Nesta semana, estudaremos o primeiro resultado do encontro que Moisés e Aarão tiveram com o faraó, em Ex 5,1-5, ou seja, o aumento da opressão aos israelitas (Ex 5,6-14). A cena é dramática. O povo de Deus sofrerá ainda mais com a violência dos trabalhos forçados no Egito.
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para que o estudo dessa semana gere frutos de vida cristã. Leia Ex 5,6-14 e destaque o que mais te chamou a atenção.
Por que esse trecho de Ex 5,6-14 começa com a expressão “naquele mesmo dia”?
O texto tem seu início com a expressão “naquele mesmo dia” (Ex 5,6 a) com a finalidade de se referir aos fatos ocorridos na cena anterior, o primeiro encontro de Moisés e Aarão com o faraó.
Além disso, o autor intenta apresentar que o rei do Egito agiu rapidamente diante da ordem dada por Deus, mediante Moisés e Aarão, de deixar o povo ir pelo deserto para oferecer sacrifícios ao Senhor (cf. Ex 5,1.3).
Qual foi a resposta do faraó ao pedido de Moisés e Aarão?
A resposta do faraó é violenta. Ele deu ordem aos inspetores e aos escribas para que não fornecessem mais a palha aos fabricantes de tijolos (Ex 5,6-7). Com esse abastecimento cortado, os oprimidos devem aumentar seu próprio tempo de trabalho para coletar a matéria prima e, ainda assim, cumprir as tarefas no mesmo prazo de antes (Ex 5,8.13).
Qual foi a intenção do faraó ao intensificar os trabalhos forçados dos israelitas a partir das justificativas por ele apresentadas?
Segundo o faraó, isso devia acontecer porque os israelitas eram “preguiçosos” e, por isso, queriam “sacrificar ao seu Deus” (Ex 5,8). Entretanto, o autor deixa subtendido que os trabalhadores israelitas não haviam pedido absolutamente nada, mas ficavam dando atenção às “palavras mentirosas” de Moisés e Aarão (Ex 5,9).
Diante disso, qual seria a razão pela qual o autor utiliza essa estratégia de apresentação da situação? Justamente, por aquilo que será narrado depois: o faraó teve a intenção de jogar os israelitas contra Moisés e Aarão (Ex 5,19-20).
Por que os inspetores e escribas egípcios utilizaram a expressão “Assim disse o faraó”?
Em Ex 5,10, os inspetores e os escribas, ao emitirem a ordem do faraó, utilizaram uma fórmula profética, tal como aquela usada pelos profetas israelitas e por Moisés e Aarão no primeiro encontro com o rei do Egito: “Assim disse o Senhor/faraó” (cf. Ex 5,1).
Assim, o narrador mostra que o faraó é uma divindade para os egípcios e que ele tem seus intermediários fiéis, aplicadores implacáveis de seus desígnios. Aqui, há oposições entre o Deus de Israel e o deus do Egito; os mensageiros do Senhor e os mensageiros do faraó.
O que mais os inspetores e escribas egípcios fizeram, além de repetir a ordem do faraó?
A ação dos inspetores e dos escribas não foi apenas repetir as palavras do faraó (Ex 5,10-11), mas foi a intensificação da opressão, dando ordens mais severas do que as anteriores (Ex 5,13.14) e, até mesmo, açoitando aos líderes israelitas (Ex 5,14).
Nesta semana, estudaremos a primeira narrativa da aparição dos escribas israelitas diante do faraó, na qual se humilham e afirmam que Israel pertence ao rei do Egito (Ex 5,15-18). Trata-se de uma cena cheia de ensinamentos, artisticamente composta por apenas quatro versículos.
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para que o estudo dessa semana gere frutos de vida cristã. Leia Ex 5,15-18 e destaque o que mais te chamou a atenção.
Como o autor elabora o fluxo narrativo?
Ao lermos os textos referentes ao modo como o faraó agiu diante do pedido feito por Moisés e Aarão (Ex 5,1-5), percebe-se que o fluxo narrativo revela que o estado de espírito do povo israelita foi de esperança e fé (Ex 4,31) para ressentimento e dúvida a respeito da ação de Deus em relação à aliança feita (Ex 5,15-21).
