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São José é modelo de inúmeras virtudes, e sempre vale a pena conhecê-lo melhor. Mas esta data específica nos remete a um aspecto particular da sua vida, aquele voltado para a santificação do trabalho.
Desde o princípio, Deus quis que o Homem cooperasse na Sua obra – “E Deus criou o Homem à Sua imagem; à imagem de Deus Ele o criou; homem e mulher Ele os criou. Deus os abençoou dizendo: ‘Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a Terra’” (Gn 1,27-28); “Javé Deus tomou o Homem e colocou-o no jardim paradisíaco do Éden de delícias para o cultivar e o guardar” (Gn 2,15).
Mesmo após o Pecado Original, o trabalho foi santificado, ainda que, nesta nova realidade, haja o sacrifício e as dificuldades a ele inerente (“Com trabalho penoso dela [da Terra] tirarás o sustento todos os dias de tua vida” (Gn 3,17).
Por outro lado, este modo de “carregar a sua cruz” todos os dias (cf. por exemplo Mt 16,24) é, agora, um meio de santificação, da escolha de seguir a Deus que, nesta vida, nos conduz para o Paraíso Celeste. São José é o modelo perfeito do trabalhador que, com suma humildade, caridade, honestidade e competência, sustentou Jesus e Maria, e ensinou o Cristo a fazer o mesmo.
O Dia do Trabalhador, a 1º de maio, foi originalmente instituído como uma comemoração ideológica do comunismo, para ser o símbolo da “luta de classes” que incentiva o ódio entre os patrões e empregados.
Ao contrário, São Paulo nos ensina que “Os servos obedeçam em tudo aos patrões desta terra; não só enquanto são vigiados, nem por bajulação, mas com sinceridade, por temor de Deus. Em tudo o que fizerdes, procurai trabalhar com ânimo, como quem serve a Deus e não aos homens. Pois sabeis que o Senhor vos recompensará com a herança eterna. De fato, Cristo é o Senhor: estais a Seu serviço. Pois quem comete injustiça recebe o pagamento da injustiça na mesma medida, sem distinção de pessoas. Patrões, tratai vossos trabalhadores com justiça e equidade, sabendo que vós também tendes um Senhor no Céu” (Cl 3,22-25; 4,1).
Verdadeiramente, Deus abençoa o trabalho humano, que é digno e necessário, e por isso a Igreja, ressaltando o valor salvífico, cooperativo com Deus, e da dignidade do trabalho não apenas em si mesmo mas como forma de bom relacionamento de amor e serviço entre os seres humanos, desmistificou esta depravação ideológica destacando a obra e a figura de São José, que com seu labor santificou a vida ao oferecê-lo para Deus e para os irmãos, a começar no sustento de Jesus e Maria.
Assim agiu também a Igreja no Natal, a 25 de dezembro, trocando o significado pagão da data comemorativa do “deus sol” para o acolhimento da verdadeira Luz, Cristo Jesus que Se fez homem na Encarnação e nasce da Virgem Maria para nos resgatar da culpa do Pecado Original e nos obter a possibilidade da Salvação: ou seja, todas as realidades humanas estão submetidas à obra salvífica de Cristo, e por isso têm dignidade e implicações de infinito.
Assim, em 1955 o Papa Pio XII instituiu a festa de São José Operário, que, nas suas próprias palavras, é “uma festa cristã, um dia de júbilo para o triunfo concreto e progressivo dos ideais cristãos da grande família do trabalho”, de modo a dignificar os frutos laborais humanos. E o Papa Leão XIII deixa claro que os operários têm o direito de recorrer a São José, e de procurar imitá-lo, no seu serviço e santidade.
Deste modo, a Igreja evidencia que a pretensa busca de “justiça” materialista, por meio de trabalhadores revoltados e não responsáveis e fiéis, sem a perspectiva cristã do serviço – fonte de serenidade e merecimentos – é algo ofensivo a Deus e prejudicial à sociedade.
São José Operário é o padroeiro dos trabalhadores, e o melhor exemplo da santidade possível a um ser humano, uma vez que a santidade perfeita de Cristo, que também é Deus, e de Nossa Senhora, criada sem Pecado Original, está acima da possibilidade de qualquer outro. Certamente não chegaremos jamais a ter a sua dignidade de pai adotivo de Jesus, mas sem dúvida devemos imitá-lo e invocá-lo na vida de serviço a Deus e ao próximo, o labor próprio da vida neste caminho de salvação!
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Adverte São Paulo, “...quem não quer trabalhar, não coma” (2Ts 3,10). Quem não quer empregar o seu tempo no trabalho da própria salvação, santificando a sua vida, não poderá comer do Pão Eucarístico, isto é, da Comunhão com Deus, nesta vida e especialmente na futura e infinita. Os ofícios humanos são dignos e necessários, aproveite-mo-los como meio de salvação, mas não só eles: tudo o que fazemos deve servir a Deus e ao próximo na caridade, como ensina o Primeiro Mandamento.
Oração:
Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos pecados; De trabalhar com consciência, pondo o dever acima de minhas inclinações; De trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus; De trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades; De trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus! Tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, oh! Patriarca São José! Tal será a minha divisa na vida e na morte. Amém. São José Operário, rogai por nós!
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