Na sexta parte deste estudo, buscamos demonstrar que o modelo eclesiológico no continente latino-americano vem sendo atualizado e, por isso, um novo rosto eclesial tem sido construído tanto pelos discursos quanto pelas práticas pastorais desenvolvidas nas dioceses, sob a cada vez mais presente atuação do episcopado. Dissemos também que esta nova eclesialidade, tendo como referência a igreja local, marcou de forma decisiva os trabalhos de elaboração do Documento de Aparecida, especialmente quanto ao papel do laicato na evangelização, orientado pela espiritualidade da comunhão e pelo modelo eclesial centrado em Maria.
Com efeito, no Documento de Aparecida os bispos da Igreja latino-americana e caribenha afirmam que na Virgem Maria, a mais perfeita discípula do Senhor, acontece a «máxima realização da existência cristã», e apontam como fundamento a maternidade de Maria, aquela que «viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos» (DA 266).
De fato, a maternidade de Maria é a base sobre a qual se sustenta toda a espiritualidade mariana da Igreja, cuja origem se dá na Anunciação, conforme afirmam os bispos em Aparecida: «Um dos eventos fundamentais da Igreja é quando o “sim” brotou de Maria» (DA 268). E o ápice dessa espiritualidade maternal acontece aos pés da Cruz, em que João é entregue por Jesus nas mãos da Mãe Santíssima: «Eis aí tua mãe!» (Jo 19,27). E o discípulo, representando toda a humanidade, recebe de Jesus «o dom da maternidade de Maria» (DA 267).
Se no coração do Altíssimo estava o desejo de que, pelas mãos de Nossa Senhora, viesse ao mundo a salvação, quem somos nós para mudar essa verdade? Daí porque São Luís Maria Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, elabora dois princípios a respeito da vontade de Deus para com Maria, advertindo que, se Deus, imutável em sua conduta, quis «começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem», por certo «não mudará de conduta nos séculos dos séculos» (Tratado, Vozes, 15). Pelo primeiro princípio, o santo mariano sustenta que é da vontade de Deus servir-se de Maria na Encarnação; e pelo segundo princípio, que Maria é um instrumento pelo qual Deus promove a santificação das almas. A partir de tais princípios, São Luís Maria formula a tese de que «o desejo de Deus Filho é formar-se e, por assim dizer, encarnar-se todos os dias, por meio de sua Mãe, em seus membros» (Tratado, Vozes, 31).
São nesses ensinamentos monfortinos que se fundamenta a Consagração a Nossa Senhora, a exemplo da formulada na Regra de Vida das Congregações Marianas do Brasil (RV 14), conforme a alocução do Papa Pio XII, proferida em 21 de janeiro de 1945 às Congregações Marianas de Roma.
Outros movimentos marianos também se inspiram na consagração proposta por São Luís em seu Tratado, realçada durante o ministério papal de São João Paulo II que, como lema de seu pontificado, se utilizou da expressão "totus tuus", retirada da já mencionada obra monfortina.
A «doação de si mesmo», expressão de Pio XII, se traduz como «entrega filial» nas palavras de São João Paulo II, para quem «a maternidade de Maria que se torna herança do homem é um dom: um dom que o próprio Cristo faz a cada homem pessoalmente» (Redemptoris Mater, 45). Na mesma carta encíclica, o saudoso papa mariano afirma que «mediante essa entrega filial em relação à Mãe de Cristo» é que precisamente se exprime a «dimensão mariana da vida de um discípulo de Cristo».
Por isso, irmãos e irmãs, fiquemos atentos para o quanto estamos, de fato, vivenciando essa “entrega filial”, essa “doação de si mesmo”, essa “consagração” a Nossa Senhora, que é a marca do carisma, do apostolado, do discipulado e da missionariedade de todo seguidor de Jesus Cristo que a Ele se consagra pelas mãos de Sua Santíssima Mãe.
Ad Jesum per Mariam!
