Por Flávia Gabriela Em Releases Atualizada em 18 OUT 2017 - 09H14

A Cúpula Central do Santuário Nacional

A construção

A história da cúpula central da Basílica de Aparecida pode ser dividida em três grandes momentos: A construção de sua estrutura, o revestimento externo com placas de cobre e o revestimento interno com mosaicos venezianos.

Esses três momentos já somam 48 anos de obras e de conservação.

A obra de revestimento interno da cúpula foi iniciada neste ano com a construção dos andaimes e com a colocação da lona de proteção na base da cúpula. Os trabalhos só devem terminar em 2017.

A obra de montagem da Cúpula Central do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida foi a mais complexa, pois exigiu uma engenharia especial. A montagem da estrutura em concreto foi iniciada em 1965 e finalizada em 1970.

Com dimensões de 34 metros de diâmetro, 109 metros de circunferência e 72 metros de altura, a calota da cúpula compõe-se de duas esferas sobrepostas, entre as quais sobe uma escada que dá acesso a um mirante. 

Sua estrutura de concreto armado foi projetada e calculada pelo professor José Carlos de Figueiredo Ferraz e tem o volume de 9.769 metros cúbicos de concreto.

Para a execução da concretagem das esferas, o professor Ferraz projetou uma estrutura com 75 metros de altura, onde 32 tesouras de peroba formava um leque que recebeu o concreto.Cada tesoura contava com um vão livre de 22 metros. Nessa estrutura foram aplicadas cerca de 1.500 peças de eucalipto. Uma vez terminada a estrutura de concreto, foram iniciadas as alvenarias de tijolos que completaram a parte arquitetônica da cúpula.

De acordo com os registros históricos do Centro de Documentação e Memória do Santuário Nacional, só na concretagem do grande anel superior foram gastos mais de 6 mil sacos de cimento.

De acordo com Benedito Calixto, responsável pelo projeto arquitetônico do Santuário Nacional, a cúpula é o foco da grande basílica, de onde convergem as linhas da igreja, as três naves por onde entram os romeiros e as cinco capelas: Batismo, Ressurreição, Santíssimo, São José e Velas.

O revestimento externo

Em 2007 as três cúpulas de concreto armado também passaram por reformas. Sobre estas cúpulas, foram fixadas estruturas em tubos metálicos, em concordância com os raios de curvatura, chapas de madeira autoclavadas, manta impermeável e, sobre estas, foram fixadas as chapas em cobre.

Na cúpula central, foram utilizadas 22,5 toneladas em chapas de cobre; na execução desses serviços foram também utilizadas, previamente, 200 toneladas de tubos e inserts metálicos para a montagem dos andaimes em todo o entorno dessa cúpula. 

As chapas em cobre passaram por um processo químico chamado pátina, para ficar na cor esverdeada, esse processo acelera a reação, naturalmente, todo este processo de envelhecimento levaria aproximadamente oito anos de exposição ao tempo.

O Revestimento interno

Porque razão escolhermos o mosaico para a arte da Cúpula da Basílica? Beleza é questão de unidade. Deus é um, e toda a criação faz um todo perfeito, pois um elemento depende do outro e nada sobrevive só. “Sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito” Mt 5,48.

Assim, a Basílica de Aparecida continua a testemunhar, em suas paredes, a beleza de nossa fé e a beleza em si. Cada um dos materiais aí empregados (tijolos, granitos, vitrais, azulejos, mosaicos...) faze uma bela unidade de materiais, cores, tons... que revela a alegria da vida.

A cúpula central sobre o altar está sendo executada em mosaico, pois nos primeiros séculos do Cristianismo foram realizados majestosos painéis de mosaicos, em suas basílicas, como podemos apreciar até hoje. Depois, o mosaico é uma boa solução técnica e profissional em imensos espaços curvos.

A Cúpula de nossa basílica tem 1.800 m2 de área. O mais importante é o belo resultado final: o esplendor, o fascínio da “Arvore da Vida” envolta por muitos pássaros brasileiros. 

No Brasil temos belos exemplos de mosaicos: na Basílica de Nossa Senhora da Nazaré, em Belém, Pará; na Catedral da Sé, em São Paulo; no monumento da Revolução Constitucionalista de 32, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo; na Capela da PUC, em Porto Alegre (RS), entre tantos outros exemplos. 

O mosaico, assim como o azulejo, têm as mesmas raízes: surgem na Mesopotâmia (atual Irã e Iraque), berço do judaísmo e Cristianismo, origem do nosso pai na fé, Abraão.

Tanto o mosaico como o azulejo são frutos de técnicas semelhantes: correspondem a pedaços de barro e vidro ou apenas pasta de vidro queimado a uma temperatura em torno de 1.000 graus. Pigmentos coloridos e folhas de ouro tingem esses materiais.

A Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, aos poucos, nos apresenta uma unidade em seus materiais e arte que reflete em nosso ser, que vão também nos compondo e convertendo, silenciosamente, n’Aquele que é a única e verdadeira beleza.

Mosaico

Mosaico é uma arte feita a partir de pequeninas pedras (ou vidro) multicoloridas, que são incrustadas numa parede ou outra superfície.

Essa simples definição introduz-nos na belíssima história dos mosaicos, uma técnica que já era conhecida por volta do ano 3500 a.C., na Grécia, passando por Roma e pelo esplendor de Bizâncio, conservados em Veneza e Ravena, atravessando os séculos e encantando as pessoas até nossos dias. Valem a pena a pesquisa e o estudo sobre essa arte que possui uma profunda ligação com o Cristianismo. 

Foi buscando beleza, durabilidade, experiência na produção de matéria-prima para o mosaico, tanto em ouro sob vidro como a multicolorida pasta de vidro, que o Santuário Nacional chegou à Orsoni Esmaltes Venezianos, em Veneza, na Itália.

Já para a colocação dos mosaicos foi escolhida a empresa Friul Mosaic, um ateliê gerido pela família do Sr. William Bertoia. De raiz profundamente católica, delicadeza, qualidade artística e determinação, o trabalho de confeccionar mosaicos ganhou para eles especial significado e desafio: revestir a grande cúpula do maior Santuário Mariano do Mundo. 

Projeto Artístico/Simbologia

O projeto da obra da Cúpula é de autoria do artista plástico Cláudio Pastro. A Cúpula Central será rica em detalhes que revelam a beleza da criação. O centro da obra é a árvore da vida e, ao seu redor, pássaros da fauna brasileira, que se dirigem ao centro da árvore para ali se abrigarem: clara referência aos peregrinos que vêm a Aparecida para aqui se refugiarem e renovar a sua fé. 

Temos duas distintas frentes de obra: uma vai colocar o mosaico na Cúpula Central— na abóboda, ou seja, naquela meia esfera que compõe a Cúpula— e a outra frente vai trabalhar da base da Cúpula para baixo, onde teremos o revestimento em azulejos.

O projeto Graça e Luz

Em 2012, a Campanha dos Devotos iniciou um importante desafio: o revestimento em mosaico da parte interna da grande cúpula, uma obra grandiosa pela complexidade, beleza e importância, que exige o comprometimento dos devotos numa campanha especial: a campanha ‘Graça e Luz’.

Ao se cadastrarem, os devotos recebem uma capelinha na qual a imagem de Nossa Senhora está sem o manto.

Por isso, todos os meses, no dia 12, realizamos a Cerimônia Graça e Luz, com vários sacerdotes, para a bênção do grande manto, cuja pequena parte é enviada aos devotos.

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