Dom Alessandro Ruffinoni doou boa parte de sua vida aos imigrantes. Pessoas que abandonavam seus países, casas, e até suas famílias. E o que aprendeu durante esses anos é que nenhuma migração vem só. "A migração leva consigo muita dor, mas se encontra um governo, um povo que lhe acolhe, ela também carrega uma riqueza de valores que transforma a sociedade. Acolher é um dever cristão", afirmou.
Através de sua experiência na Igreja, Dom Alessandro acredita que as migrações são um bom exemplo para o momento polarizado que vivemos no Brasil. "As pessoas têm de abandonar os instintos de rejeição aos gestos, pessoas, normas diferentes. Hoje em dia, nós vemos as pessoas com opiniões diferentes se ofendendo e não respeitando o próximo. É preciso refletir e se deixar guiar pela Luz de Deus".
O bispo recorda que ele próprio é um imigrante. Italiano, nascido em Piazza Brembana, província de Bérgamo, na Itália, Ruffinoni já atuou com os migrantes quando esteve no Paraguai e com brasileiros ao redor do mundo. Agora emérito, ele foi o responsável pela celebração do quarto dia da Novena Solene da Festa da Padroeira, no Santuário Nacional, com o tema "Maria Missionária: cuidar do que é de Deus".
"Cuidar das coisas de Deus é cuidar da natureza , das pessoas, das diferenças, com respeito", completou.
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Mas como os fiéis no Santuário receberam o tema da Novena?
Muitas famílias e caravanas de fiéis de diversos locais vieram para celebrar a Novena Solene deste domingo (6) em Aparecida (SP). Uma dessas fiéis é Maria Aparecida da Silva, de Muriaé (MG). Dona Maria, mais conhecido como "colega" pelas amigas, veio acompanhar todos os dias da novena. Para ela, é uma honra participar deste momento.
Ela não só vem ao Santuário, como traz ofertas de pessoas de sua cidade. "Eu trago muitas doações de quem queria estar aqui, mas não consegue. Esse é meu papel. Acho que todos nós podemos cuidar das coisas de Deus. Se cada um puder dar uma gotinha de espiritualidade por onde passa, é possível espalhar a mensagem de Deus".
Durante a celebração de início da Novena, um grupo participou representando os pescadores que encontraram a imagem de Nossa Senhora no rio. Neste grupo estava Auxiliadora Siqueira. Funcionária pública, 57 anos.
Dora, como prefere ser chamada, acredita que os batizados precisam ser discípulos de Deus na sociedade."Somos exemplos não só dentro como fora da Igreja. Dar o testemunho de nossas ações. Assim procuro cuidar das coisas de Deus em minha vida", conta.
Ao lado da esposa Marciara e das filhas gêmeas Beatriz e Cecília, Fabiano Campos acompanhou a Novena. Para ele, o principal é manter o espírito de Deus em família. "Procuro enxergar a situação do próximo e saber que não tenho o dom da verdade. É isso que tento passar às minhas filhas", disse.
Atentas às palavras de Dom Alessandro, as primas Dayane, 16, e Daniele Campos, 26, entendem que os jovens estão se conscientizando. "É cada vez mais fácil encontrar alguém próximo da gente que passou por alguma dificuldade. Seja algum tipo de preconceito, depressão, falta de diálogo etc. Isso faz com que as pessoas entendam o lado do outro", pensa Dayane.
Daniele acredita em uma corrente de boas ações. "Se conseguirmos levar adiante uma coisa boa, independente se for para natureza, animal ou ser humano, vamos estar fazendo o bem a Deus".
Dom Alessandro Ruffinoni finaliza com o que acredita ser o segredo para fazer o bem as coisas de Deus. "Toda pessoa é um filho de Deus. E nem todos têm a mesma opinião. Por isso, temos que acolher as diferentes opiniões e dialogar juntos para que a sociedade possa crescer unida."
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