José Aparecido Cauneto
Membro fundador da Academia de Letras e Artes de Paranavaí
e Membro da Academia Marial de Aparecida
Na sexta parte deste estudo, buscamos demonstrar que o modelo eclesiológico no continente latino-americano vem sendo atualizado e, por isso, um novo rosto eclesial tem sido construído tanto pelos discursos quanto pelas práticas pastorais desenvolvidas nas dioceses, sob a cada vez mais presente atuação do episcopado. Dissemos também que esta nova eclesialidade, tendo como referência a igreja local, marcou de forma decisiva os trabalhos de elaboração do Documento de Aparecida, especialmente quanto ao papel do laicato na evangelização, orientado pela espiritualidade da comunhão e pelo modelo eclesial centrado em Maria.
Com efeito, no Documento de Aparecida os bispos da Igreja latino-americana e caribenha afirmam que na Virgem Maria, a mais perfeita discípula do Senhor, acontece a «máxima realização da existência cristã», e apontam como fundamento a maternidade de Maria, aquela que «viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos» (DA 266).
De fato, a maternidade de Maria é a base sobre a qual se sustenta toda a espiritualidade mariana da Igreja, cuja origem se dá na Anunciação, conforme afirmam os bispos em Aparecida: «Um dos eventos fundamentais da Igreja é quando o “sim” brotou de Maria» (DA 268). E o ápice dessa espiritualidade maternal acontece aos pés da Cruz, em que João é entregue por Jesus nas mãos da Mãe Santíssima: «Eis aí tua mãe!» (Jo 19,27). E o discípulo, representando toda a humanidade, recebe de Jesus «o dom da maternidade de Maria» (DA 267).
Se no coração do Altíssimo estava o desejo de que, pelas mãos de Nossa Senhora, viesse ao mundo a salvação, quem somos nós para mudar essa verdade? Daí porque São Luís Maria Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, elabora dois princípios a respeito da vontade de Deus para com Maria, advertindo que, se Deus, imutável em sua conduta, quis «começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem», por certo «não mudará de conduta nos séculos dos séculos» (Tratado, Vozes, 15). Pelo primeiro princípio, o santo mariano sustenta que é da vontade de Deus servir-se de Maria na Encarnação; e pelo segundo princípio, que Maria é um instrumento pelo qual Deus promove a santificação das almas. A partir de tais princípios, São Luís Maria formula a tese de que «o desejo de Deus Filho é formar-se e, por assim dizer, encarnar-se todos os dias, por meio de sua Mãe, em seus membros» (Tratado, Vozes, 31).
São nesses ensinamentos monfortinos que se fundamenta a Consagração a Nossa Senhora, a exemplo da formulada na Regra de Vida das Congregações Marianas do Brasil (RV 14), conforme a alocução do Papa Pio XII, proferida em 21 de janeiro de 1945 às Congregações Marianas de Roma.
Outros movimentos marianos também se inspiram na consagração proposta por São Luís em seu Tratado, realçada durante o ministério papal de São João Paulo II que, como lema de seu pontificado, se utilizou da expressão "totus tuus", retirada da já mencionada obra monfortina.
A «doação de si mesmo», expressão de Pio XII, se traduz como «entrega filial» nas palavras de São João Paulo II, para quem «a maternidade de Maria que se torna herança do homem é um dom: um dom que o próprio Cristo faz a cada homem pessoalmente» (Redemptoris Mater, 45). Na mesma carta encíclica, o saudoso papa mariano afirma que «mediante essa entrega filial em relação à Mãe de Cristo» é que precisamente se exprime a «dimensão mariana da vida de um discípulo de Cristo».
Por isso, irmãos e irmãs, fiquemos atentos para o quanto estamos, de fato, vivenciando essa “entrega filial”, essa “doação de si mesmo”, essa “consagração” a Nossa Senhora, que é a marca do carisma, do apostolado, do discipulado e da missionariedade de todo seguidor de Jesus Cristo que a Ele se consagra pelas mãos de Sua Santíssima Mãe.
Ad Jesum per Mariam!
José Aparecido Cauneto
Membro fundador da Academia de Letras e Artes de Paranavaí
e Membro da Academia Marial de Aparecida
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