A opressão aumentou tanto o sofrimento dos hebreus que, pela primeira vez, em toda a narrativa até aqui elaborada, lideranças israelitas se colocam diante do faraó egípcio, sem que sejam Moisés e Aarão. Será que esse foi um gesto de coragem?
A ida dos escribas israelitas ao faraó foi um gesto de coragem?
O v.15 afirma que os escribas dos israelitas “foram” ao faraó. Assim, o narrador utilizou um verbo que denota ação; ele, muitas vezes, é utilizado com esse sentido nos textos bíblicos do Antigo Testamento. Com isso, ele enfatiza a pronta atitude desses hebreus diante dos açoites que sofreram (Ex 5,14).
Diante do faraó, eles “reclamaram”. Esse verbo aparece 56 vezes no Antigo Testamento hebraico. Suas traduções podem ser “clamar”, “chorar” ou “gritar” no sentido de pedir ajuda.
Chama atenção o fato de que os “escribas dos israelitas” são os únicos que, em todo relato da libertação, presente desde Êxodo até Deuteronômio, utilizam esse verbo, “(re)clamar”, tendo como objeto indireto o faraó. Em outras palavras, eles “clamam” ao rei do Egito.
Quais são os dois sentidos do emprego do verbo “(re)clamar)?
Um consiste no fato de que a primeira vez em que se emprega o verbo “clamar”, tendo o faraó como objeto indireto, fora das narrativas da libertação, foi em Gn 41,55. Esse foi um momento de muita dificuldade para o povo, já que o contexto literário é de fome e miséria devido à seca que assolava toda a região.
Desse modo, os escribas israelitas seriam pessoas que, tendo reunido os clamores oriundos dos sofrimentos do povo, teriam ido até o faraó num gesto de coragem para interceder pelos seus irmãos.
O segundo sentido pode ser: ao observar mais atentamente o emprego do verbo “(re)clamar”, logo se percebe que, a maior parte das vezes, ele tem Deus como objeto indireto, ou seja, 22 vezes. O Antigo Testamento reconhece que o Senhor deve ser o endereço dos clamores de seu povo.
Assim, ao “(re)clamarem” para o faraó, os escribas israelitas o reconhecem como seu soberano. Isso se confirma quando o autor revela que os líderes de Israel afirmaram que o povo era “servo” do faraó, por três vezes (Ex 5,15.16) e, depois, que o povo lhe pertencia (v.16)! Desse modo, eles se esqueceram de que Israel pertencia a Deus (Ex 3,7.10; 5,1) e que seu chamado especial era servir e adorar ao Senhor, exclusivamente (Ex 5,1.3).
O que a narrativa dessa semana mostra?
A narrativa dessa semana mostra que os escribas israelitas, líderes do povo, estavam mais preocupados em não sofrerem açoites outra vez do que verem o povo livre das opressões da escravidão. Por essa razão, foram capazes de entregar Israel nas mãos do faraó.
Ademais, o texto revela que o faraó não teve misericórdia. Ele retomou a ordem dada na narrativa anterior (Ex 5,7-9).
Nesta semana, estudaremos a oração sincera que Moisés dirigiu a Deus, depois de ter sido interpelado pelos escribas israelitas. Trata-se de uma narrativa que revela as dificuldades daquele que é chamado por Deus, bem como, também, a pronta resposta do Senhor.
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para que o estudo dessa semana gere frutos de vida cristã. Leia Ex 5,19-6,1 e destaque o que mais te chamou a atenção.
O que o verbo “viram-se” pode significar?
Ex 5,19 dá início a um novo bloco narrativo com a constatação feita pelos escribas israelitas de que estavam em situação má. O verbo utilizado “viram-se”, em hebraico, pode designar uma percepção e compreensão mental. Isso dá ainda mais dramaticidade ao relato, pois esses líderes parecem ter ficado calados por conta do pavor que sentiram.
Qual foi a resposta do poder opressor diante do pedido dos escribas israelitas?
