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Agnes Gouxha Bojaxhiu nasceu no ano de 1910 em Skopje, território do ainda Império Otomano (atualmente, capital da Macedônia do Norte), de pais albaneses; a região foi parte da anita Iugoslávia e ao longo da História esteve sob o domínio de diferentes nações. Na infância, Agnes foi educada numa escola pública da atual Croácia, também na região dos Bálcãs, e em seguida ingressou na Congregação Mariana, uma associação católica para crianças. Aos 12 anos, tinha já a convicção da sua vocação religiosa.
Com o consentimento dos pais, em 1928 Agnes entrou na Congregação das Irmãs de Loreto, missionárias na sua região, e foi encaminhada para a Abadia de Loreto na Irlanda do Norte. Em 1931 professou os votos de pobreza, castidade e obediência, adotando o nome de Teresa em homenagem a Santa Teresinha de Lisieux, padroeira dos missionários.
Foi enviada para Darjeeling, na Índia, local onde as Irmãs de Loreto possuíam um colégio, seguindo depois para outro colégio em Calcutá, ensinado História e Geografia para as crianças das melhores famílias da cidade, durante 17 anos. Por seu ótimo trabalho, foi nomeada diretora do colégio. Mas observava e ficava impressionada pela pobreza generalizada, crianças e velhos moribundos e abandonados, pessoas doentes nas ruas. Em 1946, numa viagem de trem ao noviciado do Himalaia, recebeu uma forte moção do Espírito Santo para tudo abandonar e se dedicar somente a estas pessoas.
Assim, em 1948, pediu autorização para deixar as Irmãs do Loreto, recebendo-a do Papa Pio XII, com a condição de permanecer religiosa sob obediência ao arcebispo de Calcutá. Passou a usar um sari (roupa indiana característica) branco com detalhes em azul, acrescentando no ombro uma pequena cruz. Esta indumentária seria a da sua futura congregação, conhecido no mundo inteiro. Em Pátina, fez um curso básico de enfermagem, que pensava lhe seria útil, e inciou o trabalho com pessoas abandonadas na cidade de Motijhil. Num bairro miserável, reuniu cinco crianças, que passou a ensinar; em dez dias, havia 50 delas. No final deste ano, Teresa obteve a nacionalidade indiana.
Seu trabalho logo ficou conhecido e o povo, solidariamente, a ajudava com doações e serviço voluntário. Mas ela deseja que as atividades fossem permanentes e não dependessem só destas ajudas, mas ficassem organizadas nos moldes de uma vida religiosa consagrada. Em 1949 surgiram as primeiras vocações entre suas antigas alunas do colégio, e surgiu a Congregação das Missionárias da Caridade, com o carisma de “saciar a sede de Jesus na cruz, por amor às almas”, indo ao encontro dos mais necessitados.
O estatuto foi aprovado pelo Vaticano em 1950, com Teresa como superiora. O trabalho das irmãs era sair às ruas e recolher os famintos, os leprosos, os portadores de HIV, as vítimas da fome e das guerras, doentes com elefantíase, gangrena, HIV, enfim, os mais miseráveis e abandonados, incluindo moribundos, muitos com corpos já em degeneração, estes para que ao menos morressem com dignidade. A todos eram prestados cuidados, com alimento, higiene, um lugar para repousar, tratamento aos doentes começando pelos mais repugnantes. As irmãs abriram creches, abrigos para pessoas abandonadas e albergues para pacientes de Aids.
Em 1952 surgiu o lar infantil Sishi Bavan (Casa da Esperança) e inaugurado o “Lar para os Moribundos”, em Kalighat. A Igreja formalizou a sua bênção para a obra, que começou a se expandir pela Índia e outros países, em diferentes partes do mundo.
Em 1963, em reconhecimento, o governo indiano lhe concedeu a medalha Senhor do Lótus. Madre Teresa foi distinguida como “cidadã honorífica” da Índia, um país onde apenas 2,3% dos habitantes são cristãos.
