O 5º Congresso Missionário Nacional encerrou suas atividades nesta quarta-feira, 15 de novembro. O evento que tinha como objetivo refletir a missão na Igreja do Brasil, encerrou o encontro apresentando e celebrando a carta-compromisso, que refletiu os temas debatidos durante a semana e fortaleceu o ardor no coração dos congressistas no desafio e na missão da vida missionária, levando o amor de Jesus até os confins da terra.
Um dos trechos da carta, celebrou o compromisso e a generosidade dos presentes, que com entusiasmo, acolheram o encontro e se uniram em missão gerando espaços de escuta e comunhão.
"Por causa de Jesus e de seu Evangelho, estávamos presentes no Congresso, expressando o ardor e o testemunho missionário da Igreja no Brasil, como delegadas e delegados de nossas Igrejas locais, para fomentar um novo impulso, novas luzes e novas motivações na caminhada missionária para além de todas as fronteiras. Nossa assembleia foi composta aproximadamente por 800 pessoas: 40 bispos, 150 religiosos e religiosas, 110 presbíteros diocesanos, 10 diáconos, 30 seminaristas religiosos e diocesanos, 300 leigos e leigas e 200 voluntários e voluntárias das equipes de Manaus."
Conscientes da missão evangelizadora, após dias de escuta e diálogo, a Carta ainda indica algumas pistas para a ampliação e a dinamização das quatro prioridades do Programa Missionário Nacional que são: Formação Missionária, Animação Missionária, Missão Ad Gentes e Compromisso profético-social.
"Queremos, como os discípulos de Emaús, continuar tecendo caminhos de busca, de escuta e de transformação para que o Ressuscitado abra os nossos olhos, converta os nossos corações e nos impulsione para a missão permanente. Somos inspirados a reconhecê-Lo no cotidiano dos povos, em suas sabedorias, suas culturas, seus ritos, seus territórios e suas histórias."
Confira a Carta Final na íntegra:
CARTA COMPROMISSO DO 5º CONGRESSO MISSIONÁRIO NACIONAL
Às missionárias e aos missionários das Igrejas locais,
Encontramo-nos em Manaus de 10 a 15 de novembro de 2023, vindos de todas as regiões do Brasil para celebrar o 5º Congresso Missionário Nacional. A grave estiagem que acometeu a Amazônia nesses tempos de mudanças climáticas, não impediu o transbordar do entusiasmo, da generosidade e do compromisso de sua Igreja que nos acolheu em suas casas, com todas as flores e com todos os sabores de suas famílias.
Por causa de Jesus e de seu Evangelho, estávamos presentes no Congresso, expressando o ardor e o testemunho missionário da Igreja no Brasil, como delegadas e delegados de nossas Igrejas locais, para fomentar um novo impulso, novas luzes e novas motivações na caminhada missionária para além de todas as fronteiras. Nossa assembleia foi composta aproximadamente por 800 pessoas: 40 bispos, 150 religiosos e religiosas, 110 presbíteros diocesanos, 10 diáconos, 30 seminaristas religiosos e diocesanos, 300 leigos e leigas e 200 voluntários e voluntárias das equipes de Manaus.
Reunimo-nos para refletir sobre o tema: “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo”, com o lema: “Corações ardentes, pés a caminho”. Papa Francisco, na mensagem que nos enviou, se alegrou com a escolha desse lema e nos convidou a responder com alegria ao Evangelho que recebemos: "o encanto pela Boa Nova que vos alcançou não vos deixe acomodados em uma Igreja fechada em si mesma e amedrontada, mas vos impulsione com a força do Espírito Santo a ir além-fronteiras".
A missão é o paradigma, o eixo que sustenta e nutre toda a Igreja. Uma missão fundamentada no diálogo recíproco, que possibilita incluir o estranho, as periferias, entrar na casa dos pobres, escutar seus clamores, sem preconceito, crítica, arrogância ou rejeição, desde a lógica diferente de Deus. Uma missão que inclui a todos, e que gera espaços de escuta e comunhão.
Uma Igreja sinodal em missão até os confins do mundo que cruza fronteiras e vive a ministerialidade e a corresponsabilidade, supera o clericalismo. Uma Igreja samaritana se concretiza no amor a aqueles que vivem nas periferias geográficas e existenciais. Uma Igreja para todos e todas. Uma Igreja encarnada, decolonial, não de conquista, mas pautada por uma missão de encontro e sem medo do diferente.