A constatação é dura: “Não diminuireis em nada a produção dos tijolos de cada dia” (v.20). Diante disso, o autor reforça que o poder opressor não atendeu às reivindicações dos escribas israelitas; eles não conseguirem qualquer mínimo progresso (Ex 5,17-18).
Ao contrário, quando se depararam com Moisés e Aarão (Ex 5,20), os escribas israelitas revelaram um fato que, até então, o narrador tinha mantido em segredo: diante do faraó, eles foram ameaçados de morte (Ex 5,21). Com essa informação, o autor aumenta a tensão da história.
O que os escribas israelitas fizeram contra Moisés e Aarão?
Com essa experiência aterrorizante, os escribas israelitas se dirigem a Moisés e Aarão, afirmando que esses precisavam de um julgamento da parte do Senhor. Claramente, o faraó culpou aos escribas israelitas (Ex 5,17); esses, por sua vez, culparam a Moisés e Aarão (Ex 5,21); e, por fim, Moisés culpará a Deus, em sua oração (Ex 5,22-23).
Por que Moisés utiliza o verbo maltratar tanto para Deus quanto para o Faraó?
Tendo sido atacado, de algum modo, pelos escribas israelitas, Moisés se volta ao Senhor e lhe dirige duras palavras, inicialmente, mediante duas perguntas.
Na primeira, ele expressa um julgamento a respeito de Deus, ao dizer que esse maltratava o povo. Chama a atenção o fato de que o verbo “maltratar” foi empregado, na mesma oração, tendo como sujeito dessa ação o próprio faraó. Com isso, o líder israelita equipara Javé ao rei do Egito.
Na segunda pergunta, Moisés questiona sua vocação. Isso prepara a próxima cena que terá como assunto um novo chamado de Deus a Moisés (Ex 6,2-13). Esse trecho será estudado na próxima semana.
O que a utilização da expressão “mão forte” anuncia no fluxo narrativo?
No último versículo desse conjunto (Ex 6,1), o Senhor responde Moisés, afirmando que intervirá com mão poderosa no Egito, em vista de libertar seu povo da escravidão.
A expressão “com mão poderosa”, que se repete aqui por duas vezes, constitui-se num sinal de que se dará o início da intervenção do Senhor no Egito. Com efeito, Deus já havia adiantado a Moisés, em Ex 3,19-20, lá no Monte Horeb, que sabia que o faraó não os deixaria sair tão fácil da casa da escravidão e que teria que ferir o Egito com sua própria mão. Deus tem o controle de todas as coisas!
Nesta semana, estudaremos um dos textos mais bonitos de toda tradição do êxodo do povo de Israel do Egito, o segundo chamado de Moisés em Ex 6,2-13. Trata-se de uma narrativa muito bem organizada que retoma temas centrais da aliança que Deus fez com o seu povo.
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para que o estudo dessa semana gere frutos de vida cristã. Leia Ex 6,2-13 e destaque o que mais te chamou a atenção.
Qual é o contexto literário do segundo chamado de Moisés?
A cena do segundo chamado ou vocação do líder do êxodo se situa depois de uma progressão no processo narrativo cuja tensão atingiu o ápice na reclamação dos escribas israelitas (Ex 5,19-21) e na oração sincera de Moisés a Deus (Ex 5,22-6,1).
O contexto literário é de desespero. Nenhuma das palavras de Moisés, Aarão e dos escribas israelitas serviram para apaziguar os trabalhos forçados impostos pelo faraó do Egito. Ao contrário, a opressão aumentou.
Como se organiza a estrutura do texto de Ex 6,2-13?
Nesse momento, aparece a fala de Deus a Moisés, organizada na seguinte estrutura literária:
A) v.2 a-c: Deus fala diretamente a Moisés
B) v.2d: “Eu sou o Senhor”
C) v.3-5: Retomada da aliança de Deus (verbos no passado)
A’) v.6 a-b: Deus ordena que Moisés fale aos israelitas
B’) v.6c: “Eu sou o Senhor”
C’) v.6d-8k: Promessas do cumprimento da aliança (verbos no futuro)
B’’) v.8l: “Eu sou o Senhor”
A’) v.9 a-c: cumprimento da ordem - Moisés se dirigiu aos israelitas
D) v.9d-g: Reação negativa dos israelitas
A’) v.10-11: Deus ordena que Moisés fale ao faraó
D) v.12: Reação negativa de Moisés
G) v.13: Deus falou diretamente a Moisés
Observe atentamente a estrutura e perceba os elementos paralelos. Os autores da Bíblia utilizavam este tipo de organização do texto muitas vezes, pois queriam apresentar suas ideias de modo claro aos ouvintes-leitores.