Em 1964, visitando a Índia, o Papa Paulo VI recebeu pessoalmente Madre Teresa e doou a ela a limusine que o transportava. O valor da rifa do veículo foi destinado à colônia de leprosos de Shanti Nagar, na cidade de Asansol. No ano seguinte, o Papa concede um decreto de aprovação à Congregação, que passa a se reportar diretamente ao Vaticano; com isso, Teresa inicia a expansão da obra, que chegaria a mais de 100 países. E em 1971 o Papa concede a ela o primeiro prêmio Jawaharlal Nehru da Compreensão Internacional.
Com a obra atuando já nos cinco continentes, Madre Teresa recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979, um dos muitos prêmios que recebeu pelo seu trabalho humanitário. Na cerimônia, em Oslo na Noruega, renunciou ao banquete e doou todo o dinheiro do prêmio aos pobres. O Papa João Paulo II a recebeu em audiência privada e a nomeou sua embaixadora em todas as nações. Neste mesmo ano, Madre Teresa visitou o Brasil e esteve em Salvador (BA), onde se encontrou com Irmã Dulce, que seria também canonizada.
Muitas universidades conferiram a Teresa o título “Honoris Causa”, e em 1980 ela recebeu a “Distinguished Public Service Award” dos Estados Unidos da América. Em 1982 ela esteve outra vez no Brasil, visitando comunidades carentes como a favela Marcílio Dias, na Avenida Brasil, Rio de Janeiro – RJ. No ano seguinte, em Roma, sofreu o primeiro ataque cardíaco, grave, que lhe comprometeu a saúde; estava com 73 anos.
Mesmo com a saúde abalada, é reeleita superiora da Congregação em 1985, ano em que recebeu do presidente norte-americano Ronald Reagan, na Casa Branca, a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração do país; e em 1987, recebeu na União Soviética a condecoração da Medalha de ouro do Comitê Soviético da Paz. Em 1989, realizou o sonho de abrir uma casa da Congregação na Albânia, sua terra natal (embora ainda sob domínio estrangeiro no ano do seu nascimento, a cultura e identidade nacional eram albanesas), mas um segundo ataque cardíaco a obrigou a usar um marca-passo no coração. Por causa disso solicitou ao Papa, em 1990, o afastamento do trabalho na Congregação.
Em 1996, Madre Teresa publicou o livro “Caminho de Simplicidade”, no qual recolhe a doutrina religiosa que impulsionou sua vida de dedicação aos pobres.
Madre Teresa faleceu aos 5 de setembro de 1997, de parada cardíaca, em Calcutá. A comoção foi mundial. Uma fila de quilômetros formou-se durante vários dias diante da igreja de São Tomé, onde o seu corpo estava sendo velado. Depois de uma semana, seu corpo foi trasladado ao estádio Netaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, secretário de Estado do Vaticano, celebrou a missa de corpo presente. O mesmo veículo que em 1948 transportou o corpo de Mahatma Gandhi foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre; somente Mahatma Gandhi, Nehru e ela tiveram funerais de chefe de Estado na História da Índia, e a única católica, numa nação de enorme diversidade de crenças e minoria cristã. O funeral teve a presença de chefes de Estado e governantes de todo o mundo.
Em 2002 foi reconhecido pelo Vaticano o milagre da sua beatificação: uma mulher de Bangladesh, usando uma Medalha Milagrosa da Virgem Maria que pertencera a Teresa, e lhe fôra dada por irmãs da Congregação, ficou curada de um tumor abdominal. O milagre da sua canonização ocorreu em 2008, no Brasil: a cura inexplicável de um homem em Santos - SP, com grave doença cerebral, sem tratamento possível, através das orações da sua esposa à Madre Teresa.
