Ao longo da história da Padroeira do Brasil, a pequenina Imagem sempre foi alvo de muitos estudos e pesquisas. Entre esses registros, um é bastante peculiar: os mantos que cobriram a Imagem ao longo dos últimos trezentos anos.
Algumas referências encontradas sobre os adereços colocados na Imagem apontam como mais comuns o manto e a coroa, mas a Imagem já chegou a carregar grandes e pesados cordões em seu pescoço.
O inventário dos bens e alfaias sagradas do Santuário, com data de 5 de janeiro de 1750, cita um desses mantos utilizados pela Imagem de Aparecida: “Um manto de carmesim com ramos de ouro aplicados no mesmo, doado por Francisco Soares Bernardes da cidade de Mariana, Minas Gerais” (cf. História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida). Segundo o autor, os objetos eram colocados para disfarçar a quebra da Imagem.
A Imagem usou vários cordões de ouro. Em 1770, aparece uma citação sobre estes ornamentos. Nessa época, os registros indicam que os cordões que existiam foram vendidos para ajudar na reforma da capela.
Desses adereços, apenas alguns podem ser encontrados, seja no acervo do Museu Nossa Senhora Aparecida ou mesmo na Reserva Técnica do Santuário Nacional, onde os objetos históricos ficam armazenados quando não estão em exposição.
Localizados na Torre Brasília, no Santuário Nacional, esses lugares guardam inúmeras preciosidades para que a história possa ser preservada e continue a ser transmitida às demais gerações.
Dos mantos utilizados na Imagem da Padroeira do Brasil ao longo de sua história, existem apenas algumas informações e poucos foram armazenados. Dos encontrados, dois estão relacionados à cerimônia de Coroação de Nossa Senhora Aparecida, em 1904.
O primeiro está em exposição no Museu, junto com uma réplica da coroa doada pela Princesa Isabel em 1868, e ainda guarda tonalidades vivas e ornamentos bastante preservados.
O segundo manto, devido ao seu estado de deterioração, está armazenado na Reserva Técnica. O manto, que na época era de cor azul anil, hoje pouco guarda dessa tonalidade.
Veja alguns registros de mantos usados pela Padroeira em sua história recente:
O primeiro retrato da imagem original que se tem notícia foi feito pelos fotógrafos franceses Luiz Robin e Valentim Fraveau, em 1869. Nesta foto aparece um manto utilizado pela imagem naquela época. A outra imagem, do fotógrafo amador André Bonotti, tirada em 1924, apresenta a imagem sem o manto, com um dos cordões ao redor do pescoço. Ela foi muito utilizada pelos especialistas para constatar o estado primitivo da imagem até esta época.
Peritos constataram que a imagem primitiva era originalmente policromada: tinha a pele do rosto e das mãos brancas, um manto de cor azul escuro e o forro vermelho granada. Estas eram as cores oficiais, conforme determinação de Dom João IV, de 25 de março de 1646, quando tornou a Santa Virgem, sob a invocação da Imaculada Conceição, Padroeira do Reino de Portugal e seus domínios. Ao longo dos anos, foi adicionado um sobremanto em forma triangular e uma coroa, o que permanece até os tempos atuais.
O costume de colocar coroas e mantos na Imagem é descrito no já citado inventário dos bens e alfaias sagradas do Santuário, com data de 5 de janeiro de 1750.
Nem sempre a coroa foi de ouro; algumas foram de prata. A coroa mais importante da Imagem é a que foi doada pela Princesa Isabel, em 1868, e que está atualmente junto à imagem original. A coroa de ouro 24 quilates, pesa 300 gramas e tem 24 diamantes maiores e 16 menores.
Foi com ela que foi realizada a Coroação de Nossa Senhora Aparecida, em 1904. Dessa coroa, uma réplica está em exposição no Museu, junto com o manto utilizado na mesma celebração.
No ano de 2004, na comemoração do centenário de Coroação da Imagem, um concurso de design de coroas foi lançado pelo Santuário Nacional de Aparecida.
Dos diversos desenhos, cinco foram escolhidos e ganharam protótipos. Todos estão em exposição no Museu. A coroa vencedora, feita em prata dourada e pedras, foi projeto de Lena Garrido e equipe de Débora Camisasca, de Belo Horizonte (MG).
Em outubro de 2017, a Imagem de Nossa Senhora Aparecida foi coroada em uma celebração no Altar Central.
A Padroeira do Brasil recebeu uma coroa que reunia uma porção de terra de cada um dos estados brasileiros, mais o Distrito Federal.
O manto que cobre a Imagem de Nossa Senhora Aparecida na atualidade tem aproximadamente quatro anos. Foi confeccionado por uma família aparecidense. Nele, estão destacadas as bandeiras do Brasil e do Vaticano, identificando assim a unidade da Igreja com o Papa.
Ao longo dos últimos três séculos, o manto da Padroeira do Brasil sempre quis representar a realeza de Maria, enquanto Mãe do Redentor da Humanidade.
No decorrer da história, muitos foram os mantos que cobriram a Imagem da Padroeira, mas um em especial remete ao seu achado em 1717: as mãos de Filipe Pedroso, que foi um dos pescadores presentes no milagre nas águas do rio Paraíba.
Ele mesmo, com suas mãos, moldou a pequenina Imagem com cera de abelha e, assim, foi o primeiro a venerar a Rainha e Padroeira do Brasil.
Desde 2010, as Irmãs Carmelitas bordam os mantos que são colocados na Imagem que fica no Altar Central durante a Novena e Solenidade. Esses mantos estão todos guardados na Reserva Técnica, para registrar também essa outra história dos mantos.
Dois mantos foram preparados para as comemorações dos 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, em outubro de 2017. As peças foram produzidas trazendo a figura dos pescadores e da pesca milagrosa, recordando o importante momento que deu início à devoção à Mãe Aparecida.
27 mantos foram minuciosamente cortados, bordados e costurados pela irmã Maria Regina da Imaculada Conceição, do Carmelo de Santa Teresinha do Menino Jesus, na cidade de Aparecida (SP), para as peregrinações da Imagem de Nossa Senhora, que foram realizadas no período de agosto de 2014 a agosto de 2017.
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- Foto: Marília Ribeiro
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Em 2018 o Santuário de Aparecida recordou com uma programação especial, os 40 anos da restauração da Imagem de Aparecida. Para marcar a data as Irmãs Carmelitas confeccionaram um manto que foi usado na Imagem nas celebrações do dia 19 de agosto e também durante a Novena e Festa da Padroeira que também abordou a temática da restauração.
A identificação do povo com a Mãe de Jesus em uma Imagem enegrecida foi um dos fatores que mais contribuíram para o crescimento dessa devoção, especialmente entre as pessoas menos favorecidas, que viam na pequena Imagem o seu próprio rosto sofredor. Essa identificação foi registrada pelo padre Júlio Brustoloni, em seu livro ‘História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida’:
“Tirada do rio Paraíba, em 1717, por humildes pescadores - gente do povo que amava o trabalho e a religião – começaram a venerá-la, invocando-a em suas necessidades. Nos humildes e pobres pescadores e na imagem enegrecida e machucada o povo brasileiro viu-se identificado, como se tudo isto fosse cópia de sua própria vida e existência. Foi um amor à primeira vista, pois Filipe Pedroso, ao contemplar a pequenina imagem, que segurava nas mãos, exclamou: ‘Minha Nossa Senhora Aparecida!´”.
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Por Redação, em Santuário Nacional
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