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Pecado, cativante ilusão! (Jr 2,1-2.4-7.11b-13)
Pecado, cativante ilusão! (Jr 2,1-2.4-7.11b-13)

Que divina leitura da vida! Deus Noivo ou Esposo, saudoso dos primeiros encontros amorosos com Israel-noiva: “Eu me lembro de ti, do afeto de tua juventude, de teu amor no tempo do noivado, quando me seguias no deserto, numa terra não semeada” (Jr 2,2b).

Libertos do Egito, e acolhendo a Aliança de Deus no Sinai, aqueles escravos eram assumidos por Deus como Seu povo-noiva. “Israel era coisa sagrada para Javé, as primícias de sua colheita” (v.3a). Primícias ou primeiros frutos da terra ou do ventre de mulher e dos animais, pertenciam a Javé: “consagra-me todo primogênito; as primícias de todo seio entre os israelitas, tanto dos homens como dos animais, são minhas” (Êx 13,2). Israel, a pertença de Deus, era- -Lhe fiel. Mas, concluída a travessia do deserto, “logo que entrastes, contaminastes minha terra – que é um jardim, para que comais seus frutos e produtos – e fizestes de meu patrimônio uma abominação” (Jr 2,7).

Na precariedade do deserto, a fidelidade. Instalados na terra e nela progredindo, o risco da apostasia, do descartar Deus da própria vida: “não aconteça que depois que comeres à saciedade, construíres belas casas e nelas morares, “e depois que se multiplicarem teus bois e tuas ovelhas, e aumentarem teu ouro e tua prata e todos os teus bens, “teu coração se encha de orgulho e te esqueças de Javé, teu Deus, que te tirou do Egito, da casa da escravidão” (Dt 8,12-14). O Noivo tenta compreender o incompreensível: “Que injustiça encontraram em mim vossos pais, para afastar-se de mim?” (Jr 2,5a).

E não era só afastamento. A ingratidão feria bem mais fundo. Javé Se perguntava, e eles: “não se perguntaram: onde está Javé que nos fez sair do país do Egito, guiou-nos no deserto, por uma terra de estepes e de precipícios, por uma terra árida e tenebrosa, por uma terra que ninguém atravessa e onde ninguém habita?” (v.6). Aliás, “Nem mesmo os sacerdotes se perguntaram: onde está Javé? ... os profetas profetizaram no nome de Baal e seguiram deuses inúteis” (v.8).

O Amor ressentido sugere que consultem as nações se algo semelhante já aconteceu (v.10): “alguma vez um povo mudou de deus? Porém aqueles não são deuses! Mas meu povo substituiu aquele que é sua glória por um ser inútil. “Espantai-vos com isto, ó céus, estremecei com assombro – oráculo de Javé” (v.11-12). As nações não trocam seu deus ou deuses, mas o povo d’Ele trocou-O a Ele-Deus que lhe valeu na vida, “por um ser inútil”, de nenhuma valia!

O que lucraram? “Eles seguiram o que é vão, tornaram-se eles próprios um nada” (v.5b). “Dois males meu povo cometeu: abandonou a mim, fonte de água viva, e cavou para si cisternas, cisternas rachadas, que não retêm a água” (v.13). Essas cisternas são Babilônia ao norte e Egito ao sul, dois grandes impérios entre os quais o frágil Israel. Pelo poderio, sobretudo militar, esses dois impérios eram sempre tentação para o povo nas dificuldades: aliar-se a um deles, o que para os profetas era infidelidade a Javé, traição. Deixar a Fonte por cisternas rachadas!

Mas, o mais inesperado nesta divino-profética leitura de nossa vida não é essa nossa inexplicável ingratidão a Deus. É sim a atitude d’Ele, a resposta que nos dá, a nós infiéis! Sim, “onde o pecado se multiplicou, a graça superabundou” (Rm 5,20b)! Sim, assim se abre essa leitura que Deus faz de nossa vida através de Jeremias: “Foi-me dirigida esta palavra de Javé: ‘Vai e grita aos ouvidos de Jerusalém!’” (Jr 2,1-2a). Sim, Ele continua acreditando em nós! Não nos responde, rejeitando a nós que O rejeitamos, mas com veemente apelo de reaproximação, que O retomemos como nosso Esposo!

REFLEXÃO

1. Seu Deus é o Oleiro proposto pelo profeta?

2. Que especial imperfeição o Oleiro anseia desfazer em minha vida?

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Por Redação, em Santuário Nacional

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