Após ter assassinado seu irmão Abel, Caim é surpreendido por Deus que lhe pergunta: “onde está Abel, teu irmão?”, ao que ele respondeu: “Não sei. Sou eu o guarda de meu irmão?” (Gn 4,9). A resposta de Caim, à primeira vista, parece ser uma interrogação que ele, por sua vez, faz a Deus. Mas, de fato, é uma inegável afirmação: sim, a bem da verdade, ele é “guarda” de seu irmão! E este texto é parte integrante de todo o projeto que Deus tinha em mente ao criar a nós, seres humanos. Então, bem entendida e bem lida em sua profundidade, essa inspirada palavra quer nos plantar no coração esta verdade: já ao nos criar, Deus nos pensou para sermos todos filhos e filhas Seus com a missão de guardar nossos irmãos e irmãs! Trazemos sim a marca da responsabilidade de cada um de nós por nosso bem, por nossa própria vida. Mas, ao mesmo tempo, e a partir de Seu mesmo projeto criador, Deus imprimiu em nós a marca da responsabilidade também pelo bem, pela vida de nossos irmãos e irmãs. E assim Ezequiel, para nós hoje o divino leitor de nossa profundidade, nos compara a uma sentinela que Deus estabelece em favor de uma cidade, de seus irmãos (Ez 33,1-2). Se a sentinela vê a aproximação de um perigo (“espada”), e “soa a trombeta e avisa o povo; “se aquele que escuta o som da trombeta não se preocupa, e a espada chega e o surpreende, será responsável por sua ruína. “Tinha ouvido o som da trombeta, mas não se preocupou; será responsável por sua ruína; se tivesse prestado atenção, ter-se-ia salvo” (v.3-5). Porém, “se a sentinela vê chegar a espada e não soa a trombeta e o povo não é avisado; quando a espada chega e surpreende alguém, este morrerá vítima de sua iniquidade, mas de sua morte pedirei contas à sentinela” (v.6). É interessante que Deus Se dirige ao profeta, e hoje a mim e a você, com a expressão “filho (ou filha) do homem”. E com essa expressão, Deus nos quer revelar alguém que é modelo de humanidade, que vive o que Ele planejou para nós enquanto seres humanos. Logo, aos olhos d’Ele, modelo de humanidade é quem vive como uma fraterna sentinela vigilante dos irmãos e irmãs! “Ó filho do homem, eu te constituí sentinela para os israelitas; escutarás uma palavra de minha boca e os advertirás de minha parte. “Se digo ao pecador que ele morrerá, e tu não falas para desviá-lo de sua conduta, ele morrerá por sua iniquidade; mas de sua morte pedirei contas a ti. Mas, se tiveres advertido o pecador para que se desvie de sua conduta, ele morrerá por sua iniquidade, tu ao contrário salvarás tua vida” (v.7-9). É Deus, a todo custo, tentando imprimir em nós aquele Seu amor pela inteira humanidade. Amor que O leva a não aceitar a perdição nem mesmo de um único ser humano. Ele os quer todos, sem exceção, unidos a Si já aqui na terra, e em plenitude, a partir de um dia em Sua casa da eternidade! Diz Ele de Si mesmo: “sairei à procura da ovelha perdida e reconduzirei ao redil a desgarrada; enfaixarei a que estiver ferida e cuidarei da doente, velarei sobre a gorda e a forte; eu as apascentarei com justiça” (Ez 34,16). Amor zeloso do Pai, que Jesus, Seu Filho encarnado, viveu em plenitude em Sua missão entre nós: “O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10), e que por isso sai “à procura da ovelha perdida até encontrá-la” (cf. Lc 15,4)! Em Seu amor-de-salvação, Deus só entrega os pontos quando encontra uma recusa invencível de nossa parte: “Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas tu não quiseste” (Mt 23,37b)! Dai-nos deste vosso amor zeloso pela vida de todo nosso irmão e irmã!
1. Como o do Pai, meu coração, longe de condenar, excluir, ignorar, só deseja recuperar, trazer de volta para a vida?
2. Sinto-me guarda, sentinela para meus irmãos e irmãs?
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Por Redação, em Santuário Nacional