A Igreja Católica celebra neste 7 de abril a Sexta-Feira da Paixão. O fortíssimo drama da morte de Cristo no Calvário.
Leia MaisCelebre o Tríduo Pascal na Casa da Mãe AparecidaNa manhã desta sexta-feira, foi realizada a tradicional meditação da Via-Sacra no Altar Central do Santuário de Aparecida, uma forma de refletir, rezar e mergulhar na doação e na misericórdia de Jesus que se doou por nós.
A meditação das 14 estações da Via-Crucis teve a condução do Irmão Alan Patrick Zuccherato, C.Ss.R., que logo do início da celebração enfatizou a importância em ver Cristo através das pessoas mais próximas e que necessitam de nossa ajuda.
"Peçamos ao bom Jesus, que ao contemplarmos sua cruz e as cruzes da humanidade faminta, possamos nos comprometer a descer da cruz todas as pessoas, todos os grupos e todos os povos hoje crucificados".
O missionário redentorista e reitor do Santuário Nacional, Padre Eduardo Catalfo presidiu a meditação, e falou que a caridade faz parte da identidade de cada seguidor de Jesus.
“A teologia latino-americana tem uma expressão muito bonita que diz assim: ‘O ser Cristão nos leva a descer da Cruz os povos crucificados’, e ao meditar esses momentos da Via-Sacra, queremos com Jesus, nos empenhar sempre na construção de um mundo melhor e mais feliz para todos”, disse o sacerdote.
O momento oracional deste ano foi inspirado pela Campanha da Fraternidade deste ano e o seu tema “Fraternidade e Fome”, e em cada estação, assim como Jesus sofreu até a morte de Cruz, foram abordados os diversos sofrimentos que o povo de Deus padece a cada dia.
“Ao concluirmos esta caminhada, acompanhando Nosso Senhor e nossos irmãos e irmãs que sofrem o flagelo da fome em seus calvários, assumamos o compromisso concreto, um gesto de conversão, pessoal, comunitária e social, e atuemos no combate à fome e à miséria em nosso Brasil”, completou o Irmão Alan.
.:: Acompanhe um resumo das estações meditadas na Casa da Mãe Aparecida
Sofrimento dos famintos
Para ter uma ideia da realidade em que vivemos, na 1ª estação, onde é citada a condenação injusta de Jesus por Pilatos foi refletido como nossos irmãos e irmãs se arriscam a comer alimentos em lixões para sobreviver.
“Jesus se faz um de nós para elevar nossa condição humana, mas falta partilha do pão que faz com que uns que acumulam aquilo que falta no prato dos outros. Em cada um desses irmãos famintos, está Jesus a sofrer com eles a fome, a injustiça e o desamor”.
Durante a 2ª estação foi retratada como muitos carregam a cruz da insegurança alimentar.
“Ainda hoje, muitas pessoas, irmãos e irmãs nossos, tomam aos ombros a pesada cruz de não ter a garantia de uma próxima refeição. São milhões de famílias que não conseguem garantir o sustento dos filhos, mesmo morando em um país que, a cada ano, bate recordes da produção de alimentos”.
A queda pelo desemprego
A primeira vez que Jesus cai ao chão, cansado pelo peso da Cruz é lembrada na 3ª estação. E quantas vezes pela ganância, muitas pessoas ainda não conseguem um emprego para sustentarem suas famílias.
“Nessas longas filas por uma oportunidade de trabalho, está Jesus, cansado e machucado ao ver nossos irmãos implorando pelo direito a uma vida digna por meio de seu trabalho”.
O sofrimento da Mãe pela falta de alimento ao seu Filho
O encontro de Cristo com Nossa Senhora na 4ª estação nos mostra como pais e mães ficam desesperados por não conseguirem sustentar seus filhos de maneira digna.
“Que a contemplação do encontro de Jesus com sua Mãe nos convide a rejeitar toda lógica de vantagens indevidas e a nos esforçarmos em ensinar aos nossos filhos a lógica da partilha e da fraternidade”
Os Cirineus que ajudam aos que sofrem com a fome
Simão foi obrigado pelos soldados a carregar o pesado Madeiro com Cristo na 5ª estação. E assim como Cirineu, agentes de pastorais por todo o Brasil ajudam a saciar muitos crucificados pela insegurança alimentar, assim enchendo o prato do irmão e aliviando o peso e o vazio da fome.
“Ó meu Jesus, dai-nos a graça de vencer o egoísmo que nos impede de perceber as necessidades ao nosso redor e inspirai-nos ações que sejam alívio e sustento para aqueles que padecem o peso da fome e da penúria”.
Gestos de amor assim como o de Verônica
Jesus na 6ª estação tem sua face ensanguentada limpa pela mulher que lhe ofereceu um lenço, sofrendo junto com o crucificado. Quantas instituições formadas por religiosos, religiosas, sacerdotes, leigos, além de outras confissões religiosas também realizam este gesto, dando de comer a quem tem fome.
“Assim como o gesto de Verônica não encerrou o sofrimento do Senhor, a ação dessas instituições, necessária e bela, não pode amenizar a nossa consciência de que o mal da fome persiste e exige de nós uma conversão sincera e um compromisso decidido pela solidariedade”
A queda pela falta de dignidade
Jesus cai pela segunda vez, aflito pelas dores e feridas na cabeça e no corpo. Na 7ª estação foi retratado o desespero de irmãos e irmãs pela falta de recursos para sustentarem suas famílias, chegando ao ponto de furtar para comer e se alimentar.
