juventude, ou escandalizam ou são escandalizados. O melhor é a velhice; mas a tristeza me consome por causa da distância de tempo que me separa do Paraíso". E também: "É perigoso dormir enquanto meu inimigo mantém vigília". A riqueza material não a corrompeu; ao contrário, fez um voto particular de castidade e pobreza, e de forma coerente, ciente de que, como ensinam os Evangelhos, é difícil aos ricos entrar no Reino dos Céus (Mt 19,23-24), usou seus bens para ajudar os necessitados: libertou os escravos e vendeu as propriedades, usando o valor adquirido na caridade para com os mendigos, os presos, os órfãos e as viúvas. Além do auxílio material, cuidava dos doentes e consolava os aflitos.

Seus recursos financeiros acabaram por se esgotar, e Anísia passou a viver numa pobreza extrema, tendo que trabalhar para se sustentar, sem contudo deixar de atender os enfermos e angustiados.

O período correspondia ao das duras perseguições aos católicos, determinadas pelos imperadores romanos Dioclesiano e Maximiano no Ocidente. Não apenas a pena de morte foi decretada aos cristãos que não abjurassem a sua Fé e abraçassem a idolatria pagã, mas eram facultudas a qualquer cidadão do império tais execuções, sem nenhuma pena legal. Logo corpos de mártires começaram a ser encontrados nas estradas, nas vilas e nas cidades… Em Tessalônica, governava Ducisio, que implementou o decreto imperial, de modo a que os cristãos não mais celebrassem a Missa nem batizassem mais convertidos.

Estas determinações não conseguiam evitar que os fiéis se reunissem para reuniões religiosas e para a Eucaristia. Anísia, a caminho de uma igreja, passou perto de uma aglomeração diante de um templo pagão, onde um soldado, observando-a, a parou, para que entrasse no templo e participasse do sacrifício prescrito no festival a Apolo, o deus do sol. A sua resposta foi de que era cristã e estava indo à Missa. Tomado de raiva, o soldado a agarrou com brutalidade, querendo levá-la para dentro do templo, blasfemando contra Deus e tentando arrancar-lhe o véu. Indignada, ela cuspiu no seu rosto, dizendo: "Meu Senhor Jesus Cristo te proíbe!". Ouvindo o nome de Cristo, a Quem odiava, o soldado puxou da espada e a atingiu no lado do corpo, matando-a de imediato. O ano da sua morte é referido como 299 ou 304.

Alguns cristãos a recolheram e sepultaram próximo ao Portão de Cassandra, à entrada da cidade, onde mais tarde foi construída uma capela. Santa Anísia é venerada na Igreja Católica, a 30 de dezembro, e na Igreja Ortodoxa, a 1 de janeiro, que dedica a ela ao menos uma kontakion, isto é, um tipo de hino temático próprio dos ortodoxos e outras denominações cristãs orientais.



Reflexão:

Embora seja evidente a santidade dos mártires, cada um deles apresenta um aspecto personalíssimo que nos encanta e edifica diferentemente. Santa Anísia, antes do martírio, já apresentava, também, algo comum aos canonizados: não apenas desprendeu-se dos seus bens materiais, mas deu-se a si mesma, o que é ainda mais importante para os irmãos e agradável a Deus, pois mais fundamental é o pão do espírito do que o pão objeto. Ainda outra generalização é o fato de que, como ela e os santos, sempre somos interceptados pelos poderes deste mundo quando nos dirigimos a Cristo… queira Ele que sejamos tão firmes na sua mesma resposta. Mas muito particular é de Santa Anísia é a sua bela reação de decoro, quando com violência lhe quiseram arrancar o véu: o véu do decência, da castidade, de corpo e da alma: naquele momento, não apenas uma indiscrição e inconveniência física estavam sendo tentadas, mas era agredida a sua disposição de recolhimento, alma e corpo, em Cristo Jesus; sua vida inteira foi ameaçada pela devassa mundana, à qual ela reage com santa violência e indignação, invocando a Verdade que deve suprir e guiar a nossa existência: "Meu Senhor Jesus Cristo te proíbe!", mundo, pecado, demônio e/ou fraquezas pessoais, de arrancar ou perturbar a intimidade de uma alma na sua Vida, que é Cristo. Por isso ela não hesitou, diante de tamanha desfaçatez, injúria e violência, em cuspir no rosto – do mundo, do pecado, daquilo que a queria arrastar para longe de Deus. Uma reação de desprezo, santo desprezo, a tudo o que afasta do Senhor e tenta impedir a nossa salvação. É absolutamente imperativo “usar o valor adquirido” nesta vida, para termos o Céu; e não há outro valor, senão Cristo Jesus. Necessário é resistir ao mundo, com firmeza sempre, com radicalidade se queremos de fato viver a santidade.

Oração:

Ó Deus de infinita bondade, que sempre nos recompensa com muito mais do que merecem as nossas obras, concedei-nos por intercessão de Santa Anísia a verdadeira juventude da alma, que nos traz a sincera saudade do Paraíso, e por isso nos leva à firmeza das boas obras e a nunca dormir frente aos assaltos do inimigo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

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