Nesta semana, estudaremos um dos textos mais bonitos de toda tradição do êxodo do povo de Israel do Egito, o segundo chamado de Moisés em Ex 6,2-13. Trata-se de uma narrativa muito bem organizada que retoma temas centrais da aliança que Deus fez com o seu povo.
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para que o estudo dessa semana gere frutos de vida cristã. Leia Ex 6,2-13 e destaque o que mais te chamou a atenção.
Quantos anos o povo de Israel, segundo a Bíblia, ficou no Egito?
O povo de Israel residiu no Egito por 430 anos, segundo Ex 12,40-41. Esse período começou durante o Médio Império, continuou durante o Segundo Período Intermediário e terminou durante a primeira metade do Novo Império do Egito.
Os israelitas teriam experimentado a força do Império Médio, o lento desaparecimento daquele reino à medida que se enfraquecera, e sua eventual substituição por vários reinos mais fracos, incluindo os hicsos asiáticos, e finalmente o ressurgimento do domínio egípcio com a ascensão dos faraós do Novo Império da 18ª dinastia.
Quando o êxodo aconteceu?
O êxodo do Egito ocorreu, provavelmente, na 19ª dinastia, por volta de 1250 a.C. Se essa data estiver correta, o faraó que começou a opressão dos israelitas foi Seti I (1304-1290 a.C.), seguido pelo faraó do êxodo, Ramsés II (1290-1224 a.C.).
Por que a data do evento do êxodo é situada em 1290 a.C., de acordo com os estudiosos?
Desse modo, a saída de Israel do Egito teria ocorrido em 1290 a.C., e a conquista de Canaã teria começado, biblicamente falando, em 1250 a.C. Os dois principais argumentos para essa visão são:
(1) De acordo com Ex 1,11, os israelitas foram forçados a construir a loja da cidade de Ramsés. Portanto, Ramsés II seria o governante da época. Mas essa cidade pode ter existido antes com um nome diferente e depois ter sido renomeada, depois de sua reconstrução.
(2) Há evidências arqueológicas de movimentos de pessoas e destruição generalizada em Canaã por volta de 1250 a.C. Se esta destruição fosse causada pela conquista hebraica sob Josué, ocorreria o êxodo por volta de 1290. Mas poderia facilmente ter sido o resultado de turbulência social e anarquia no período dos juízes israelitas, ou das atividades militares dos povos vizinhos.
Mesmo diante de muitas discussões sobre a data e como teria sido realmente o processo do êxodo, o que vale aqui é o fato de que a Bíblia guardou a memória do Egito como a "casa da escravidão", da qual Deus libertou seu povo, conduzindo para a Terra Prometida (cf. Ex 13,3; 20,2; Js 24,17).
Qual era o contexto do Egito na época do êxodo?
O segundo milênio a.C. foi uma época em que havia muitos estrangeiros no Egito, alguns dos quais eram empregados ou escravizados na fabricação de tijolos para projetos de construção, de acordo com dados arqueológicos. Esse foi um momento de muitas edificações. A Bíblia reflete essa realidade em Ex 1,11-14; 2,11.
Sobre
Ao ler o Êxodo, é possível reconhecer imediatamente os interesses históricos do escrito. A narrativa trata de pessoas que existiram e eventos que ocorreram no passado. O texto é sem dúvida histórico em intenção. Vale lembrar que isso não o faz ser um relato exato do que aconteceu. No encontro passado, falamos um pouco sobre o gênero literário desse livro.
Diante disso, sim, é importante discutir a questão da veracidade de sua apresentação. Porém, tanto o Êxodo e quanto historiografia bíblica, em geral, não estão preocupados em relatar os fatos históricos como a ciência histórica ou a arqueologia que temos hoje. A história é importante porque revela como ocorre o relacionamento de Deus com o povo. Nesse sentido, trata-se de uma elaboração teológica. Em outras palavras, uma tentativa de dar sentido aos fatos a partir da fé.
