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Bernardino nasceu numa pequena aldeia, Massa Marítima, Carrara, República de Sena na Itália, em 1380. Sua família Albizzeschi era nobre, e seu pai governador de Massa. Era filho único, concebido pela intercessão da Virgem Maria, pedida pelos pais.
Órfão de mãe aos três anos e do pai aos sete, foi criado em Sena por duas tias muito devotas, que desde cedo lhe despertaram o profundo amor a Nossa Senhora e a Jesus. Rezava frequentemente diante de alguma imagem da Virgem, comovendo-se até as lágrimas, e desde cedo jejuava todos os sábados em Sua honra, hábito que levou pela vida inteira. Recitava diariamente o Ofício de Nossa Senhora, e gostava de visitar as igrejas; com memória excepcional, reproduzia detalhadamente às outras crianças os sermões que ouvia.
Certa vez, vendo a tia despedir um pobre sem nada lhe dar, por não haver em casa sequer um pão para o jantar da família, disse-lhe: "Pelo amor de Deus, demos alguma coisa ao pobre homem; dai-lhe o que me daríeis para o jantar; de bom grado passo em jejum".
Bernardino era dócil, cortês, modesto, respeitoso, muitíssimo inteligente. Também era belo e de extrema pureza, não suportando conversas obscenas. Recebeu, além da ótima educação religiosa, igual formação em letras e ciências humanas, formando-se aos 22 anos na Universidade de Sena. Logo depois, ingressou na Ordem de São Francisco, na mesma cidade.
Foi recebido por João Nestor, venerável ancião que, no Martirológio franciscano, consta como Bem-Aventurado. Desejando maior radicalidade na vida religiosa, Bernardino ingressou na Observância, uma forma mais extremada de pobreza à imitação de São Francisco, fazendo seu exemplar noviciado em Colombière, um convento completamente isolado, em Sena.
Ali haviam estado mais de uma vez o próprio São Francisco e São Boaventura, sendo costume que os jovens religiosos lá permanecessem algum tempo. Mesmo na Observância, acrescentava ainda mais austeridades do que as já estabelecidas; procurava fazer os serviços mais repulsivos e humilhantes, e alegrava-se quando, nas ruas, os meninos o injuriavam e tacavam pedras – até quando um parente o censurou amargamente pelo tipo de vida abjeto e desprezível que levava, o consideravam uma desonra para a família...
Seu empenho o levou a ser eleito pelos frades da Estrita Observância como seu Superior Geral em 1438. Após cinco anos no cargo e tendo promovido uma reforma rigorosa para o setor italiano, pediu a dispensa desta função, e aos 35 anos iniciou seu apostolado como pregador.
Viajando por toda a Itália, levava sempre um quadro de madeira com a inscrição IHS, Iesus Hominibus Salvatoren em Latim, ou “Jesus Salvador dos Homens” (criada por ele e que no século XVI foi adotada como emblema da Companhia de Jesus por Santo Inácio de Loyola, sendo até hoje frequente em várias ornamentações nas igrejas e nas hóstias). A ideia era de que os fiéis recordassem a missão salvadora de Cristo em favor da Humanidade, de modo a que arrependendo-se dos pecados e se convertendo, pudessem ser salvos.
Exortava sobre a caridade, a humildade, a concórdia, a justiça, e tinha palavras duríssimas para aqueles que "renegam a Deus por uma cabeça de alho". Promovia em praça pública a queima de livros impróprios. Elaborando o método taquigráfico, que permitia a um ajudante transcrever com facilidade e rapidez, fez registrar os seus sermões, que por este motivo chegaram até os dias de hoje.
O enorme esforço físico necessário para estas ininterruptas atividades, somado às constantes penitências, pouca alimentação e repouso, desgastaram a sua saúde, e ele veio a falecer em 20 de maio de 1444, no convento de Áquila, aos 64 anos.
São Bernardino de Sena é o patrono dos publicitários por causa dos meios empregados na evangelização – cartazes (com “IHS”), taquigrafia, fogueiras públicas, etc., que chamavam a atenção.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
As ações verdadeiramente santas são inevitavelmente precedidas por uma profunda formação espiritual na Verdade, e por isso as obras concretas de São Bernardino, que como discípulo de São Francisco sempre buscou ajudar os pobres, direcionam-se prioritariamente para a conversão das almas, pois de fato Iesus Hominibus Salvatoren est, e não é por exemplo o pão material ou reformas sociais que darão ao ser humano a felicidade, muito menos a infinita, após a morte. Por isso divulgou, por meios inéditos mas lícitos, o Evangelho, e não ideologia. Sua publicidade não foi voltada para o escândalo ou a mentira, mas para o que é justo diante de Deus. Que contraste, a sua iniciativa de queimar livros impuros, e a atual exaltação mediática e jurídica dos pecados da carne. O fogo do inferno não agirá sobre papel ou imagens, mas sobre as imagens impressas nas almas daqueles que fazem o papel de corruptores da castidade e da pureza. Para todos que trocam ninharias mundanas pela alegria da Comunhão infinita com Deus; os que "renegam a Deus por uma cabeça de alho". Fundamental é saber o que desejamos ingerir, interiorizar no espírito e no corpo, as “cebolas e alhos do Egito” (cf. Nm 11,5), ou a Sagrada Eucaristia. São Bernardino apropriadamente faleceu em Áquila, origem do Latim para “águia”, pois, como o símbolo utilizado em referência a São João Evangelista e a profundidade e acuidade do seu Evangelho, também ele soube voar alto na busca do Céu, tendo aguda visão da Terra e suas miudezas…
Oração:
Deus Pai, que não nos deixa órfãos, concedei-nos pela intercessão e exemplo de São Bernardino de Sena buscarmos desde já a companhia dos Vossos santos, aprendendo com eles a perfeição do espírito, para que também nossas boas ações possam ser registradas no Livro da Vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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