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João Nepomuceno nasceu na Boêmia, atual República Tcheca, aos 28 de março de 1811. Seus pais deram aos seis filhos ótima educação cristã, e quatro deles entraram para a vida religiosa. Já aos 12 anos, estudante em Budweis, destacava-se pela aplicação em seguir seriamente a Deus. Nutria enorme veneração pelo sacerdócio, apesar de se considerar indigno dele; entrou no seminário de Budweis em 1831.
Autodidata e com grande facilidade para línguas, aprendeu Italiano, Francês, Alemão, Tcheco, Latim e Inglês. Mas, por haver excesso de presbíteros na diocese, o Bispo decidira adiar as ordenações por tempo indeterminado. João não desistiu, e afinal conseguiu uma carta de recomendação para o Bispo de Nova Iorque, viajando para lá em 1836. Logo foi ordenado na Catedral de São Patrício, em 25 de junho de 1836.
A diocese de Nova Iorque possuía então apenas 36 padres para mais de duzentos mil católicos. Iniciou imenso ministério sacerdotal, especialmente nas regiões de imigração alemã, nas quais enfrentou numerosas hostilidades de pessoas contrárias à Religião.
O fervor que conhecera na Congregação do Santíssimo Redentor de Rochester o levou a ingressar nesta Ordem religiosa em 1842. Seu desejo pessoal de santidade coincidia com a ideia do fundador, Santo Afonso Maria de Ligório, que recomendava recusar as vocações medíocres ou simplesmente duvidosas: “‘Poucos e santos’, dizia a seus missionários”.
Em breve foi nomeado superior dos redentoristas de Pittsburg. Acreditava que a obediência radical atraía a graça divina, como o observa o célebre Pe. Philipon, “a observância – absolutamente fiel – duma regra religiosa, aprovada pela sabedoria da Igreja, bastaria para encaminhar as almas aos cumes mais elevados da santidade. Daí dizer o Papa João XXII: ‘Dai-me um dominicano que observe fielmente sua regra e constituições e, mesmo sem milagres, eu o canonizarei’”. Como superior, foi assim exemplar, e não exigia de seus subalternos nada que ele próprio não estivesse pronto a praticar.
Em 1847 foi eleito pela Congregação como o superior dos redentoristas nos Estados Unidos. A congregação contava à época apenas com 30 membros. Mas durante os seus dois anos no cargo foram fundadas dez novas casas. Deixou a função com os padres redentoristas bem preparados para serem uma congregação autônoma, o que ocorreu em 1850.
Foi nomeado Bispo de Filadélfia em 1852, onde, como em todos os lugares por onde passara, demonstrou zelo exemplar. Sua diocese era muito grande e se desenvolvia com muita rapidez. Por isso decidiu introduzir no país a educação católica, organizando um sistema diocesano de escolas: é considerado o fundador das escolas católicas nos EUA. Aconselhado pelo próprio Papa, fundou o Instituto das Irmãs da Ordem Terceira de São Francisco para cuidar destas escolas. Construiu mais de 80 igrejas durante o seu bispado, e iniciou a catedral de São Pedro e São Paulo. Também estabeleceu inúmeras instituições religiosas e introduziu a devoção das Quarenta Horas de Adoração Eucarística.
Descobriu ainda tempo para escrever numerosos artigos em revistas e jornais católicos, publicou dois catecismos e uma História da Bíblia para estudantes; profundamente devoto de Nossa Senhora, recebeu um convite formal de Pio IX para estar presente na solene promulgação do dogma da Imaculada Conceição,
Pouco antes do Natal de 1859, conversando com um irmão leigo, perguntou-lhe se preferiria uma morte repentina ou falecer após longa doença, e a escolhida foi a segunda, “a fim de preparar-me melhor para a eternidade”; João ponderou: “Um cristão, sobretudo um religioso, deve estar sempre preparado para uma boa morte, e se ela vier de modo súbito, isso não deixará de ter suas vantagens: evitará para nós e para aqueles que nos assistem muitas tentações de impaciência e, além do mais, deixará muito menos tempo ao demônio para nos perturbar. Em qualquer caso, porém, a forma de morte que Deus nos envie será a melhor para nós”.
Em 5 de janeiro de 1860, apesar do mal-estar que sentia, saiu para tomar providências relativas a um assunto da diocese: de saúde frágil, sempre se manteve muito ativo. Subitamente, caiu na rua e logo faleceu.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
A imensa obra de São João Neumann, num país enorme e sem grande tradição católica, foi sedimentada em poucos, mas sólidos princípios: amor ao sacerdócio, seriedade na busca da santidade, devoção a Nossa Senhora, obediência exemplar às normas seguidas. Trata-se de uma questão de qualidade, não de quantidade – poucos e santos, no dizer de Santo Afonso Maria de Ligório. De fato, no primeiro ato formal da Igreja, apenas 11 Apóstolos (São Matias ainda não escolhido para ocupar o lugar de Judas Iscariotes), com a graça do Espírito Santo, conseguiram a conversão de 3.000 mil pessoas, em Pentecostes. Devemos nos preocupar seriamente com a nossa santidade pessoal, pois só assim poderemos servir bem a Deus.
Oração:
Senhor, por intercessão de São João Neumann, dai-nos a graça de perseverar ao longo de toda a vida na obediência a Vós e à Vossa Igreja, para que estejamos sempre preparados para o encontro definitivo que certamente teremos Convosco. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, obediente até a morte de Cruz, e Nossa Senhora, Escrava do Senhor. Amém.
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