Os títulos atribuídos às figuras de destaque na sociedade não existem à toa. Servem tanto para descrever o valor que um cargo contém, como para exaltar a pessoa que o ocupa. Trata-se de honrarias. E ainda: como é comum se dar formas humanas às figuras divinas ou aos seres humanos que têm união íntima com o Divino, também eles recebem tais títulos.
Foi o que aconteceu com a imagem da Virgem Aparecida, achada no Rio Paraíba e feita centro de atenção de multidões de peregrinos. A Mãe de Jesus venerada em Aparecida tem como principal título o de Rainha do Brasil. Cabe aqui uma observação: títulos e honrarias conferidos a humanos incluem necessariamente dignidade. A pessoa merece distinção e honra também por ser honesta. Mas isso nem sempre acontece: há senhores e senhoras que ganham títulos, mas não os honram porque não são dignos nem honestos! Uma contradição.
A coroa, com a qual a imagem de Aparecida foi honrada, tem uma história. Ela veio das mãos da Princesa Isabel, filha do imperador Dom Pedro II, do qual era também sucessora. A princesa e o marido Gastão de Orleans, o Conde D'Eu, estiveram em Aparecida no dia da festa da santa, 8 de dezembro, do ano de 1868. Foi nessa data que ela doou para Nossa Senhora a coroa de 24 quilates, com 300 gramas de ouro e 40 diamantes. Uma lembrança que a gente guarda da princesa Isabel é a de libertadora dos escravos. Foi ela quem assinou a abolição da escravatura no Brasil em 13 de maio de 1888, quase 20 anos depois de ter dado o presente que a imagem histórica de Aparecida passaria a usar de modo constante.
A festa da coroação e do título real aconteceu mais tarde, em 8 de setembro de 1904, e tornou-se o dia mais importante e de grandes romarias. A cidade, que tinha apenas 2 mil habitantes, recebeu a Conferência dos Bispos do Brasil e aprovação do Papa para a festa. Alguns historiadores dizem que a celebração ganhou destaque porque a Igreja queria mostrar a sua força ao regime republicano instalado em 1889. As autoridades tinham banido da Constituição e da vida pública o nome de Deus e de Nossa Senhora, para enfraquecer a força da fé católica e os sentimentos religiosos do povo. Mas havia outro motivo para a escolha da data: os 50 anos da declaração do dogma da Imaculada Conceição.
Controvérsias à parte, interessa preservar o verdadeiro sentido da coroa que a imagem carrega: Maria, Mãe de Jesus, é a cheia de graça e participa do Reino de Deus. Pode muito bem ser nossa Rainha. Para nossa alegria!
Pe. César Moreira, C.Ss.R.
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