Qual é a lição mais importante presente nos v.2-5?
No primeiro bloco, composto pelos versículos 2-5, Deus se dirige a Moisés, retomando o tema da aliança feita com Abraão, Isaac e Jacó (v.3). O autor utiliza todos os verbos no tempo passado: “apareci” (v.2), “estabeleci” (v.4), “ouvi” e “lembrei” (v.5). O Senhor não se esqueceu de suas promessas aos patriarcas (Gn 12,1-3; 15,1-21; 17,1-22) e agora atuará em vista da libertação dos israelitas da casa da escravidão.
O que a utilização dos verbos no futuro ensina para nós?
Depois disso, os v.6-8 apresentam o conteúdo que Moisés deve transmitir aos filhos de Israel. Trata-se, aqui, da reafirmação da promessa da libertação; agora, com os verbos no futuro: “tirarei”, “livrarei”, “resgatarei” (v.6), “tomarei”, “serei”, sabereis” (v.7), “farei entrar” e “darei” (v.8). Assim, o autor quer enfatizar que o povo precisa olhar para frente com a esperança de que o Senhor cumprirá tudo o que disse.
O que o autor quer mostrar, ao utilizar por três vezes a expressão “Eu sou o Senhor/Javé”?
Outro dado que chama a atenção é a utilização, por três vezes, da expressão “Eu sou o Senhor/Javé” (v.2.6.8), abrindo e fechando os blocos de reafirmação da aliança (Ex 6,2-5.6-8). Essa fórmula aparece em textos bíblicos dentro do contexto literário e teológico da afirmação da ação poderosa de Deus e de sua soberania (Ex 14,18; 20,2; Gn 15,7; Is 42,8; 43,11.15; 44,6; Jr 9,24; Ml 3,6).
Assim, o autor ressalta que o Deus soberano agirá poderosamente para tirar o povo das opressões.
Por que o autor utiliza a expressão “ânsia do espírito”?
No v.9, Moisés se dirige aos israelitas que, por sua vez, reagem negativamente, por causa da “ânsia do espírito” e da “dura escravidão”. A expressão “ânsia do espírito”, na língua original, denota impaciência, precipitação. Quando o termo hebraico “qetsar”, traduzido aqui por “ânsia”, é utilizado como adjetivo, ele se constitui como uma qualidade negativa de quem tem cólera e comete loucuras.
O autor, utilizando essa expressão, revela qual era o estado de espírito dos israelitas com o aumento das opressões. Eles estavam ao ponto de cometer loucuras. Estavam no seu limite.
O que significa a expressão “eu não sei falar com facilidade”, utilizada como uma desculpa por parte de Moisés?
No final dessa narrativa, Deus ainda desafia Moisés, ordenando-lhe ir até o faraó, de novo (Ex 6,10-11). A reação do líder israelita é imediata. Ele não aceita e dá duas razões: a primeira, “se nem os israelitas me ouviram, como o faraó ouvirá?”; a segunda, “eu não sei falar com facilidade” (v.12).
A expressão “eu não sei falar com facilidade”, em hebraico, literalmente, é “sou incircunciso de lábios”. Essa aparece apenas aqui e em Ex 6,30 e pode denotar que Moisés não sabia falar direito, talvez fosse gago ou tivesse alguma incapacidade oratória (cf. Ex 4,10).
Deus, no v.13, não dá ouvidos às razões de Moisés e lhe ordena, e também a Aarão, falar novamente aos israelitas e ao faraó! O Senhor não escuta nossas desculpas. Ele nos envia mesmo com nossas dificuldades e limitações.
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