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João nasceu na região da Toscana, Itália, por volta do ano 470. Era do clero romano e foi eleito Papa em 523.
Teve apenas três anos de Pontificado, durante os quais estabeleceu o calendário cristão, que começa a contar os anos a partir do nascimento de Cristo e não da fundação de Roma; fixou a data da Páscoa; introduziu o cantochão na Liturgia, que evoluiria para o canto gregoriano.
Na época, o império romano estava dividido, governando Justiniano I, católico, no Oriente, e Teodorico, herético ariano, no Ocidente. Em 523, Justiniano promulgou um severo decreto contra os arianos orientais, obrigando-os à retratação e devolução, aos católicos, das igrejas e bens deles confiscados anteriormente, bem como os proibia de assumirem cargos civis e militares. Incluídas estavam regiões arianas no ocidente, o que desagradou a Teodorico.
Assim, este resolveu enviar uma delegação a Constantinopla em 524, para negociar a revogação do decreto. Dela participavam legados romanos e alguns bispos, mas João I foi obrigado pelo imperador a liderar o grupo: pretendia assim constranger Justiniano a ceder a uma intervenção do próprio Papa católico a seu favor, ao mesmo tempo que pressionava implicitamente João com represálias aos católicos romanos e ocidentais se não viajasse ou obtivesse a revogação que desejava.
Ao conceder liberdade de culto aos católicos, Teodorico impunha pesadas taxas ao clero e lhe retirara muitas das suas imunidades. João entendeu que era preciso usar de diplomacia e sabedoria para evitar perseguições ainda maiores à Igreja, e se dispôs a partir, sendo, depois de Pedro, o primeiro Papa a sair de Roma.
Justiniano, entendendo a honra de receber o Vigário de Cristo na Terra, empenhou-se em recebê-lo da melhor forma possível, pedindo inclusive que João o coroasse como imperador católico. Porém, discordou do Papa, que lhe sugeriu acatar o pedido de Teodorico, com base em que, mesmo reavendo aquelas igrejas no Ocidente, isto de nada adiantaria, uma vez que naqueles locais os arianos dominavam e não as frequentavam, e o decreto de Justiniano, embora bem-intencionado, não surtiria efeito, pois na prática se tratava de manter apenas uma aparência de poder; correto seria um plano de evangelização bem elaborado, que primeiramente levasse a conversões. Justiniano cedeu parcialmente, com certas concessões aos arianos, mas não o necessário para acalmar Teodorico.
De volta com estas notícias, João foi vítima da raiva do imperador, insatisfeito com as negociações e culpando-o por não conseguir o que queria. João foi muito maltratado e encarcerado em Ravena, sofrendo de fome e sede, e falecendo não longo tempo depois, em 18 de maio de 526. Sua morte foi considerada como martírio.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Os ímpios não medem esforços para constranger a Igreja, e Teodorico, ardilosamente, quis forçar o Papa a lhe ser útil. Porém os planos humanos nada são diante do poder de Deus, que aliás pode dar ao ser humano um paraíso, terrestre, e mesmo do seu pecado providenciar o Paraíso Celeste… não é dos ardis humanos que devemos ter medo, mas sim dos ardis do diabo, que procura nos fazer pecar. A fúria de Teodorico não impediu a santidade, e canonizada, de São João I, e nem os desmandos do século devem nos apavorar. A fidelidade a Deus é a garantia do católico, para que obtenha o prêmio que desde sempre o Senhor quer dar aos Seus filhos. Sábia e sempre atual foi, sim, a proposta de João a Justiniano: sem um programa bem elaborado de evangelização (que começa pelo exemplo que este mesmo Papa ofereceu), não se pode ou deve forçar as almas. “Ide e levai o Evangelho a todos os povos” (cf. Mc 16,15), de modo que a graça de Deus atue e muitos se convertam. Que a Santa Igreja, clero e leigos, atendamos à ordem de Jesus Ressuscitado, neste momento particularmente difícil da História, onde multidões não conhecem ou se afastam do Senhor.
Oração:
Senhor Deus, que com sabedoria ordenais os Vossos servos, de modo a que alcancem a verdadeira felicidade, concedei-nos por intercessão de São João I a prisão ao Vosso amor, a fome dos Vossos Mandamentos, e a sede dos Vossos Sacramentos, para que, desejando-as com sinceridade de coração, possamos ser saciados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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