“Com esses irmãos e irmãs, Jesus cai cansado e faminto, pois a dor e a humilhação trazidas pela escassez de alimento levam o ser humano a atos de desespero extremo. Esses irmãos e irmãs que caíram precisam de nossa ajuda para reconstruir sua vida, por meio de políticas públicas justas, que recuperem a sua dignidade”.
Consolo para aqueles que choram
As lágrimas das mulheres ao ver Jesus tão chagado e com seu sangue derramado são mostradas na 8ª estação. Como o Papa Francisco chamou, os “santos ao pé da porta” tem compaixão para ajudar e socorrer aos mais necessitados pela miséria, assim como as mulheres de Jerusalém se dispunham a servir quem sofria e quem encontravam pelo caminho. Também houve uma oração para que Jesus console as mulheres que sofrem diariamente com a violência doméstica e outros abusos em nosso país.
“Quantas mulheres, meu povo, choraram por meu sofrimento! Quantas mulheres, de novo, são solidárias aos que dormem ao relento”.
A queda pela indiferença aos necessitados
Jesus cai pela terceira vez e quase não tinha mais forças para andar, um corpo que pedia um pouco de amor. Durante a 9ª estação foi mostrado como ainda estamos cegos para aqueles que são humilhados pela pobreza e que pedem esmolas nas ruas.
“Ó meu Jesus, dai-nos a graça de superar o orgulho e a indiferença que nos cegam e nos impedem de ver e socorrer nossos irmãos humilhados pela pobreza”
Na 10ª estação, quando Jesus é despido de suas vestes, novamente nos deparamos com a falta de ajuda e solidariedade com irmãos e irmãs moradores nas ruas do Brasil que não tem roupas para se cobrir e não tem dignidade.
“Ao contemplarmos a remissão da nossa humanidade no sacrifício de Cristo, esforcemo-nos para que nenhuma irmã ou irmão precise esconder de novo como nosso primeiros pais no Paraíso”.
A Cruz da fome, da violência e da guerra
Ao ser pregado na Cruz do Calvário, Jesus além dos gemidos de dor, exclama: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). A 11ª estação reflete quantos estão crucificados, as mães que perderam seus filhos e maridos injustamente, refugiados que fogem de bombas, em jovens que são obrigados a matarem pessoas na guerra e também os mais famintos.
“Ó meu Jesus, faça que nossas mãos, pés e coração socorram e consolem aqueles que foram condenados e crucificados pela sentença de injustiça e da fome”.
Milhões de crucificados e mortos pelas dores da humanidade
Jesus, depois de três horas de agonia, consumido de dores e esgotadas as forças de seu corpo, inclina a cabeça, morre na Cruz. Na 12ª estação, acompanhamos como muitos irmãos e irmãs ainda morrem de frio, fome e assassinados por fruto de injustiça.
“Ó meu Jesus, que nossa prece alcance e fortaleça os irmãos sofredores, vítimas da fome e da violência, que também são condenados à morte por causa do orgulho, que é raiz da injustiça e da desigualdade. Nos dê a graça de sermos alívio e reparação para as dores que assolam a humanidade”
As cruzes da solidão e falta de dignidade ao morrer
Jesus é retirado da Cruz e depositado nos braços de sua dolorosíssima Mãe, Maria, que o recebeu com ternura e o apertou contra seu peito traspassado de dor.
“Ainda hoje, muitas pessoas, irmãos e irmãs nossos, morrem de fome na solidão sem ter quem chore sua ausência. Na indigência e no esquecimento, está Jesus ao lado deles. O silêncio da Cruz vazia é o silêncio que os vela e os salva”, sofrimento abordado na 13ª estação.
Na última estação, acontece o sepultamento de Nosso Senhor, realizado pelos seus discípulos com a Virgem Maria. Depois cerraram a porta do sepulcro e se retiraram. E ainda hoje, muitas pessoas não têm a oportunidade de serem lembradas e serem enterradas com a mínima dignidade.
“Que, ao contemplarmos o sepultamento do Senhor, na esperança de sua Ressurreição, possamos recordar o valor da vida humana e valorizar a história e a herança dos pobres e simples que não nos deixam ouro ou fortunas, mas sinais de sabedoria para nosso tempo”.
Confira mais imagens da Meditação da Via-Sacra
1/10
Padre Lucas Emanuel reflete sobre a Sexta-Feira Santa
Santuário Nacional recebe a 20ª Romaria da Arquidiocese de Goiânia (GO)
Neste fim de semana, o Santuário Nacional acolheu os romeiros da Arquidiocese de Goiânia, na Santa Missa às 9h.
Santa Missa recorda a memória da Apresentação de Nossa Senhora
Pe. Célio Lopes celebrou a Memória da Apresentação de Nossa Senhora no Santuário Nacional, destacando a importância da participação ativa na fé e na comunidade.
Santuário Nacional celebra o dia da Consciência Negra
Celebração Eucarística na Casa da Mãe Aparecida reforça inclusão e valor dos afrodescendentes no Dia da Consciência Negra, com mensagem de amor e fraternidade.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.