Padre Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R
“Quarta-Feira de Cinzas”
A celebração mais importante da Igreja é a Páscoa. Nela celebramos os mistérios centrais da vida de Cristo. Dizemos centrais, pois a Páscoa penetra toda a atividade do cristão, tanto celebrativa como da vivência. Páscoa não é só uma festa, mas uma vida que acontece. As celebrações são Memória dos acontecimentos de Sua Paixão e Ressurreição.
Para bem viver este momento temos o tempo da Quaresma. Esta palavra significa 40 dias. Há muitas tradições a respeito. Cada tempo celebrou de um modo. Atualmente passa meio esquecida. Mas podemos fazer uma comparação com algo que está muito comum: é como um treinamento esportivo tanto para saúde como para a disputa de jogos.
É como fazer uma terapia de fortalecimento espiritual. O treinador é o próprio Jesus que nos dá as técnicas de Sua academia. Recebemos uma dieta própria para o organismo espiritual. Esta dieta é o jejum. Antigamente era muito exigente. Não é parar de comer ou passar fome. É esvaziar-se das preocupações e dedicar-se ao único necessário. É preciso ser centrado. Tudo é bom, mas nem tudo aproveita naquele momento. É preciso selecionar.
A terapia e o treinamento vão fundo no coração para colocar os pensamentos em ordem através da oração. É uma terapia completa que atinge todos os pontos frágeis de nosso espiritual. Como de nosso corpo que cria massas, tiramos os excessos de nosso interior. A esmola, ou a preocupação com os outros dá-nos um corpo espiritual bem formado que ajuda nosso corpo físico. À medida que nos preocuparmos com outros, tiramos nossos excessos. Que adianta ter corpo sadio e bonito, se o interior, que o sustenta, não estive curado, sarado.
A Quaresma não é somente um trabalho individual, mas de todo o corpo eclesial. Ela é vivida na comunidade como um todo. É toda a comunidade que se converte. Não há individualismo espiritual. Há sim o empenho de cada um para se unir ao Corpo de Cristo e trabalhar para sua purificação naquilo que é humano, isto é, nossa parte. A Igreja toda deve ser penitente.
A penitência não são sacrifícios impostos para fazer sofrer, mas atitudes de sair de si e pensar nos outros. Vivemos mais para as estruturas que para a vida do Senhor que habita nela. Por isso Paulo insiste que Jesus quer tornar sua Igreja pura digna como esposa.
A purificação se faz pela caridade que cobre a multidão dos pecados. Essa caridade não são alguns gestos ocasionais, mas uma atitude permanente de acolhimento e, mais ainda, como nos ensina Papa Francisco, ir busca dos necessitados da graça e do pão. A maior política que se poderia fazer pelo mundo seria colocar a caridade em ato. Precisamos de ações concretas para dar vida a rostos sofridos e que tem em nós a última esperança.
Toda forma de alegria é boa, desde que seja alegria, pois é impossível ser alegre sem o bem, a justiça e o amor. A penitência e o esforço quaresmal em preparação para a Páscoa terão como resultado a alegria da Ressurreição. “Os discípulos ficaram alegres por verem o Senhor”.
As mulheres que viram o Senhor voltaram cheias de alegria para comunicar aos discípulos (Mt 28,8). Jesus dissera: "Vós agora estais tristes; mas eu voltarei a vos visitar, e vos enchereis de alegria, e ninguém tirará vossa alegria” (Jo 16,22). É a alegria da participação da vida do Ressuscitado. Preparando-nos para a Páscoa ela dará seus frutos em nossa vida e na vida do mundo, pois a Ressurreição do Senhor é um ato de Deus para todo Universo.
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