Conscientes de nossa missão evangelizadora, após dias de escuta e diálogo, reconhecemos a força missionária da Igreja do Brasil caracterizada por inúmeras iniciativas desenvolvidas em todo o território. Reafirmamos a relevância e a atualidade do Programa Missionário Nacional (PMN), cujo processo de construção iniciou no 4º Congresso Missionário Nacional, em Recife (2017).
Desde a Igreja de Manaus, indicamos algumas pistas para a ampliação e a dinamização das quatro prioridades do Programa Missionário Nacional, a saber:
Formação Missionária: sejam desenvolvidos itinerários formativos permanentes e processuais que tenham como premissas a interculturalidade e os clamores da realidade; a ecologia integral; a formação integral, inclusiva, decolonial e ecossistêmica; a espiritualidade missionária; a sinodalidade. Sejam criadas estratégias formativas para todos os sujeitos eclesiais, em especial o laicato, os seminaristas e o clero. Seja fomentada uma formação voltada para o entendimento sobre os Conselhos Missionários em seus diversos níveis. Sejam fortalecidas e contempladas ações como: escolas diocesanas missionárias; cursos de missiologia (pós-graduação lato e stricto sensu); formações mediadas pela educação a distância; elaboração de novos materiais missionários com linguagens locais; semana missionária vocacional.
Animação Missionária: visa despertar uma espiritualidade missionária para que toda a vida se torne missão. É uma ação pastoral para o fortalecimento e a dinamização de todas as forças missionárias. Neste sentido, é imprescindível a implementação, organização e desenvolvimento dos Conselhos Missionários em nível regional, diocesano e paroquial, de modo a contribuir com os planos pastorais das igrejas locais. Salienta-se a necessidade de favorecer caminhos sinodais para que as Pontifícias Obras Missionárias realizem o seu serviço às igrejas locais no despertar da consciência ad gentes. A Campanha Missionária, como precioso instrumento de animação missionária, seja conhecida e dinamizada em todas as dioceses.
Missão Ad Gentes: reafirma-se o imperativo do compromisso da Igreja local com a missão universal da Igreja, para a consolidação de uma cultura missionária permeada pelo espírito da cooperação além-fronteiras até os confins do mundo. Indica-se a necessidade de que sejam elaboradas estratégias voltadas à sustentabilidade da missão ad gentes; ao acompanhamento na ida e no retorno dos missionários; à rearticulação dos projetos Igrejas irmãs. Percebe-se a urgência de estruturas que incentivem e assumam os compromissos inerentes ao envio do laicato missionário. Recomenda-se o Centro Cultural Missionário como referência para formação missionária ad gentes.
Compromisso profético-social: em profundo alinhamento com a Doutrina Social da Igreja, a atuação missionária seja desenvolvida levando em consideração as complexas e múltiplas vulnerabilidades presentes em nossas realidades. A missionariedade promova e defenda os direitos humanos, o diálogo inter-religioso, o cuidado com todos os seres vivos, o combate a toda forma de racismo, com ênfase nas temáticas das migrações, dos povos originários e da equidade de gênero. Com o intuito de deixarmo-nos interpelar pelas diversas conjunturas, reafirmamos nosso compromisso com as infâncias, adolescências e juventudes. De modo profético salientamos a necessidade de participação de cristãos leigos e leigas nos diversos espaços sociais e políticos, como estratégia que colabore na construção de uma sociedade justa e fraterna pautada pelos valores do Reino.
Queremos, como os discípulos de Emaús, continuar tecendo caminhos de busca, de escuta e de transformação para que o Ressuscitado abra os nossos olhos, converta os nossos corações e nos impulsione para a missão permanente. Somos inspirados a reconhecê-Lo no cotidiano dos povos, em suas sabedorias, suas culturas, seus ritos, seus territórios e suas histórias.
Pedimos a força da Divina Ruah para sairmos ao encontro dos pobres e dos outros, servindo ao Reino de Deus com coração sem fronteiras e pés a caminho. Que Maria, Mãe da Amazônia, nos acompanhe em nossa saída missionária das Igrejas locais até os confins do mundo.
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