Nesta semana, estudaremos a oração sincera que Moisés dirigiu a Deus, depois de ter sido interpelado pelos escribas israelitas. Trata-se de uma narrativa que revela as dificuldades daquele que é chamado por Deus, bem como, também, a pronta resposta do Senhor.
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para que o estudo dessa semana gere frutos de vida cristã. Leia Ex 5,19-6,1 e destaque o que mais te chamou a atenção.
De modo geral, os autores da Bíblia não criaram formas totalmente novas; eles escreveram de uma maneira que se adaptava aos tipos literários que já eram conhecidos do público daquela época. Senão, os leitores não saberiam interpretar as palavras e a mensagem transmitida.
O que é um gênero literário?
Os gêneros literários são códigos compartilhados por escritor e leitor. Imagine se se um autor utilizasse uma palavra desconhecida ou usasse um termo de uma maneira totalmente nova, sem explicação prévia. O que aconteceria? O leitor não teria ideia do significado! Da mesma forma, se o autor criasse uma maneira totalmente nova de escrever, o leitor não saberia ler o trabalho.
Na Bíblia, os gêneros literários sinalizam ao leitor como entender as palavras num texto, acionando uma estratégia de leitura.
Portanto, se você quiser entender uma passagem bíblica, sempre é bom fazer algumas perguntas, como: esse texto é ficção ou história? É uma parábola ou uma história de aventura? É uma carta ou profecia? É uma oração? Qual é o gênero literário desse texto?
Por que é tão importante conhecer o gênero literário de um texto bíblico?
Porque um mal-entendido ou um erro de interpretação do gênero de um livro distorcerá sua mensagem.
Que tipo de livro é o Êxodo?
É uma lenda, um livro de história, uma parábola, um livro de leis ou outra coisa?
A resposta mais natural no caso do Êxodo é que ele parece ser um livro de história. Esse gênero tem a preocupação de narrar eventos que aconteceram no espaço e no tempo
A escrita do gênero literário bíblico aqui chamado de história consiste numa representação verbal de eventos, assim como uma pintura é uma representação de um artista. Aqui cabe um exemplo: se duas pessoas diferentes pintarem a mesma cena ou objeto, certamente, o resultado não será igual.
Assim, embora todos os traços das duas pinturas possam ser considerados verdadeiros, eles são diferentes dependendo de fatores como o estilo do pintor, o humor que associaram à pessoa retratada e assim por diante.
Portanto, representar eventos passados na escrita de uma história envolve seleção e interpretação. Os escritores não podem narrar todos os detalhes de um fato. Isso seria impossível! Desse modo, eles precisam selecionar, incluindo na narrativa apenas o que é importante para a mensagem que estão comunicando. A apresentação de um evento histórico é sempre moldada pelas lentes interpretativas que o escritor adota.
A fim de reconhecermos a intenção do escritor, é possível especificar ainda mais o gênero do livro do Êxodo. Nele, existem diferentes tipos de história: por exemplo, história militar, história legal, história econômica ou história literária.
Uma das melhores maneiras de se definir o gênero desse livro talvez seja como história teológica, já que ele focaliza o relacionamento de Deus com Israel e mostra ainda a auto revelação do Senhor.
Existem outros gêneros literários no livro do Êxodo?
Por fim, embora seja correto dizer que o Êxodo consiste numa história teológica completa, este livro também incorpora outros gêneros da literatura, por exemplo, ele contém uma longa seção da lei (cf. Ex 20,1-23,33; 25,1-31,17).
Ademais, outro gênero significativo no Êxodo é a música, mais especificamente, com a forma de poesia (cf. Ex 15).Perguntas para partilhar o aprendizado
Nesta semana, estudaremos a primeira narrativa da aparição dos escribas israelitas diante do faraó, na qual se humilham e afirmam que Israel pertence ao rei do Egito (Ex 5,15-18). Trata-se de uma cena cheia de ensinamentos, artisticamente composta por apenas quatro versículos.
