Por Rita de Sá Freire Em Catequese

Especial 13 de maio (II) – Aparições do Anjo da Paz

Anjo de Portugal

As Primeiras Três Visões Silenciosas do Anjo em 1915

Essas visões permaneceram inéditas até 1937, até Lúcia as divulgar, pela primeira vez, no designado texto Memória II. A narração é mais completa e o texto definitivo das orações do anjo é publicado na Memória IV, escrito em 1941.

Nas suas Memórias, a Irmã Lúcia escreve: “Pelo que posso mais ou menos calcular, parece-me que foi em 1915 que se deu essa primeira aparição do que julgo ser o Anjo, que não ousou, por então, manifestar-se de todo. Pelo aspecto do tempo, penso que se deveram dar nos meses Abril até Outubro de 1915″ … “Na encosta do cabeço que fica voltada para o Sul, ao tempo de rezar o terço na companhia de três companheiras, de nome Teresa Matias, Maria Rosa Matias, sua irmã e Maria Justino, do lugar da Casa Velha, vi que sobre o arvoredo do vale que se estendia a nossos pés pairava uma como que nuvem, mais branca que neve, algo transparente, com forma humana. As minhas companheiras perguntaram-me o que era. Respondi que não sabia. Em dias diferentes, repetiu-se mais duas vezes. Esta aparição deixou-me no espírito uma certa impressão que não sei explicar. Pouco a pouco, essa impressão ia-se desvanecendo e creio que, se não são os fatos que se lhe seguiram, com o tempo viria a esquecer por completo”.

As Três Aparições do Anjo em 1916

Na sequência das visões silenciosas, em 1916 o Anjo da Paz apareceu três vezes aos pastorinhos de Fátima para prepará-los para as aparições futuras da Virgem Maria e levá-los com a Sagrada Comunhão ao estado sobrenatural. Este chegou em primeiro lugar para os pastorinhos dizendo-lhes para não terem medo e rezarem com ele a oração que lhes indicaria. Nessas aparições, o Anjo trazia mensagens de advertência que serviam para aproximá-los de Nossa Senhora e também para ajudá-los a compreender melhor Sua mensagem de fé e de esperança.

AS APARIÇÕES DO ANJO DA PAZ , conforme narração da Irmã Lúcia

Primeira Aparição do Anjo

Em plena de Primavera de 1916, irmã Lucia relata: “andava eu com os meus primos Francisco e Jacinta a cuidar do rebanho e subimos a encosta em procura dum abrigo a que chamávamos “Loca do Cabeço”. Depois de aí merendar e rezar, alguns momentos havia que jogávamos e eis que um vento sacode as árvores e faz-nos levantar a vista para ver o que se passava, pois o dia estava sereno. Então começamos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em direção ao nascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma dum jovem, transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol. À medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições. Estávamos surpreendidos e meios absortos. Não dizíamos palavra. Ao chegar junto de nós, disse:

Não temais! Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.

E ajoelhando em terra curvou a cabeça até ao chão, e nos fez repetir três vezes estas palavras: Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam”.fatima_anjo

Depois erguendo-se, disse: “Orai assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos às vossas súplicas.” E desapareceu.

A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo. Nesta aparição, nenhum pensou em falar nem em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também maior impressão, por ser a primeira assim manifesta.

2ª Aparição do Anjo – verão de 1916

Assim narra a Irmã Lúcia: “Fomos, pois passar as horas da sesta à sombra das árvores que cercavam o poço já vário vezes mencionado. De repente, vimos o mesmo Anjo junto de nós que disse:

- “Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.”
– Como nos havemos de sacrificar? – perguntei.
– “De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar”. E desapareceu.

 

Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz

Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado, o valor do sacrifício e como ele Lhe era agradável, como, por atenção a ele, convertia os pecadores. Por isso, desde esse momento, começamos a oferecer ao Senhor tudo que nos mortificava, mas sem discorrermos a procurar outras mortificações ou penitências, exceto a de passarmos horas seguidas prostrados por terra, repetindo a oração que o Anjo nos tinha ensinado.”

3ª Aparição do Anjo

Ocorreu no fim do Verão ou princípio de Outono de 1916, na Loca do Cabeço, no mesmo lugar da primeira aparição, como descreve Lúcia: “Rezamos aí o terço e a oração que na primeira aparição nos tinha ensinado. Estando, pois, aí, apareceu-nos pela terceira vez, trazendo na mão um cálice e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálice, algumas gotas de sangue. Deixando o cálice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração:

– “Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.

Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálice e a Hóstia e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o cálice deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo:

– “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus”.

De novo prostrou-se em terra e repetiu conosco mais três vezes a mesma oração:
– Santíssima Trindade… etc. E desapareceu.

Levados pela força do sobrenatural que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando-nos como Ele e repetindo as orações que ele dizia. A força da presença de Deus era tão intensa que nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de tempo. Nesses dias, fazíamos as ações materiais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e a felicidade que sentíamos eram grandes, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento físico que nos prostrava, também era grande.”

[Continua na terceira parte: Especial 13 de maio - Parte III]

Rita de Sá Freire

Associada da Academia Marial de Aparecida

Apostolado Nos Passos de Maria

www.nospassosdemaria.com.br/Facebook: Nos Passos de Maria

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