Missa

Pela primeira vez no Brasil, catequistas são instituídos ministros em Santa Missa

Escrito por Letícia Dias

13 ABR 2024 - 08H27 (Atualizada em 15 ABR 2024 - 12H04)

Gustavo Cabral/ A12

Neste sábado (13), a Igreja no Brasil viveu uma ocasião histórica: dezenove catequistas de diversas regiões receberam, pela primeira vez em solo brasileiro, o Ministério do Catequista. Leia MaisConheça os 19 catequistas que recebem ministério neste sábado (13)

O Rito de Instituição ocorreu na Santa Missa de abertura do 4º dia da 61ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, às 7h, celebrada no Altar Central do Santuário Nacional.

A celebração eucarística foi presidida pelo arcebispo de Santa Maria e presidente da Comissão Episcopal de Animação Bíblico-Catequética da CNBB, Dom Leomar Brustolin.

Em entrevista ao A12, Dom Brustolin expressou o seu entusiasmo em relação a este marco para a Igreja:

“Um momento histórico, porque são os primeiros catequistas de muitos outros que virão e serão instituídos como ministros catequistas. Isso significa o reconhecimento do trabalho de leigos e leigas que incansavelmente atuam na transmissão da fé para crianças, jovens e adultos e também consolida para o Brasil, os nossos trabalhos e de todos os catequistas. É um momento que vai favorecer ainda mais a missão da catequese no Brasil.”

O arcebispo explicou que no processo para a escolha dos catequistas há certos critérios, estabelecidos pelo Papa Francisco e também pela CNBB.

Um deles é alguns anos de prática, mas uma formação também teológica, pedagógica, bíblica e espiritual. Depois, além da formação e do tempo, que a comunidade cristã encontre neles uma referência… pessoas muito alinhadas e em comunhão com a igreja”, afirmou.

Entre os 19 novos ministros da catequese estão: Deolinda Melquior da Silva, da etnia Macuxi, 56 anos, residente na comunidade indígena Maturuca, no Estado de Roraima, catequista há 42 anos; e Flavio Souza dos Santos, 43 anos, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Diocese de Eunápolis (BA), catequista há 25 anos.

Ambos contaram ao A12 seus sentimentos ao receberem o Ministério de Catequistas.

Gustavo Cabral/ A12
Gustavo Cabral/ A12


“Uma data marcante, alegria imensa de poder ser instituída. É um reconhecimento e valorização, principalmente para nós, povos indígenas. O Ministério de Catequista é uma vocação de serviço ao Evangelho e à Igreja na transmissão da fé. Os colonizadores chegaram no Brasil e procuraram catequizar os indígenas, tornando-os católicos, mas impondo medo e não respeitando as suas culturas. Hoje, os catequistas e os missionários fazem a catequese de acordo com o plano de Deus sobre nós, onde nos mostra a verdade, o direito à vida, à terra, cultura, identidade, costume, tradição. Jesus disse, eu vim para que todos tenham vida e tenham em abundância”, falou Deolinda.

Gustavo Cabral/ A12
Gustavo Cabral/ A12


“Estou vivendo uma mistura de emoções inexplicável, pois através deste ofício, a Igreja define o valor do catequista como uma pessoa muito importante na vida da Igreja e, de fato, reconhece e encoraja o compromisso dos leigos com a edificação da evangelização. Este ministério envolve não apenas a transmissão de conhecimento sobre a doutrina católica, mas também o cultivo de uma relação pessoal e espiritual com Deus. Receber o ministério de catequista é uma alegria e uma oportunidade de servir à comunidade, compartilhando o amor de Deus e ajudando outros a crescerem em sua fé. Alegria ainda maior que esta celebração tenha sido na Casa de “Nossa Mainha”… Nossa Senhora Aparecida”, disse Flavio.

Em sua homilia, Dom Brustolin destacou que novos ministérios surgem na Igreja para atender as necessidades da atualidade. Nesse sentido, a Instituição do Ministério de Catequista é um alerta para o fortalecimento do anúncio da Palavra de Deus e o acompanhamento das pessoas nas comunidades e paróquias.

Para os catequistas e para todos nós, ressoa a voz de Jesus no Evangelho de hoje: ‘Sou eu. Não tenham medo’ … A vida de cada um de nós deve ser uma Páscoa, passagem da escravidão, do pecado para a liberdade dos filhos de Deus. Para fazer a travessia, estamos todos juntos num barco. Este barco é a Igreja.”

Nesse contexto, o arcebispo disse que cada catequista escolhido para se tornar ministro possui um bispo, faz parte de uma Igreja local. Além disso, ser escolhido não é um prestígio, mas um chamado ao serviço e ao compromisso com a Igreja e Cristo e a colocar o próximo em primeiro lugar.

Dom Brustolin, ao concluir, mencionou sua gratidão a todos os catequistas:

“Muito obrigado! Recebam todos o nosso reconhecimento, o que seria da nossa igreja sem a vossa missão. Continuem incansáveis! Vocês têm um dom, vocês não se cansam, apesar do tempo frio, da escuridão e do vento que às vezes sopra. Continuem dizendo como Maria, como Nossa Senhora, Sim ao Pai… Nesta Casa da Mãe aparecida, revigore toda a sua vida e sua vocação…”, concluiu.

Confira alguns momentos da celebração:

Veja a Santa Missa na íntegra:

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