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para que o estudo dessa semana gere frutos de vida cristã. Leia Ex 5,15-18 e destaque o que mais te chamou a atenção.
O que é o livro do Êxodo?
Êxodo é o segundo livro da Bíblia. Mais especificamente, ele se encontra no conjunto de escritos conhecido como "Torá" ou "Pentateuco".
De onde vem e o que significa o termo "êxodo"?
Nós, cristãos, nos referimos ao segundo livro Escritura com o nome "Êxodo". Esse título vem da versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta ou Tradução dos Setenta.
"Exodos", no grego, que significa “saída”. Esse termo expressa o tema principal do livro: a saída em massa do povo de Israel para a terra de Canaã.
Qual é o nome desse livro na Bíblia Hebraica?
Na versão hebraica, esse livro se chama "shemot", que significa "nomes".
Por que ele se chama assim? Porque os livros da Bíblia Judaica recebem o título a partir da primeira palavra que neles aparece. Nesse caso, em Ex 1,1, está escrito: "Eis os nomes". Essa frase se refere aos nomes dos filhos de Israel que se mudaram para o Egito na conclusão do livro de Gênesis.
Qual é o conteúdo do livro do Êxodo?
O livro de Êxodo começa fazendo uma ligação com a narrativa do livro de Gênesis (cf. Ex 1,1-6); depois mostra como foi a situação de opressão dos israelitas no Egito (cf. Ex 1,8-22); em seguida, apresenta Moisés e como foi seu chamado (Ex 2,1-4,23). Em Ex 5,1, dá-se o início do processo de libertação. A partir de 15,22, o povo já está no deserto.
Quais são os temas principais do livro do Êxodo?
Um primeiro tema principal consiste no fato de que este livro revela Deus como libertador de todas as opressões. Ele não aceita que o seu povo seja subjugado a condições desumanas e, por isso, desce para salvá-los. Trata-se de uma divindade que não fica passiva diante do sofrimento e do grito dos seus escolhidos (cf. Ex 3,7-10).
O Êxodo proclama a libertação de Israel. Deus liberta o seu povo e o sustenta. Ele é o seu grande salvador. Isso é tão importante para a tradição bíblica que esse evento é lembrado em toda a história israelita como o padrão da ação de Deus no mundo (Ne 9,9-15; Sl 78; Is 48,20-21). Assim, como o Senhor, os salvou antes, Ele os salvará novamente (Is 51,9–11; Os 11,1–11).
Outro tema importante é que, segundo o Êxodo, somente Deus pode libertar as pessoas da escravidão. Os israelitas não podem se salvar. Por esse motivo é que, ao longo do livro, Deus se revela várias vezes com a declaração “Eu sou o Senhor” (cf. Ex 6, 6-8; 20, 2; 34,10; esse nome aparece frequentemente como “o SENHOR”, com letras maiúsculas, em traduções portuguesas).
Ao se revelar desse modo, o Senhor afirma que Israel é, de fato, o seu povo. Por isso, o orienta sobre como viver e adorar. Nesse sentido, firma com os israelitas uma aliança, dando-lhes a Lei com a finalidade de lhes ensinar a viver justamente.
Diante disso, a idolatria não é uma opção; o Senhor não é como outros deuses e não pode ser adorado do mesma maneira. Assim, o povo precisa mais do que a Lei do Senhor; ele precisa que o próprio Deus habite entre eles (33,15-17; 40,36-38).
Nesta semana, estudaremos o primeiro resultado do encontro que Moisés e Aarão tiveram com o faraó, em Ex 5,1-5, ou seja, o aumento da opressão aos israelitas (Ex 5,6-14). A cena é dramática. O povo de Deus sofrerá ainda mais com a violência dos trabalhos forçados no Egito.
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para que o estudo dessa semana gere frutos de vida cristã. Leia Ex 5,6-14 e destaque o que mais te chamou a atenção.
O que é a Torá ou Pentateuco?