Madre Teresa de Calcutá é reconhecida mundialmente como a Mãe dos Pobres. Atualmente a Congregação das Missionárias da Caridade conta com cerca de 4.500 religiosas, que trabalham em mais de 130 países, incluindo o Brasil, em torno de 700 casas dedicadas a ajudar os mais desfavorecidos.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
A vocação e o testemunho de caridade católica de Santa Madre Teresa de Calcutá são óbvios e reconhecidos mundialmente mesmo por não católicos, como fica evidenciado pelas inúmeras honrarias que recebeu inclusive de países com ideologias contrárias à Fé. Como Jesus ensinou, só o amor pode levar à paz, algo de que Teresa estava plenamente convencida. Mas este amor ao próximo só existe realmente a partir do amor a Deus. Uma passagem de sua vida ilustra brilhantemente – e exemplarmente para nós – o seu entendimento e vivência desta verdade. As atividades diárias da Congregação incluíam uma hora de adoração ao Santíssimo, antes das irmãs saírem às ruas para cuidar dos necessitados. Já com a obra reconhecida e crescendo ainda mais, e diante da constatação do número infindável de pessoas em situações miseráveis, uma das irmãs disse a Teresa que elas precisavam de ainda mais tempo nas ruas… o que implicaria numa redução do tempo de oração da comunidade. Madre Teresa, concordando com a necessidade de mais empenho expressa pela aflita irmã, tomou a decisão: aumentou para duas horas diárias a adoração Eucarística. É Deus Quem faz as boas obras, não nós. Somos apenas, se tivermos bom senso, Seus instrumentos, e nada mais. A legítima preocupação com as necessidades alheias não podem, contudo, tornar-se meramente ativismo, ainda que bem intencionado, e a função da Igreja é antes de tudo espiritual, e não temporal. De todas as carências humanas, a maior é a do espírito; e por mais que se faça pelo corpo, este vai inevitavelmente morrer. Isto, é claro, não pode ser desculpa para negligência na caridade ativa, mas há sempre uma hierarquia de valores, os maiores os da alma e salvação eterna, e este é o entendimento de todos os santos, como Madre Teresa: talvez, na história recente da Igreja, ninguém tenha trabalhado tanto e tão bem na assistência aos pobres e doentes, mas ela nunca colocou a “assintência social” acima do cuidado espiritual. “Pobres sempre tereis entre vós”, disse claramente Jesus (Jo 12,8), pois este mundo jamais será outra vez um “paraíso terrestre”; e portanto a Igreja não é apenas uma “ONG” dedicada ao assistencialismo material. A caridade material é necessariamente uma consequência, embora natural e obrigatória, do amor sobrenatural, mas a cura e o alimento espiritual são prioritários, pois sem isso a vida infinita será no inferno e não no Céu. Lembremos que as primeiras vocacionadas da Congregação foram fruto do ensino de Teresa nos colégios… E exatamente por viver nesta perspectiva correta é que o maior reconhecimento de Madre Teresa não está nas homenagens humanas que recebeu, mas sim a confirmação que temos da sua salvação. De fato, no Paraíso estarão muitos que hoje não são conhecidos ou reconhecidos por ninguém, mas que, discretamente, amam verdadeiramente a Deus; enquanto que muitos honrados e exaltados nesta vida estarão no inferno. “Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (cf. Mt 20,16). Algumas frases da própria Madre Teresa ilustram igualmente estas verdades, sob diferentes aspectos: “O que você está fazendo, eu não posso fazer; o que eu estou fazendo, você não pode fazer. Mas (…) a santidade não é um luxo de poucos. É um dever muito simples para você e para mim. Você, na sua posição e no seu trabalho; eu (…) no trabalho (…) Nós temos que transformar o nosso amor a Deus em ação viva”; “É fácil amar os que estão longe, mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado”; “Temos que ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade”; “Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las”.
Oração:
Deus de infinita bondade, que só desejas cuidar do bem de Vossos pobres, miseráveis e necessitados filhos, concedei-nos por intercessão de Santa Madre Teresa de Calcutá a graça de jamais recusar ou ignorar as moções do Espírito Santo, para que, aceitando com agradecimento, amor e alegria a missão pessoal que confiastes a cada um de nós, sejamos premiados, por Vossa misericórdia, não com o reconhecimento mundano, mas com a Paz Eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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