Na leitura das profundezas humanas, que o profeta faz em nome de Deus, se vivermos a ruptura com Ele, nós estaremos nos destruindo, reduzindo-nos a “deserto... terra seca”. Tornamo-nos esterilidade, inutilidade, o absurdo existencial por definição.
Mas, Deus, sempre pronto e ávido a voltar para nós, unicamente espera que Lhe abramos as portas do coração e da vida: “eles verão a glória de Javé, o esplendor de nosso Deus” (v.2b). Presença-convivência divina que é o que nos transforma, nos faz renascer: “que se alegrem o deserto e a terra seca!” (Is 35,1a).
Retorno divino que nos transforma na intimidade, dá-nos de novo a celeste satisfação do amor, de frutificar: “que a estepe exulte e floresça como a rosa. “Que ela se cubra de flores, exulte de alegria e cante com júbilo! Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e do Saron” (v.1b-2a).
Esse “deserto” revitalizado é a radiografia do coração do povo: “fortalecei as mãos enfraquecidas, firmai os joelhos vacilantes! “Dizei aos corações temerosos: ‘sede fortes, não tenhais medo!’” (v.3-4a). Mas, o profeta faz a radiografia também do Agente revitalizador: “eis aqui vosso Deus. É a vingança que vem, a retribuição divina. É ele que vem para vos salvar” (v.4b). Que vingança! À nossa infidelidade, novo gesto Seu mas de amor, tentando nos cativar de volta! “Então os olhos dos cegos se abrirão e os ouvidos dos surdos se descerrarão. “Então saltará como cervo o paralítico, e a língua do mudo gritará de alegria” (v.5-6a).
Que maravilha! Mas, a leitura profética nos leva a dar um novo passo. Acima, era o retorno de Deus, era Sua nova acolhida por nós, que nos trazia de volta a alegria de viver. Agora, porém, trará alegria ao povo já a sua situação vital recuperada por terem acolhido o Deus que retornava a eles.
Esse retorno de Deus reanimará no povo a alegria da divina e celeste fertilidade: “porque jorrarão águas no deserto e torrentes na estepe. “A terra queimada se tornará lagoa e o país da sede, fontes de águas; nos lugares onde moravam chacais, haverá relva com caniços e juncos” (v.6b-7). É a divina felicidade do amar, do estar a serviço, do ser-favorável-para-
o-outro encarnando-se na frágil existência humana: “há mais felicidade em dar que em receber” (At 20,35b), Deus é feliz porque é Amor, porque ama!
Esse reflorir da alegria de viver é já como uma “estrada... um caminho”, um novo jeito de viver e conviver, “caminho sagrado se chamará” (v.8a). É “sagrado”, de Deus porque “por ele não passará o impuro... “Lá não haverá leão, nem qualquer fera selvagem por ali passará ou ali se encontrará” (v.8a.9a). A impureza a ser extirpada, é a maldade que extermina, que mata, comparada à fome devoradora do “leão” ou de uma “fera selvagem”. Jesus irá qualificar de impuro, de sujo aquele que O iria trair, que Lhe seria como um “leão” (cf. Jo 13,10-11).
Esse “caminho sagrado”, esse maravilhoso modo de viver, é construído por aqueles que Deus refaz em seus corações, restaurando neles como que Sua consanguinidade, Seu divino parentesco, refazendo neles Sua imagem-semelhança: “lá caminharão os redimidos. “Voltarão os que Javé redimiu” (v.9b-10a).
Restaurada essa divino-humana consanguinidade em nós na absoluta ausência da maldade, da impureza do “leão” ou de “qualquer fera selvagem”, então sim “a dor e o gemido cessarão”, e “exultantes chegarão a Sião, trazendo consigo uma eterna alegria. O júbilo e a alegria os acompanharão” (v.10b). Porventura não é já o Reino dos Céus, a divina vida antecipada para nossos dias terrenos, na certeza, na fé do profeta de Deus?
1. Viver uma vida estéril, inútil diante do próximo é para mim um absurdo existencial?
2. Acredito que Deus pode me transformar de “deserto” em “fontes de água”?
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Por Redação, em Santuário Nacional