Os cinco primeiros livros da Bíblia são conhecidos com o nome hebraico "Torá", que significa "lei" ou "ensinamento", ou com o nome grego "Pentateuco", que significa "cinco rolos". A Torá (Pentateuco) é composta pelos seguintes livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O seu conteúdo básico consiste em narrativas e leis.
Por que eu preciso compreender um pouco sobre a Torá ou Pentateuco para entender Moisés e a libertação da escravidão no Egito?
Porque a história de Moisés e da libertação da escravidão do Egito estão presentes nos livros da Torá, mais especificamente em Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Assim, dos cinco livros desse conjunto, quatro são dedicados à narrativa da libertação dos israelitas. Além disso, a Torá consiste na base de toda a religião de Israel, o judaísmo. Jesus era judeu e observou os mandamentos desse conjunto de escritos.
Qual é o conteúdo da Torá?
A Torá começa na criação do universo (cf. Gn 1-2), mostra como, a partir de uma família, se constituiu o povo de Israel, de que modo os israelitas se tornaram escravos e foram libertos por Deus, e termina com essa nação, depois de 40 anos no deserto, prestes a entrar na terra prometida aos seus antepassados (cf. Dt 34).
Essa narrativa tem início, ao tratar das relações entre Deus e a humanidade, no mundo criado (Gn 1-11). Pouco a pouco, o foco da história passar a ser uma família particular, a do patriarca Abraão e seus descendentes (Gn 12-37,1). Em seguida, amplia seu escopo, mais uma vez, à medida que a família cresce e se torna uma nação, Israel, e é subjugada pelo Egito (Gn 37,2-Ex 2)
Quando esse povo se encontra escravizado no Egito, o Senhor realiza sua libertação mediante atos miraculosos que demonstram seu controle das forças da natureza.
Durante os 40 anos no deserto, quando Israel estava no Monte Sinai, também conhecido como Horeb ou a montanha de Deus, o Senhor fez uma revelação extraordinária para o povo e uma revelação ainda mais íntima ao seu líder, Moisés. A divindade faz um pacto com os israelitas e dá-lhes uma Lei.
O Pentateuco termina com a chegada de Israel à fronteira com Canaã e narrando a despedida de Moisés, bem como sua morte numa montanha com vista para a terra prometida, o Monte Nebo.
Quantas partes tem o Pentateuco?
O Pentateuco é composto por seis partes principais:
1. A história primitiva (Gn 1–11);
2. Os patriarcas (Gn 12–50);
3. A libertação do Egito (Ex 1,1–15,21 [mais o início da caminhada no deserto: 15,22–16,36]);
4. A estadia no Sinai ou Horeb (Ex 17–40; Levítico);
5. A jornada do livro dos Números;
6. Adeus de Moisés e reinterpretação da Lei de Deus, recebida no Sinai para a nova geração dos israelitas (Deuteronômio).
Qual é a relação entre o Pentateuco e as leis?
Dentro de toda essa narrativa, o Pentateuco apresenta os conjuntos de leis, por exemplo, os três grandes códigos legislativos: o Código da Aliança (Ex 20,22-23,33); o Código de Santidade (Lv 17-26); o Código Deuteronômico (Dt 12-26).
Além disso, várias outras leis foram dadas. Abaixo estão apenas alguns exemplos:
Além disso, várias outras leis foram dadas. Abaixo estão apenas alguns exemplos:
as leis cerimoniais, relativas à maneira de se adorar a Deus em Lv 7,37.38;
as leis cerimoniais, relativas à maneira de se adorar a Deus em Lv 7,37.38;
as leis civis, sobre a administração da justiça em Dt 17,9-11.
Segundo os rabinos judeus, o número de mandamentos presentes desde o início de Gênesis até o final do Pentateuco, no livro de Deuteronômio, é de 613.
Toda legislação presente na Torá serviu como um guia para os israelitas viverem na Aliança com Deus e, assim, se relacionarem bem uns com os outros na terra de Canaã.
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